Deixamos Corumbá tardeando. Empeixado e cor de chumbo, o Rio Paraguai flui entre árvores com sono..."
Nossa partida em direção à Serra do Amolar, em um dos primeiros roteiros de ecoturismo para esta região lindamente inóspita do Pantanal, bem poderia ser descrita assim, com a poesia do saudoso Manoel de Barros (1916-2014).
Em seu "Roteiro para uma excursão poética no Pantanal", do "Livro de Pré-Coisas" (1985), o poeta mato-grossense brinca com as palavras para descrever o cenário de aparente monotonia de sua terra natal. Para nosso grupo de nove viajantes, de Corumbá até a Serra do Amolar são cinco horas navegando em meio a céu, mata, vento e rio, como diria Manoel, "em lombo de água".
Ao fim da jornada rio acima, um Pantanal diferente nos dá as boas-vindas. Uma muralha montanhosa em forma de pedra de amolar se ergue por trás da vasta planície pantaneira. Estamos na terra de pescadores ribeirinhos onde basta caminhar ao alto da montanha para contemplar o raro horizonte do Pantanal visto das alturas.