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Com jacarés aos montes, safári fotográfico no Pantanal é imperdível

Renata Gama

Do UOL, no Pantanal

27/09/2013 19h06

O Pantanal, com seus 150 mil km² de área, é uma das maiores planícies alagadas do planeta, rica em espécies raras da fauna e flora brasileira. Quem chega ao destino quer contato intenso com a natureza. Pescar em seus imensos rios, cavalgar pelas fazendas, observar animais silvestres e realizar safáris fotográficos estão entre os principais programas dos turistas que vêm ao Pantanal. Em 2014, sua porção norte, localizada no estado do Mato Grosso, estará em evidência, quando quatro jogos da Copa do Mundo serão disputados na capital, Cuiabá.

Quem se programa para assistir ao mundial e ao mesmo tempo conhecer as belezas naturais da região deve ter em vista que a poucos quilômetros de Cuiabá se abrem duas porteiras para chegar ao Pantanal: Barão do Melgaço (103 km) e Poconé (108 km), cada uma com um perfil diferente de turismo.

Barão recebe os visitantes em busca da pesca. Aqui a hospedagem é em pousadas na beira do rio, cujo acesso principal é de barco. Já Poconé é mais voltada aos que curtem ecoturismo, com opções de pousadas inseridas nas áreas pantanosas e fazendas ao longo da rodovia Transpantaneira. A maioria oferece passeios como trilhas e cavalgadas, bem como refeições, a quem não é hóspede. Percorrendo o dobro da distância, os pescadores também encontram na cidade de Cáceres (221 km) outra porta de entrada.

Turista da Copa chega no período da seca

O cenário pantaneiro muda conforme o ciclo das águas. Os visitantes que passarem por aqui durante a Copa, em junho, chegarão no período de seca (de junho a outubro).  É o melhor momento para observar os animais mamíferos que, com a redução da área alagada, conseguem circular com mais liberdade pela mata. Capivaras, macacos, veados, antas e tamanduás estão entre os mais facilmente vistos. Este é o período também para -- com muita sorte -- se observar a onça pintada.

Já os jacarés aparecem por toda a parte. Nas beiras dos rios e das lagoas, eles se concentram aos montes. Os pássaros também aproveitam o período em que as águas ficam represadas em lagoas para se alimentar dos peixes. E os tuiuiús -- aves símbolo do Pantanal -- estão em período de reprodução, com seus ninhos gigantes, cheios de ovos, nos topos das árvores.

  • Bruno Oliveira/UOL

    À beira da rodovia Transpantaneira são encontradas várias espécies de aves, como o gavião

A pesca também é favorecida no período. Pintado, pacu, dourado e piraputanga são abundantes. A partir de novembro até fevereiro, no entanto, a atividade cessa. É o período de reprodução dos peixes, a piracema, quando é proibido pescar.

Rio Cuiabá é melódico no amanhecer e perfumado no anoitecer

Navegar pelos rios do Pantanal é a forma clássica de conhecer as belezas naturais do bioma. Em cada momento do dia, a experiência é diferente. O alvorecer é “melódico”, com a música natural do despertar dos pássaros e o som gutural dos macacos bugios. O cenário é de um céu que muda de cor rapidamente, podendo adquirir tonalidades que vão do roxo ao vermelho conforme o sol nasce.

No por do sol, as tonalidades do céu ficam douradas, os jacarés emergem das águas e as capivaras circulam pela beira do rio, enquanto a mata exala um ar quente e úmido, com uma mistura de perfumes que acompanha todo o trajeto do barco. À noite, a temperatura cai. É hora de observar os animais de hábitos noturnos. Cada brilho no escuro que a lanterna flagra significa que ali existem olhos atentos de bichos na mata.

Outras formas de conhecer as belezas pantaneiras são por terra. Durante a seca, é possível caminhar por cima do pântano nas trilhas construídas em palafitas. Algumas pousadas e hotéis construíram caminhos que percorrem quilômetros dentro das áreas alagadas, com paradas em mirantes, alguns com altura de cerca de 30 metros, que proporcionam uma visão ampla e privilegiada da vida na natureza da planície. É uma boa chance para avistar animais mais difíceis.

Já as cavalgadas pelas fazendas ampliam o contato com a natureza e levam a locais onde a pé não se chega. Conforme o percurso e a duração do passeio, a aventura pode aumentar, passando por trechos alagados e acampando na beira do rio.