Conhecidas por serem um paraíso para os mergulhadores, por causa do azul e da visibilidade quase infinita de seu mar, e também como esconderijo dos muito ricos que querem se isolar em seus resorts caríssimos, as Ilhas Maldivas são, para além dessas maravilhas, um país inóspito, com uma das capitais mais superlotadas do mundo, devastada pela pobreza e pela criminalidade.
As ilhas escolhidas também por celebridades, inclusive brasileiras, caso de Juliana Paes, Xuxa e Paulo Gustavo, que queriam "fugir da covid" (*), têm ainda um outro horror: é um ninho do Estado Islâmico.
As Maldivas são duas nações, dois mundos completamente diferentes. O real, composto pela capital Malé, onde quase toda a população mora — e de um jeito miserável —, e o de fantasia, que fica nas outras ilhas, onde estão localizados os resorts. E para onde os turistas vão.
Formada por 1.196 ilhas, das quais apenas 203 são habitadas, e localizadas perto do Sri Lanka e da Índia, as Maldivas são um país muçulmano. E, hoje, o país não-árabe com o maior número per capita de foreign fighters, os combatentes estrangeiros do ISIS.
A escritora e jornalista Francesca Borri lançou este ano no Brasil o livro "Que Paraíso é Esse?", em que destroça as ilusões etéreas que todos temos sobre as Maldivas. Por causa de trechos dele, foi ameaçada de morte diversas vezes. Inclusive de ser "esfolada viva", ela conta.
A seguir, uma entrevista a Nossa com a autora, trechos de seu livro e informações retiradas de estudos de organizações como ONU e The Asia Foundation detalham este lado desconhecido do paraíso.
(*) As Maldivas estão hoje no nível de risco máximo para covid-19, o quarto. Até o dia 15 dezembro, o país registrou 13.379 casos e 48 mortes.