Acha caro pagar mais de R$ 60 por um único sashimi? Pois não falta gente disposta a desembolsar essa quantia por uma fatia de 25 gramas de bluefin — especialmente se for da barriga, o corte que mais concentra gordura e parece derreter na boca.
Considerado o wagyu dos mares, no posto de peixe mais caro do mundo, o atum Thunnus thynnus tornou-se a estrela dos restaurantes japoneses de alto padrão. Trata-se de uma iguaria para se degustar crua, em pequenos bocados, nos balcões mais exclusivos — sashimis e sushis são servidos sozinhos ou, no máximo, em duplas. O preço de um par chega fácil aos três dígitos.
No Japão, onde ainda se pratica a pesca selvagem em alto mar, restaurantes estrelados arrematam peixes imensos em leilões milionários — um exemplar de 278 quilos foi vendido por 3,1 milhões de dólares, em 2019. De tão disputada mundo afora, a espécie quase sumiu do mapa décadas atrás, mas o surgimento de fazendas marinhas, entre os anos 1980 e 1990, a salvou da extinção.
Os bluefins que chegam aos restaurantes brasileiros vêm de uma dessas fazendas — a espanhola Balfegó, instalada no Mar Mediterrâneo, que atua sob vigilância severa da Comissão Internacional para Conservação dos Tunídeos do Atlântico (ICCAT).
A operação, conhecida como pesca de cerco, parece coreografada. Os peixes são abatidos por encomenda e, em apenas três dias, chegam frescos aos aeroportos de São Paulo e Rio de Janeiro. Conheça cada etapa do processo, do mar ao prato.