OLHE PARA O CÉU

O Chile é um dos melhores lugares do mundo para o astroturismo, que leva os visitantes a fazer uma viagem astronômica sem ir ao espaço

Ver estrelas e até planetas a olho nu já é realidade em uma região pouco explorada por turistas brasileiros no norte do Chile. Estamos falando do Vale do Elqui, no estado de Coquimbo, que permite que os viajantes tenham acesso a um dos céus mais limpos do mundo.

O local foi nomeado como o "Primeiro Santuário Internacional de Céu Escuro do Mundo" pela International Dark Sky Association (IDA). Desde a década de 1960, o país se tornou referência em observações astronômicas a nível mundial.

Mas só foi nos anos 1990 que estudar as estrelas deixou de ser algo feito por cientistas e se tornou um atrativo aos visitantes. Foi então que o astroturismo começou a ganhar notoriedade.

O que favorece esse tipo de imersão são as mais de 300 noites secas por ano, além da baixa poluição. Quanto menor a quantidade de moléculas de água suspensas no ar e maior altitude, menor é a interferência da atmosfera e melhores as observações.

Um dos primeiros observatórios turísticos foi o Mamalluca, criado em 1998. Ele contava com um telescópio gigante de 12 polegadas para olhar as estrelas, a Lua e planetas como Saturno e Júpiter.Também era possível fazer uma "viagem cósmica" em uma aula de duas horas.

Mas são os observatórios naturais, que podem ficar no topo das montanhas, que ganham destaque entre os turistas. Neles, é possível ter uma experiência memorável e única.

Ao chegar no local, o viajante pode optar por apenas olhar as estrelas ou então vivenciar um jantar temático que inclui o drinque pisco sour ou um suco de tuna (que é extraído do cacto), sopa, prato principal e vinho. Tudo isso ao som de música típica chilena.

Na sequência, o turista faz observação das estrelas a olho nu e, depois, com um telescópio gigante. Dependendo da época do ano, é possível até avistar planetas.

No final, o turista pode ainda tirar uma foto para registrar a experiência. Por causa das técnicas profissionais, a foto sai nítida e é possível ver, facilmente, as estrelas no céu.

"Já havíamos estado em lugares onde a visibilidade do céu é privilegiada, mas o Vale do Elqui nos surpreendeu. A experiência fica ainda mais especial com o guia do astroturismo que nos explica mais sobre as constelações que vemos a olho nu e pelo telescópio, que permite ver os detalhes de todos os astros"


Manuela Denardin, influenciadora digital do @welove

Essa atração turística é oferecida o ano todo. No inverno, é preciso ir bem agasalhado, já que as temperaturas podem chegar perto de zero à noite.

A estação do ano também interfere no que o visitante verá. "No céu do verão terá mais planetas como Júpiter, Saturno e Marte. Já no inverno, podemos observar o centro da Via Láctea", diz Bárbara Tamblay, da agência Turismo Migrantes.

Embora o deserto do Atacama seja a região mais conhecida como o paraíso da astronomia no Chile, o Vale do Elqui sai na frente no quesito visibilidade do céu. Isso porque a condição geográfica permite uma melhor visão das estrelas e de planetas, já que não há "poluição" da areia do deserto ou de minérios transportados por caminhões.

Também há uma lei que regula e evita a contaminação lumínica do local. Dessa forma, é preciso garantir emissões de luz baixa, e também são proibidas as de cores brancas e led. As de cor laranja são permitidas, já que geram menos contaminação.

Além da experiência astronômica, o turista pode ainda desfrutar de esportes de aventura durante o dia, visitar vinícolas artesanais e ainda conhecer o Museu do Pisco, que é uma das bebidas mais tradicionais e antigas do Chile.

O Vale do Elqui também é conhecido por ser uma região mística e de bem-estar. Portanto, caso seja adepto do wellness, é possível experimentar spas, aulas de ioga, terapias alternativas e até outras atividades holísticas.

Reportagem: Priscila Carvalho, colaboração para Nossa, do Vale do Elqui, no Chile*
Edição: Eduardo Burckhardt
Design: Suellen Gomes Lima

*A repórter viajou a convite de Corporación de Turismo de Vicuña, Corfo y Sernatur