Eles vieram do outro lado do mundo, trazendo novos costumes, receitas desconhecidas e um idioma difícil de aprender. No entanto, seus pratos já nos são tão familiares que parecem ter nascido aqui — difícil encontrar um paulistano que, hoje em dia, considere o quibe, a esfiha, o tabule e o homus como comida estrangeira.
O processo migratório árabe para o Brasil, especialmente para São Paulo, foi um dos mais demorados — começou no fim do século 19, se estendeu pelo século 20 e continuou pelo 21.
Vindos de diversos países do Oriente Médio, sobretudo da Síria e do Líbano, os pioneiros acabaram entrando no Brasil como turcos, porque a maior parte dos antigos passaportes foi expedida da Turquia.
As semelhanças entre as cozinhas do Oriente Médio colaboraram para a confusão — o que o paulistano convencionou chamar de cozinha árabe envolve receitas sírias, libanesas, armênias, iranianas e turcas.
Como é de praxe, elas ainda foram sendo adaptadas ao nosso paladar e aos ingredientes mais comuns por aqui. A carne de cordeiro deu lugar à carne bovina, as combinações agridoces ficaram em segundo plano e alguns doces mais complexos foram simplificados.
O resultado é uma culinária que continua sendo árabe, mas que não deixa de ser paulistana da gema. Confira os campeões desta especialidade no Prêmio Nossa de Bares e Restaurantes.