Ainda no interior paulista, casou-se aos 19 anos com Mário Onofre, pai de suas três filhas: Tânia, Sandra e Nancy. Ele tinha uma oficina mecânica e, em algum momento, acabou perdendo tudo. Com as meninas a tiracolo, mudaram-se para a capital — na cidade pequena, Palmirinha seria mal vista se começasse a trabalhar.
Em São Paulo, ela encarou os mais diferentes tipos de serviço: trabalhou em fábrica, fez faxina, preparou café e limpou escritórios no centro da cidade, lavou carros, engraxou sapatos, entre outras atividades.
Ganhar dinheiro com comida não foi algo planejado, mas uma necessidade pontual: comprar uniforme escolar. Até então, as meninas frequentavam aulas em horários diferentes, alternando o uso do uniforme.
Em 1965, quando Palmirinha tinha cerca de 35 anos, duas filhas passaram e estudar no mesmo turno. Não havia uniforme para ambas. Depois de um mês, a escola exigiu que fosse providenciado outro blusão ou uma delas não poderia mais frequentar as aulas.
Palmirinha não pensou duas vezes: pediu dinheiro emprestado a uma amiga para comprar a roupa. No fim de semana seguinte, resolveu preparar sonhos para vender na vizinhança. "Peguei uma receita de pão doce que minha mãe fazia no sítio, que era nosso panetone, e transformei", lembra-se. Detalhe: ela não sabia preparar o creme de confeiteiro, então comprou um pudim semipronto para o recheio.
Fez 30 sonhos, colocou numa assadeira e saiu batendo de porta em porta na região da Vila Mariana, onde sempre morou. Vendeu tudo em 10 minutos, voltou para casa, fritou mais uma leva, que igualmente acabou logo. No dia seguinte, já conseguiu repor o valor emprestado, o que a animou a reforçar o orçamento com comida.
Começou a preparar salgadinhos nos fins de semana, que eram deixados para venda no salão da cabeleireira Hilda — que frequenta até hoje, diga-se. A amiga também anotava pedidos de novas encomendas.