Da Piracicaba natal, Henrique Fogaça pouco (ou nada) lembra. Morou lá só até os oito anos, mudando com a família para Ribeirão Preto, seu universo até os 21 anos. Foi lá que, ainda na adolescência, o chef "abraçou" o punk como filosofia de vida. Que mantém ate hoje.
"Sou mais paulistano que paulista, vivo aqui há 23 anos", brinca. Cidadão do mundo, 49 anos, Fogaça tem sua base na avenida Paulista, a curta caminhada do Sal Gastronomia, o primeiro restaurante.
Na Pauliceia, os caminhos pré-sucesso na cozinha foram tortuosos. Foi bancário, cursou (e largou) arquitetura, o mesmo com comércio exterior. Vendeu sanduba na Kombi, na rua e de porta em porta. Até ouvir o canto da sereia das panelas. Esse seu mise en place pessoal ilustra as páginas de "Um Chef Hardcore", o primeiro livro (2017). Título pra lá de apropriado.
Em 2014, o convite para integrar a bancada do "MasterChef" mudou toda uma perspectiva. Que ele parecia adivinhar: "Vamos ver o que aparece. Se for bacana, a gente vai pra cima", é sua frase-fetiche.
O grau de sua evidente vaidade — tantas tatuagens não mentem — "é aceitável", ele diz. "Percebo no dia a dia a diferença de estar bem comigo mesmo. Tenho amigos que desencanaram da vida, comem demais, bebem demais, não têm mais objetivos. Eu procuro manter minha jovialidade. Através do Oitão, do rock, do esporte, praticando muay thai. Cuido do corpo e da mente."