Marcas de guerra

25 anos depois, turismo na Bósnia não esconde as lembranças do conflito que arrasou Sarajevo

Eduardo Vessoni Colaboração para Nossa Eduardo Vessoni/UOL

'Merak' é uma antiga expressão turca que significa "desfrutar das coisas simples da vida".

E foi assim que a população da Bósnia, entre 1992 e 1995, tentou manter a normalidade durante os quase 4 anos do maior conflito bélico na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Enquanto sérvios e croatas disputavam poder, bósnios lutavam pela vida.

"'Merak' foi como uma palavra de resistência. Eles [os sérvios] cortaram luz, água, gás e remédios, mas nós resistimos. Tentamos viver normalmente durante a guerra", explica por telefone a bósnia Lejla Kapetanovic Rodrigues, que mora no Rio de Janeiro desde 2015.

Em Sarajevo, endereço do mais longo cerco a uma cidade na história das guerras modernas, as aulas para as crianças eram improvisadas em abrigos e a vida noturna, em bares subterrâneos; sessões de cinema eram garantidas por um gerador e teve até um concurso de beleza clandestino, o Miss Sarajevo, sob violentos ataques do lado de fora.

Até Bruce Dickinson se apresentaria em uma cidade isolada por inimigos, no show histórico de 1994. A ousadia do ex-vocalista da banda Iron Maiden lhe renderia, em 2019, o título de "cidadão honorário de Sarajevo".

Durante a guerra, Sarajevo tinha as melhores festas do mundo. As pessoas queriam viver ao máximo porque poderia não ter amanhã", diz Leila.

Para a guia de turismo bósnia Amela Memic, o aniversário de 25 anos do fim da guerra, celebrado no último dia 14 de dezembro, foi apenas mais um ano. "Sinceramente, acabo de saber disso. São coisas que a gente não se dá conta, a guerra já passou".

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Turismo na Bósnia

Fazer turismo na Bósnia não significa mais tirar selfies diante de tanques de guerra ou comprar lembrancinhas do tipo canetas feitas com projéteis. Não se trata apenas de testemunhar a história recente da Península Balcânica, mas visitar um dos destinos mais vibrantes e multifacetados da Europa Oriental.

Não podemos fugir da história, ela está lá. Mas vejo que as autoridades perceberam o potencial turístico da Bósnia, um país povoado há mais de 2 mil anos", analisa Lejla.

Assim como explica sua conterrânea Amela, que deixou o país aos 9 anos para embarcar com a família no primeiro voo fretado pela Liga dos Direitos Humanos da ONU: "muitos turistas só ficam sabendo da Bósnia quando visitam a Croácia. O país mudou muito e para melhor. A oferta turística é maior".

De acordo com a BHAS (sigla em inglês para Agência de Estatísticas da Bósnia e Herzegovina), o país recebeu em 2019 cerca de 1,6 milhão de turistas, um aumento de 12% com relação ao ano anterior.

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O número de brasileiros na Bósnia não chega a ser tão expressivo como o dos turistas dos vizinhos Croácia e Sérvia, mas tampouco é inexpressivo. No ano passado, o país recebeu 5.731 brasileiros, quase 45% mais que no ano anterior.

O turismo no país vai de roteiros relacionados à guerra a opções de turismo de aventura em Konjic; de experiências rurais no interior a turismo religioso em Medugorje, povoado que ficou famoso pelas supostas aparições da Virgem Maria, em 1981.

Uma das novidades de Sarajevo é o retorno do teleférico, que liga em 12 minutos a capital à montanha Trebevic, a 1.629 metros sobre o nível do mar. Reinaugurada em 2018, essa atração de 1959 foi totalmente destruída durante o Cerco de Sarajevo, em 1992.

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Meu querido ditador

Admirado e odiado em todo o mundo, o ex-presidente da Iugoslávia Josip Broz Tito é uma das figuras mais controversas da história da região.

Durante seu mandato, de 1953 a 1980, o marechal Tito e sua política de não-alinhamento com a ex-União Soviética resultaria não só na integração e pacificação da região, mas também seria acusado pela matança de bósnios e croatas contrários ao sistema comunista.

Exatos 40 anos depois de sua morte, Tito ainda é considerado um herói nacional (e até inspiração para o turismo).

Uma das atrações mais inusitadas é o Caffe Tito, um bar universitário de Sarajevo com decoração dedicada totalmente ao ditador, com metralhadoras emolduradas nas paredes, luminárias feitas de capacetes militares e uma infinidade de fotos e recortes de jornais.

"O local já não é um lugar da moda como há 10 anos, mas agora vamos com as crianças porque tem playground, área ao ar livre, tanques e veículos da Segunda Guerra Mundial para as crianças brincarem", descreve a bósnia Amela.

Na Bósnia dos tempos de paz, a 'iugonostalgia' (a saudade dos tempos de Iugoslávia) segue reverenciando Josip Broz Tito.

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O bunker de Tito

Mantido em segredo por cerca de 50 anos, o Ark (sigla em inglês para Comando de Guerra do Exército) é conhecido como o Bunker do Tito, construído em plena Guerra Fria, próximo à cidade de Konjic, para proteger o ditador de possíveis ataques.

Atualmente, essa construção que levou 26 anos para ficar pronta e nunca foi efetivamente usada, apesar de ter custado US$ 4,6 bilhões, funciona como galeria de arte e conta com visitas guiadas pelas instalações sisudas do complexo, como área residencial e salas de planejamento estratégico.

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Jerusalém da Europa

Ponto de encontro entre o Ocidente e o Oriente, devido às influências dos impérios Otomano e Austro-húngaro, Sarajevo é considerada a Jerusalém da Europa.

Nessa espécie de linha do tempo a céu aberto, a capital bósnia abriga a poucos metros de distância uma sinagoga de 1581 (Il Kal Grandi), duas mesquitas do período da presença turca na cidade (Gazi Husrev-beg e Bascarsija), e uma igreja católica do final do século 19, a Catedral do Sagrado Coração.

Para se ter uma ideia, a cidade tem mais de cem mesquitas, erguidas a partir do século 16 durante a presença do Império Otomano.

O mosaico multicultural é tão bem delimitado que, em uma das ruas do centro histórico, uma marca no chão indica a passagem do bairro otomano, conhecido pelo piso de pedras encaixadas e construções turcas, e o setor austro-húngaro, responsável pela ocidentalização da cidade, durante sua breve presença, de 1878 a 1918.

A efervescente Bascarsija ('mercado principal', na tradução do turco) é o antigo setor comercial de Sarajevo e principal endereço turístico da capital bósnia.

Esse setor construído no século 15, que um dia já foi o maior centro comercial dos Bálcãs, com cerca de 12 mil lojas, abriga construções históricas como sinagogas, mesquitas e ruelas com comércio de produtos turcos.

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É guerra ou pandemia?

Residente em uma área afastada do centro, a guia Amela Memic mal sentiu o efeito da pandemia em Sarajevo, que em abril adotou toque de recolher e proibiu crianças nas ruas.

"Essa é uma guerra muito diferente da anterior", compara.

No entanto, Amela ainda se espanta com a reação de alguns conhecidos bósnios que se queixam das restrições adotadas pelo governo no combate à pandemia.

Muitos dizem que sobreviveram à guerra e que agora não vai acontecer nada. Dizem que se a comida humanitária não os matou, um vírus não vai matá-los. Muitos não levam a sério porque sobreviveram a coisas piores"

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Caminho da Esperança

Privados de serviços básicos e cercados por tropas da Sérvia, durante a guerra, os bósnios construíram um túnel que começava em área urbana de Sarajevo, passava sob o aeroporto e findava em um local com saída para as montanhas, já em território livre.

Conhecida como "Túnel da Esperança", essa claustrofóbica construção feita durante o cerco à cidade tem cerca de 800 metros de extensão, 1,5 metro de altura e 1 metro de largura.

Atualmente, é um dos atrativos turísticos mais emocionantes e visitados, onde se percorrem 25 metros da construção original e se visita um pequeno museu dedicado à guerra. Desde 2010, o local é declarado Patrimônio Cultural de Sarajevo.

Durante a guerra, aquela era a via segura para transporte de comida, remédios e suprimentos como cabos de eletricidade para fornecimento de energia a hospitais. Por ali, teriam passado quase 9 mil toneladas de mercadorias para abastecer a cidade.

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O túnel, que ia de Dobrinja a Butmir, exigiu esforço desmedido da população envolvida em sua construção, sobretudo por conta das baixas temperaturas e a constante invasão de águas subterrâneas, que precisavam ser retiradas manualmente.

De acordo com a administração da atração, o ponto mais profundo do túnel era de 5 metros abaixo da pista do aeroporto, "o que causou grandes problemas com o lençol freático nessa área". O rápido derretimento da neve e as chuvas obrigavam os transeuntes a cruzarem a construção com água acima do joelho.

A comunicação entre os voluntários era feita por rádio e esses trabalhavam divididos em equipes que atuavam, simultaneamente, em cada uma das extremidades do túnel que avançava, em média, 6,32 metros por dia.

Quatro mil pessoas passavam, diariamente, pelo "Túnel da Esperança", uma travessia de cerca de duas horas. Entre 1º de agosto e 31 de dezembro de 1995, mais de 1,15 milhão de pessoas teriam cruzado o local.

Assim como lembra a administração do Aeroporto Internacional de Sarajevo, cerca de 800 pessoas foram mortas antes da construção do túnel, tentando atravessar a pista de pouso em busca desesperada por comida em territórios livres de Butmir e Hrasnica.

A obra improvisada, à luz de lamparina e sem uso de qualquer maquinário, teve início em janeiro de 1993, em pleno inverno europeu, e foi concluída em julho daquele mesmo ano. Divididas em três turnos, as escavações ocorriam 24 horas por dia.

"Um túnel que não é um túnel é um túnel que não existe"
Frase usada para descrever o maior segredo de Sarajevo, durante a guerra

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Um país de lembranças

A história da Bósnia é marcada não só pela esperança, mas também pela lembrança.

É praticamente impossível visitar a capital da Bósnia sem esbarrar em algum monumento ou instalação artística que lembre o último século naquelas terras balcânicas marcadas pela disputa de poder.

O mais antigo deles é a Vjecna Vatra (algo como 'Chama Eterna', em português), formada por uma espécie de vasilha de cobre em forma de coroa de folhas de louro que está acesa desde 1946 e só foi apagada durante a Guerra da Bósnia, por conta da falta de combustível.

Erguida pelo arquiteto Juraj Neidhardt em homenagem aos homens que libertaram Sarajevo das ocupações nazistas e fascistas durante a 2ª Guerra Mundial, a obra fica diante de frases escritas nas cores da bandeira da ex-Iugoslávia (azul, branco e vermelho).

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Mais recentes, mas não menos impactantes, as 'Rosas de Sarajevo' são manchas vermelhas no chão, feitas de resina colorida e espalhadas por toda a cidade, para marcar os cerca de 200 locais de bombardeios das forças inimigas contra civis, durante a Guerra da Bósnia.

E para manter acesa a lembrança das mais de 11 mil vidas perdidas durante o Cerco de Sarajevo, as marcas são retocadas, anualmente.

"São como um monumento, já fazem parte da cidade", define a guia Amela.

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Memorial dos Mártires

Um dos endereços mais emocionantes de Sarajevo é o Cemitério de Kovaci, onde repousam mais 1.400 soldados bósnios mortos durante a guerra.

Considerado o cemitério muçulmano mais antigo da cidade, o local fica nas encostas da montanha Trebevic, cujas ladeiras estão cobertas por lápides brancas que guardam os restos mortais de personagens como Alija Izetbegovic, primeiro presidente da Bósnia e Herzegovina, entre 1992 e 1996.

Em 2003, o funeral do "pai da nação" para os bósnios muçulmanos atraiu centenas de jornalistas de todo o mundo e cerca de 100 mil pessoas no Parlamento.

Arquivo pessoal

Uma bósnia no Brasil

Depoimento de Lejla Kapetanovic Rodrigues, 37, casada com um brasileiro e desde 2015 no Rio de Janeiro

Eu tinha 9 anos quando a guerra começou. A vida podia acabar em um segundo e existia sempre a possibilidade de não acordar vivo no dia seguinte

Eu morava em Grbavica, um dos bairros de Sarajevo mais estratégicos para a ocupação dos sérvios e controle de outros territórios.

Tivemos que deixar o nosso apartamento em apenas 10 minutos. Minha mãe pegou uma bolsa arrumada para ir para o abrigo e eu não tive nem tempo de me despedir de ninguém"

Saímos de Sarajevo em abril de 1992 no último trem para Mostar, capital da Herzegovina, com uma família vizinha. Lá, pegamos um táxi até a Croácia, onde minha família tinha um apartamento. Mas em setembro, a Bósnia entrou em conflito com a Croácia.

Enquanto todo mundo ia para o exterior, minha mãe decidiu ir para Travnik, na Bósnia Central. Ficamos dois anos lá, enquanto meu pai estava em Sarajevo, onde o clima era muito mais pesado do que no resto do país.

Quando não tinha bombardeio, dava até para brincar em frente de casa"

Voltamos para Sarajevo em maio de 1994 por conta da saudade e das pessoas que podiam nos ajudar na cidade, mas foi difícil não poder ir para casa porque nosso bairro só seria devolvido aos bósnios em 1996, no plano de reintegração do país. Vivíamos nas casas de primos ou amigos, foi muito difícil.

Um dia, meu pai disse 'se arrumem, a gente está voltando para o apartamento'. Eu estava com medo de voltar mas, por milagre, estava tudo lá, até a privada e os vidros das janelas. Fiquei tão feliz, mas tudo aquilo ficou pequeno.

Eu tinha 13 anos. Minha infância foi interrompida pela guerra"

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A Guerra da Bósnia

De 6 de abril de 1992 a 14 de dezembro de 1995

Marcada por crise econômica e divergências entre grupos étnicos, nos anos 80, a Iugoslávia assistia às independências da Eslovênia, Croácia e da Bósnia de maioria muçulmana, no início da década seguinte.

A intenção de uma 'Grande Sérvia', que pretendia unir os povos eslavos em uma só pátria, começava a ficar distante e, em 1992, sérvios extremistas da Bósnia, apoiados pela então capital da Iugoslávia, Belgrado, iniciaram uma limpeza étnica em nome da unidade nacional.

Em quase quatro anos de guerra, cerca de 100 mil pessoas foram mortas, das quais 80% eram bósnias. Dos 4,3 milhões de habitantes no pré-guerra, a ONU estima que 900 mil deles se tornariam refugiados em países vizinhos e da Europa Ocidental.

Muito bósnios ainda têm síndrome pós-traumático, por conta do estresse extremo vivido durante a guerra. Você estava passando pela rua e via cérebro humano explodir na sua frente. Tudo o que não era é normal, passou a ser", descreve Lejla Kapetanovic Rodrigues

Os conflitos só terminariam em novembro de 1995, após a assinatura do Tratado de Dayton que punha fim à 'Última Guerra', como os conflitos ficaram conhecidos. Ao final da guerra, cerca de 70% de Sarajevo estava destruída.

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Cerco de Sarajevo

"Todo mundo achou que a guerra ia acabar em 20 dias, não acreditávamos no que estava acontecendo", lembra Lejla.

Quando seu pai se despediu na estação de trem de Sarajevo com um esperançoso "a gente se vê em 15 dias", ninguém podia imaginar que só voltariam a se ver 2 anos depois.

Considerado o mais longo na história das guerras modernas, o Cerco de Sarajevo foi a estratégia usada pelo Exército Popular Iugoslavo para isolar a capital da Bósnia, estratégica para os invasores, devido a sua localização em um vale rodeado por montanhas.

Conquistá-la significava controlar toda a Bósnia e Herzegovina.

Sarajevo ficou cercada por um anel militar de 65 km de extensão que circundava as colinas da cidade, onde inimigos, covardemente, miravam a população bósnia desarmada.

Um dos momentos mais dramáticos do cerco foi o dia 2 de maio de 1992, quando diversos edifícios foram destruídos, entre eles os correios, deixando Sarajevo incomunicável. Diariamente, locais estratégicos como hospitais, escolas, museus e bibliotecas eram bombardeados, matando centenas de inocentes que aguardavam em filas de distribuição de água e alimentos.

Os enterros de civis bósnios só podiam ser realizados à noite, devido às ações dos franco-atiradores.

Sob controle sérvio, o aeroporto funcionava apenas com fins militares ou para voos esporádicos de ajuda humanitária. Durante a guerra, o local assistiria a quase 13 mil operações aéreas, cujas ações ficaram conhecidas como "a mais longa ponte aérea humanitária para abastecer uma cidade sitiada".

Com a reconstrução de edifícios e da torre de controle de tráfego, o aeroporto de Sarajevo só voltaria a operar voos civis em agosto de 1996 com partidas para Zagreb, na Croácia, e Istambul, na Turquia.

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Avenida mortal

Em 2012, a capital bósnia ainda tinha construções em ruínas e marcas de balas em edifícios, como o histórico Holiday Inn. Durante a guerra, esse hotel serviu de base para jornalistas de todo o mundo, devido a sua localização, a Zmaja od bosne, mais conhecida como a 'Avenida dos Franco-Atiradores'.

Principal ligação entre o centro histórico de Sarajevo e o aeroporto, essa larga avenida era um dos endereços mais mortais e servia de ponto estratégico para atiradores sérvios.

Na época, o correspondente de guerra da BBC, Martin Bell, descreveu assim o hotel:

Você não saía para a guerra, a guerra vinha até você"

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