Chapada dos Guimarães oferece encontro com cavernas e cachoeiras do cerrado
Dizem os estudiosos que a Chapada dos Guimarães (MT) um dia já foi mar, já foi deserto, depois virou floresta e até habitat de dinossauros. Tudo isso há centenas de milhões de anos, segundo a história contada pelos fósseis e pela formação geológica encontrados ali. Hoje, a região faz parte de um Parque Nacional de mesmo nome, que preserva uma formação de chapadões e Cerrado cheia de cachoeiras, corredeiras e cavernas que fazem a diversão de quem gosta de contato com a natureza.
O cenário é de uma beleza intrigante. Os topos dos chapadões são tomados pelo verde da mata. E nos vales correm cursos d’água que cortam um vasto areal onde se ergue uma vegetação rasteira e de arbustos. Trilhas levam a locais belos e raros. Pelo caminho, pedras avermelhadas de todas as formas e tamanhos se sobrepõem formando desenhos, totens, pontes e esculturas tão improváveis, que por vezes parecem terem sido colocados ali propositalmente.
Não é possível conhecer as principais atrações da Chapada dos Guimarães em apenas um dia. Para visitar a Cachoeira Véu de Noiva, o Mirante do Centro Geodésico, o Circuito das Cachoeiras, as cavernas Casa de Pedra, Aroe Jari e Kiogo Brado, a Lagoa Azul e alcançar o topo do Morro São Jerônimo, são necessários pelo menos três dias inteiros dedicados a isso.
Símbolo da região, a cachoeira Véu de Noiva, com sua queda de 86 metros, se forma dentro de uma larga garganta esculpida pelas águas entre os chapadões. Ela pode ser vista de um mirante próximo da entrada do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, cujo acesso é por uma trilha curta e fácil. É, portanto, um passeio que pode ser feito combinando com outros de duração maior. Chegar até seu lago e conhecer sua queda de perto, no entanto, está proibido. Recentes deslizamentos dos frágeis paredões que cercam a cachoeira provocaram acidentes graves e, por consequência, sua interdição.
Ainda dentro do parque, o Circuito das Cachoeiras é outro atrativo muito visitado. O percurso que leva em torno de cinco horas para ser vencido inclui a visita a sete quedas d’água, entre elas, a das Andorinhas, uma das mais convidativas para banho. A temperatura das águas na Chapada dos Guimarães é ideal para refrescar o calor forte da região, relaxar e tomar fôlego para prosseguir a caminhada. Anteriormente, a trilha passava por cima da cachoeira Véu de Noiva, mas a fragilidade dos paredões torna o caminho inseguro e hoje é necessário dar uma volta maior no terreno.
Ponte de pedra é uma das formações rochosas que embelezam a Chapada dos Guimarães
A trilha, na maior parte do tempo plana, é de nível fácil, mas exige resistência física do turista para suportar uma caminhada longa debaixo do sol escaldante. No caminho, visitam-se formações curiosas como a Casa de Pedra, uma pequena caverna de arenito esculpida pelo córrego Sete de Setembro, um dos formadores das cachoeiras.
Para os turistas que curtem aventura e trilhas mais pesadas, o desafio da Chapada é chegar ao topo do Morro São Jerônimo, também dentro do Parque Nacional. A trilha de 16 km tem trechos íngremes que são vencidos na base da "escalaminhada". Lá, se tem uma visão total da região.
Cenário muda conforme a época do ano
Fora do parque, outro circuito que reúne cartões postais da Chapada dos Guimarães é o que passa pelas cavernas Aroe Jari, Kiogo Brado e pela Lagoa Azul. Essas atrações ficam na Fazenda Água Fria, uma propriedade particular. É preciso pagar para acessá-las e a trilha só é feita com guias. O valor costuma incluir um almoço caipira.
Conforme a época do ano, o cenário muda. Na seca, entre setembro e novembro, é possível acessar o salão dourado da caverna Aroe Jari, onde se vê paredes com pedras brilhantes. Na cheia, entre março e julho, a Lagoa Azul fica ainda mais iluminada e transparente. Já os gigantes paredões ondulados da caverna Kiogo Brado podem ser apreciados com toda a sua beleza o ano inteiro. Aqui, a beleza rara está na delicada formação das paredes que parecem aeradas, como os corais do fundo do mar. Casquinhas frágeis de areia -que não podem ser tocadas- decoram o lugar.
No caminho, as formações rochosas e os desenhos das pedras, que se equilibram curiosamente umas sobre as outras, aguçam a imaginação de quem observa a natureza atentamente. É um índio? Um jacaré? Uma tartaruga gigante? Vai da criatividade de cada um a interpretação dos desenhos. O percurso é longo -- costuma levar manhã e tarde -- e rico de imagens. Ao final, um banho refrescante na cachoeira do Alméscar fecha o circuito com chave de ouro.
Outra parada interessante na Chapada é no Mirante do Centro Geodésico, onde seria o ponto central da América do Sul. A localização oficial demarcada por Marechal Rondon, no entanto, aponta para a Praça Pascoal Moreira Cabral, em Cuiabá. Polêmicas à parte, o lugar merece ser visitado. A visão é de um extenso mar de morros e da planície pantaneira, com um belo por do sol.
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