Explorar o tema "peixes amazônicos" é desaguar num mar de números, diversidade, sabores — e algumas confusões. A começar pela delimitação do habitat desse grupo. Parece lógico, por exemplo, afirmar que tais peixes vivem na Bacia Amazônica, mas seus domínios vão além de convenções geográficas. "Várias espécies também são encontradas em rios das bacias do Tocantins-Araguaia, do Paraguai e do Paraná", diz Jansen Zuanon, biólogo e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
E que tal convencer um morador de Belém que a pescada-amarela, espécie de água salgada, não faz parte da categoria? Para quem vive na foz do Amazonas, rio e mar não têm fronteiras óbvias. E há muita verdade nisso. Segundo Zuanon, no colossal encontro de águas, a salinidade do oceano pode ficar abaixo do padrão a até 200 quilômetros do estuário. "Em sentido oposto, não é raro encontrar espécies marinhas 300 quilômetros rio acima", explica o biólogo.
Tirando eventuais visitantes da conta, os cerca de 6 milhões de quilômetros quadrados da Bacia Amazônica, que incluem 20% do volume de água doce do planeta, abrigam quase 3 mil espécies de peixes catalogadas. "Mas o número total deve superar 4 mil", acredita Zuanon.