A contadora de histórias Fernanda Reverdito, de 38 anos, é da época em que Bonito tinha ruas de cascalho, o turismo era informal, em fazendas de amigos, e não havia nenhum controle de acesso. "Tudo era o nosso quintal", lembra.
Desde a infância de Fernanda para cá, a cidade a pouco menos de 300 quilômetros de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, nunca mais foi a mesma. Virou referência para o setor turístico no Brasil e se tornou a capital nacional do ecoturismo, atraindo 200 mil visitantes por ano em tempos pré-pandêmicos.
Mergulhar em Bonito é como submergir em um imenso aquário de borda infinita, com águas mansas e visibilidade rara para um rio, podendo chegar a 13 metros de distância. A surpreendente transparência é favorecida pelas rochas calcárias, que funcionam como uma espécie de filtro natural ao serem dissolvidas pelas águas de pH ácido das chuvas.
Segundo o geólogo Giancarlo Lastoria, "mudanças de temperatura e do pH da água provocam a precipitação dos carbonatos dissolvidos, arrastando os sólidos em suspensão e propiciando a limpidez". Essas águas que se infiltram por vias subterrâneas retornam à superfície dando origem a nascentes e garantindo a perenidade dos rios da região.
São elas as estrelas de dezenas de atividades aquáticas na região. A mais impactante é o mergulho com cilindro na Lagoa Misteriosa, atividade que realizei e que foi, para mim, a prova definitiva de que o nome deste destino turístico não é exagero.