Podemos até esquecer de vez em quando, entre uma dose e outra de quentão, mas a festa junina é uma celebração ancorada nas datas comemorativas de três santos católicos, Antônio, João e Pedro. É uma festividade que chegou com a colonização portuguesa e aqui ganhou elementos indígenas e africanos que lhe deram uma marca única, bastante ligada ao Brasil agrário.
Mas as festas juninas têm, também, raízes nada cristãs. Fogueiras, por exemplo, sinalizavam a chegada do solstício de verão no Hemisfério Norte, que acontece em junho e marca os ciclos das colheitas. A Igreja teria assimilado essas práticas e por isso determinou o 24 de junho como data de nascimento de São João Batista. Assim, essas antigas festividades passavam a ganhar contornos católicos. No Brasil, junho também é mês de solstício, mas de inverno, e é período da colheita do milho e do amendoim. Então, o elemento rural permaneceu no centro da celebração.
Para o folclorista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), as festas juninas são recriações de festividades europeias embebidas de um clima ritualístico com aspectos religiosos, míticos e folclóricos. A começar pela fogueira, um elemento típico pagão, mas que também teria uma raiz bíblica. Nisso, a biografia e os mitos em torno dos três santos deram o caldo necessário à mistura da festa. Confira a seguir.