A expectativa de ver como as sobrinhas e o cachorro haviam saído nas fotos foi substituída pela imensa decepção. O filme da câmera — aquele era o começo dos anos 1990 — tinha "velado". João Machado, que de fotografia não entendia nada - trabalhava como servente de pedreiro - fez cara de interrogação ao atendente do laboratório de revelação. "Ficou tudo preto", esclareceu o funcionário.
Talvez tenha sido obra do destino. Ao levar a máquina para consertar, saiu da oficina com o equipamento tinindo e uma amizade que lhe rendeu o emprego de assistente de fotografia em casamentos e batizados. Trocou as pás e baldes de cimentos por flashes e rebatedores. Virou vocação. Mas a verdadeira descoberta só veio numas férias em Xique-Xique, no sertão da Bahia.
Neste retorno à sua terra natal, descobriu que a fotografia havia invadido sua vida não por acaso, mas porque ele tinha uma missão: registrar suas origens. Mais do que isso, jogar luzes sobre uma região tão sofrida e esquecida, a despeito de sua beleza ímpar: o sertão.