Apesar de viver no Rio de Janeiro desde meados de 1970, Elba preserva com esmero seus laços com o Nordeste. E não apenas através do trabalho ou do sotaque que mantém mesmo depois de tantos anos fora da Paraíba, mas principalmente pelo paladar.

"Sou péssima na cozinha, mas cuscuz, tapioca e cartola sei fazer muito bem. Cartola é minha especialidade, meus filhos pedem sempre que me visitam", conta. Em sua casa, a sobremesa de bananas e queijo manteiga ou coalho fritos na manteiga e polvilhados com açúcar e canela costuma ser um lanche noturno.

Já o cuscuz e a tapioca, doces ou salgados, são bem-vindos a qualquer hora.

Na infância e adolescência, eu comia cuscuz todo santo dia. Com ovo mexido, requeijão, leite. A tapioca também pode ser recheada ou pura, só com manteiga. Quando bem servida, ela é uma refeição"

Vegetariana, ela já não mais consome muitos clássicos nordestinos, o que não a impede de exaltá-los. De frutos do mar, Elba recomenda a lagosta cearense, grelhada com manteiga da terra, e o bobó de camarão da Bahia. Para quem vai ao Maranhão, a dica é o arroz de cuxá, que também leva camarão no molho. Agora, se a preferência é por carnes, "o baião de dois e a carne de sol com macaxeira são top de linha."

Uma vez que muitos dos ingredientes dessas receitas não são encontrados facilmente em outras regiões — salvo aqueles vendidos nas Casas do Norte —, reproduzi-las nem sempre será tarefa simples. Os bolos pernambucanos, por exemplo, a cantora já avisa: não se encontram em nenhum outro lugar do mundo!

O mais popular de todos é o bolo de rolo (aprenda a fazer), cujo nome deriva da forma que a massa adquire após ser enrolada diversas vezes em finas camadas. Apesar da versão tradicional levar apenas goiabada, o doce ganhou uma variedade de sabores com o passar dos anos e pode ser comprado até mesmo nos aeroportos. Só não vale se deixar enganar pelas aparências e chamá-lo de rocambole! A comparação ofende os pernambucanos, para quem o bolo é patrimônio cultural e imaterial desde 2008.

E se, como Elba diz, "Pernambuco é festa atrás de festa e eita atrás de eita", em época de Carnaval isso só fica mais evidente. Somente no ano passado, a folia dividida entre Recife e Olinda atraiu mais de 2 milhões de pessoas, batendo recorde de público.

Apesar de tamanha imponência, a cantora afirma que as comemorações que se estendem por todos os cantos das cidades ainda preservam seu caráter de festa familiar.

É maravilhoso! Todos se fantasiam, saúdam seus blocos preferidos, cantam clássicos"

Filha de um músico pernambucano, de quem herdou a paixão que viria a se tornar carreira, ela própria participou de orquestras e aprendeu a tocar frevo na adolescência. Daí vem parte de sua admiração por uma tradição que dura até hoje.

"Onde tem Carnaval, tem orquestra. A música é de uma categoria incrível, enriquecedora. É muito bonito ver Recife num sábado de manhã, os clarins tocando e os blocos prontos para saírem nas ruas, saudando o Galo da Madrugada", relata.

Não dá para falar de Nordeste sem mencionar suas praias. Acostumada a viajar de carro pelo litoral, Elba conhece algumas orlas como a palma da mão e elencou as paradas que julga imperdíveis.

A lista começa pela Paraíba, na praia de Jacumã. Localizada em Conde, cidade próxima de João Pessoa, essa praia é considerada uma das mais belas de todo o estado, atraindo turistas com suas falésias e mar de águas calmas e esverdeadas.

A próxima parada é São Miguel do Gostoso (foto acima), no Rio Grande do Norte. Paradisíaco, o município possui quatro praias tranquilas, que podem ser percorridas de uma só vez em uma caminhada de pouco mais de uma hora.

Seu principal atrativo é a prática de kitesurf e windsurf, mas também é possível visitar as dunas petrificadas e piscinas naturais nas praias vizinhas de Tourinhos e de Perobas, respectivamente.

E onde estão os mares mais bonitos de todos? A resposta vem ligeira:

Noronha! Já viajei bastante, sei que os mares do Caribe são incríveis, mas nunca vi nada mais lindo que Fernando de Noronha. É puro deslumbre!"

Passado o verão, vêm as chuvas para abençoar as safras de milho e sinalizar a chegada do São João. Versátil, o grão é a estrela principal das mesas juninas. Qualquer festa típica que se preze precisa ter milho cozido e assado, pamonha, mungunzá e canjica (da amarelinha, conhecida em outras regiões como curau).

Também não pode faltar o forró. "Sem música, a festa perde metade do encanto. Tem que ter um Luiz Gonzaga na vitrola", declara a rainha do ritmo. Dos tradicionais festejos de rua, ela destaca os de Campina Grande e Caruaru. "Campina Grande no São João é diversão na certa. Se quiser celebrar de graça, vai pro Parque do Povo. Em Caruaru, das comidas aos shows, tudo também é fantástico."