Aventura espacial

Ao som de hits dos anos 80, testamos a nova montanha-russa da Disney, inspirada na saga 'Guardiões da Galáxia'

Glau Gasparetto Colaboração para Nossa, de Orlando, Flórida

Você não precisa saber quem são Star-Lord (também chamado Peter Quill), Gamora, Drax, Groot e Rocket, nem ter vivido o auge do walkman ou a intensidade musical dos anos 1980 para sair vibrando da nova montanha-russa de Walt Disney World Resort, em Orlando.

A 'Guardians of the Galaxy: Cosmic Rewind', atração que será aberta ao público na próxima sexta-feira (27), no EPCOT, promete muito e entrega bem mais do que esperado — palavra de quem encarou a nova 'roller coaster' cinco vezes, durante apresentação para a imprensa internacional.

A seguir, conto como foi a experiência e o que você pode esperar ao visitar o parque nos Estados Unidos.

Lançamento reverso e giro de 360 graus

Como não sou de encarar todo tipo de montanha-russa — radicalismo demais não me apetece —, confesso ter ficado com certo receio diante do material de divulgação da atração inspirada em 'Guardiões da Galáxia'.

Só sabia que se tratava da primeira montanha-russa com lançamento reverso do resort e, também, a primeira Disney Omnicoaster — tradução: os veículos podem girar 360 graus. Pensava: "Como assim uma atração fica rodando e é lançada para trás?"

A única pista que aliviava minha ansiedade era o fato de ser considerada uma montanha-russa familiar, ou seja, permite que crianças com mais de 1,07 metro possam curtir a brincadeira. Além disso, vi que a trava de segurança é na altura da cintura, antecipando que não haveria loopings.

Da Terra para Xandar

Fui uma das primeiras jornalistas a encarar a atração, então não houve tempo para ouvir opiniões de colegas. Quer saber? Todo meu medo e o frio na barriga desapareceram já nos primeiros segundos na perseguição intergaláctica em que embarquei junto dos heróis de Xandar, o planeta na Andromeda Galaxy, casa de habitantes bem peculiares.

Os giros de até 360 graus não são nada bruscos. Ao contrário, são (quase) sutis e bem importantes para ficarmos cara a cara com as interações projetadas em grandes telas ao longo do trajeto, que é percorrido em cerca de 3 minutos.

O ápice de 'Guardians of the Galaxy: Cosmic Rewind' é justamente o tal lançamento reverso. É neste ponto, onde o visitante adentra o espaço em questão de segundos, que a atração revela outra de suas preciosidades. Em alto e bom som, a música toma conta da mais extensa montanha-russa fechada dos Estados Unidos — e uma das mais longas do mundo.

Embarque imediato

Dê o play e confira o que aconteceu comigo na primeira das cinco voltas que dei na montanha-russa

Mixtape de respeito

Quem assistiu aos dois primeiros filmes da franquia Marvel sabe como a música é elemento marcante da saga — Peter Quill, o "líder" do quinteto, é muito apegado ao walkman e à seleção musical que o faz lembrar de sua mãe.

A experiência sonora na atração é uma caixinha de surpresas, já que o áudio que embala a jornada só é conhecido depois de um tempinho. São seis clássicos pop dos anos 1970 e 1980, executados aleatoriamente, durante a viagem pelo cosmo, como a icônica "Conga", famosa na voz de Gloria Estefan, e "Everybody Wants to Rule the World", do Tears for Fears.

Dei sorte de ouvir quatro das alternativas e não sei dizer se "Conga" ou "September" (Earth, Wind & Fire), rendeu a melhor experiência sensorial. O certo é que cada uma, ao seu estilo, influencia o "mood" do percurso.

Pode até parecer uma característica irrelevante, mas quando o som "explode" ao ouvido, cadenciado com a luzes azuis que enchem a espécie de túnel onde o carrinho dá aquela brecadinha básica — e, na sequência, é "sugado" para trás, numa referência ao deslocamento no espaço e no tempo — a única reação possível é gritar, reflexo da adrenalina do momento.

Eleger as seis canções não foi tarefa fácil para o time de Disney Imagineers — como são chamados os "engenheiros criativos" da empresa. Eles se debruçaram numa série de testes virtuais e físicos, avaliando mais de 100 músicas, até chegarem às faixas que mais combinavam com o movimento da montanha-russa.

Além disso, o compositor Tyler Bates, responsável pelos filmes "Guardiões da Galáxia", criou mais de duas horas de músicas originais e exclusivas para compor a trilha sonora da atração.

Tela maior que estádio de futebol

A atração não se limita ao trecho percorrido pelos carrinhos giratórios. São quase 22 mil metros quadrados e só uma das telas da atração tem tamanho superior a um campo de futebol americano. Em volume, seria possível colocar quatro Spaceship Earths (o globo que é símbolo do EPCOT) dentro do edifício principal.

A grandiosidade do pavilhão, batizado de Wonders of Xandar (Maravilhas de Xandar), já começa a ser percebida no lado de fora. É onde fica a nave Starblaster com suas oito barbatanas pontudas, projetada em "tamanho real" (dentro da lógica do storytelling, é claro!), atiçando a curiosidade sobre o que há dentro da estrutura de concreto que não revela muito.

Embora tenha sido anunciada em 2018, 'Guardians of the Galaxy: Cosmic Rewind' vem sendo desenvolvida há seis anos. Os Disney Imagineers, inclusive, estiveram nos sets do terceiro filme da Marvel para acompanhar as gravações e produzir material para dar vida ao projeto.

Para se ter uma ideia, há 75 horas de conteúdo original, gravadas com o próprio elenco da trilogia (Chris Pratt, Zoë Sandaña, Dave Bautista, Bradley Cooper e Vin Diesel), exclusivamente para o lançamento de Disney.

Por dentro do enredo

A nova montanha-russa é considerada uma story coaster, ou seja, há toda uma história que entretém os visitantes, enquanto esperam a vez de "viajar" pelo cosmo.

Flutuando pelo cosmo

Para quem associa montanhas-russas a trilhos barulhentos e carrinhos sacolejantes, andar na 'Guardians of the Galaxy: Cosmic Rewind' é eliminar qualquer tipo de referência.

Apesar de intensa, a viagem também é leve — uma vez no espaço, a ideia é que se tenha a sensação de estar vagando pelo universo. Tudo, aliás, acontece no escuro e, dependendo do lugar que a pessoa ocupa para o 'ride', mal ela vê o caminho seguido.

Aliás, uma dica preciosa: tente ocupar um dos assentos do carrinho 9 para viver a melhor experiência do rolê. Graças às manobras em 360 graus, os penúltimos bancos passam a ser os primeiros no lançamento reverso.

Verdade seja dita, a montanha-russa pode render um pouquinho de enjoo em pessoas mais sensíveis, já que os carrinhos invertem rotas e mudam de posição, mas nada que não possa ser prevenido, mantendo-se o olho nas projeções que surgem à frente, escolhendo um lugar mais ao centro e não comendo muito antes de encarar a brincadeira.

* A jornalista viajou a Orlando a convite da Walt Disney World e Walt Disney World Brasil.

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