"Moda é documento e registra a trajetória de um povo". A afirmação é de Hanayrá Negreiros, educadora e pesquisadora em moda e história cultural. "Roupa, sapato e acessórios são documentos de época. Daqui a alguns anos, o que a gente veste também será".
Então suave. As periferias da capital paulista não estão dormindo e a construção desse legado está a milhão. Origem, trajetória, estilo de vida. Todos esses pontos de partida influenciam a cultura de um determinado território. Nesse contexto, é possível afirmar que existe uma "moda periférica"?
A resposta vai além do sim ou não. Para Hanayrá, expressões generalistas podem impor limitações a criações e criadores. E aí azeda o molho. Como acontece em qualquer processo artístico, as subjetividades e experiências do seu entorno influenciam no trampo final. Nem por isso toda moda carrega uma definição estrita.
"A moda é uma potente maneira de se contar outras narrativas, antes sem espaço por conta do processo de racismo e elitismo que exclui pessoas periféricas. Moda da periferia é, portanto, moda feita por pessoas de periferia", afirma Hanayrá. "É contar uma história sobre esses lugares, é comunicar os anseios das pessoas que a vestem", explica.