Uma mera volta num quarteirão de Tóquio poderia se tornar um passeio de um dia inteiro, uma vez me disse uma amiga que visitava a capital japonesa. Ela tem razão: há 16 anos no Japão, com 44 das 47 províncias (o equivalente aos estados brasileiros) percorridas e uma lista de experiências e imersões culturais na bagagem, ainda me pego fazendo descobertas, mesmo nas esquinas do bairro onde moro.
Já me conformei, de bom grado, com a ideia de que vou passar a vida inteira em Tóquio sem conhecer totalmente a cidade que me acolheu, quiçá o restante do Japão. Mas, como se diz em japonês, "shikata ga nai" — fazer o quê, né?
Pode-se dizer que sou um viajante profissional — visito, escrevo, registro, revisito e, às vezes, atuo como consultor de viagens e guia turístico. Penso em viagem como algo extremamente pessoal. Nada é "imperdível". O impacto que um lugar pode causar depende da sensibilidade de cada um. Eu, pessoalmente, acredito no poder da experiência e da descoberta. É isso o que tem me guiado perambulando por essas bandas.
Com o tempo, desenvolvi um estilo de viajar que passa longe da intenção de ticar todas as atrações de uma lista. Tudo isso é parte de uma lição que aprendi nesses anos aqui e que pode se resumir em um ditado: "ichig ichie", ou seja, cada encontro é único. Busco aplicar essa ideia nas minhas viagens em cinco passos.