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Nos EUA, passeios aéreos conectam Las Vegas com Grand Canyon

Marcel Vincenti

Do UOL, em Las Vegas (EUA)*

25/09/2013 08h04

Deixar os paraísos artificiais de Las Vegas e, menos de uma hora depois, ver-se entre a natureza selvagem do Grand Canyon pode ser um choque paisagístico para muitas pessoas. Poucos lugares do mundo, afinal, são tão antagônicos como a “Cidade do Pecado” e o território sagrado dos índios hualapai.

Turistas cansados de luzes neon, baralhos, crupiês e roletas, porém, pagam caro para viver tal experiência. Em Vegas e arredores existem diversas empresas que realizam passeios de helicóptero e avião sobre os desertos dos estados de Nevada e Arizona, tirando o viajante do conforto de sua suíte no Caesars e levando-o até as margens áridas do rio Colorado.

As viagens aéreas até o Grand Canyon tendem a custar entre 400 e 600 dólares por pessoa, mas dão ao turista a chance de conhecer, de um ângulo privilegiado, alguns dos principais marcos do “wild west” americano.

Os trajetos que as empresas seguem são parecidos: a decolagem é feita de Vegas ou da cidade vizinha Boulder e, no percurso até o cânion, as aeronaves geralmente passam sobre o lago Mead, a represa Hoover e o Fortification Hill (este um vulcão extinto encravado no deserto).

  • Marcel Vincenti/UOL

    O rio Colorado é uma das principais visões dos passeios aéreos que visitam o Grand Canyon

Para o voo, o helicóptero é uma opção mais interessante e confortável que o avião. Neste tipo de veículo, o turista enxerga melhor as paisagens e interage mais com o piloto. Brian Monroe, um dos condutores dos helicópteros da empresa Maverick, por exemplo, leva seus clientes para voar ao som de Red Hot Chili Peppers e, através dos fones que todos devem usar a bordo, alterna as batidas funkeadas da banda californiana com explicações minuciosas sobre o deserto que se descortina sob os olhos dos passageiros.

Represa, rio e cânion

Monroe, de apenas 25 anos, conta que largou a faculdade para se tornar piloto: “precisava de um trabalho que me desse liberdade e chances de viajar. Preferi canalizar meus estudos para o aprendizado da arte de voar”. Ele também aprendeu a ser um competente guia turístico. Explica que o Mead, por exemplo, que aparece lá embaixo como um oásis verde-esmeralda no meio da paisagem ocre, e fica a 40 km de Las Vegas, é o maior lago artificial dos Estados Unidos.

Com 13 km³ de água e uma superfície de até 640 km², foi criado na década de 1930 a partir da construção da represa Hoover, que estancou parte do rio Colorado para levar água e energia aos desertos do sudoeste americano. Hoje, o local é considerado Área de Recreação Nacional, atraindo banhistas e abrigando uma fauna que inclui 345 espécies de animais.

Toda a estrutura da represa Hoover (uma das maiores obras de engenharia do mundo na época em que foi construída) também pode ser observada em detalhes, assim como parte do curso do rio Colorado, a torrente de água que corta uma extensa parte do território americano (mais de 2.300 km entre as Montanhas Rochosas e o Golfo da Califórnia) e conduz o helicóptero para dentro do Grand Canyon.

  • Arte/UOL

    Pontos de interesse turístico observados nos voos que decolam de Las Vegas

O voo chega ao destino 45 minutos depois de haver decolado e, quando feito pela empresa Maverick, penetra no cânion por mais de um quilômetro para pousar em um mirante que fica apenas 91 metros acima do rio Colorado.

O local, que compõe o setor oeste do Grand Canyon, faz parte de território indígena hualapai e, de lá, os turistas podem ver uma amostra da grandeza desse marco natural dos Estados Unidos: formado por um processo de erosão ocorrido há milhões de anos, o Grand Canyon tem 446 km de extensão e chega a alcançar 29 km de largura e 1,6 km de profundidade.

Champanhe é servida aos presentes, que, cercados por cactos, areia e paredões íngremes, podem caminhar pela área durante meia hora. No retorno, após cruzar o deserto em sentido inverso, o voo reserva mais uma grande surpresa: o helicóptero passa sobre a principal avenida de Las Vegas, permitindo que os passageiros admirem do alto os grandes hotéis e casas de shows locais. Na cidade que é uma das mecas do entretenimento mundial, nenhum espetáculo pode deixar de ter um "grand finale".  

  • Marcel Vincenti/UOL

    Turistas podem observar Las Vegas do alto depois de visitar o Grand Canyon de helicóptero

Outros voos

Muitos turistas gostam de fazer esse passeio de avião (entre os modelos utilizados estão o Beechcraft 1900D, com 18 assentos, e o Cessna Grand Caravan 20, com até 14 assentos). A viagem, porém, tende a ser mais turbulenta e apertada. Vale lembrar que os aviões também não conseguem ir fundo dentro do cânion, como os helicópteros fazem (que é o momento mais interessante da jornada). 

E há diversos outros tipos de voos feitos pelas empresas que operam em Las Vegas. Com a Maverick, por exemplo, os preços variam entre US$ 119 (para um passeio noturno de 15 minutos de helicóptero sobre Las Vegas) e US$ 644, em um tour que inclui visitas a diversas áreas do Gran Canyon, como os setores sul e oeste e o Gran Canyon Skywalk (a passarela de vidro em forma de ferradura suspensa 1.200 metros acima do rio Colorado). A empresa Papillon, por sua vez, faz tours a partir de US$ 300.

Empresas que fazem passeios aéreos desde Las Vegas:

Maverick: www.maverickhelicopter.com

Papillon: http://pt.papillon.com

Sundance: www.sundancehelicopters.com

Heli USA: www.heliusa.com

Grand Canyon Airlines: www.grandcanyonairlines.com

*O repórter Marcel Vincenti viajou aos Estados Unidos a convite do Las Vegas Convention & Visitors Authority