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"Veneza mexicana", Xochimilco tem gôndolas, mariachis e cerveja apimentada

Marcel Vincenti

Do UOL, na Cidade do México*

30/10/2013 08h00

Uma das metrópoles mais populosas do mundo, a Cidade do México é território de paisagens improváveis: são edifícios católicos construídos sobre templos astecas, tequilerias funcionando no meio de um bairro chinês, museus da revolução abertos em antigos prédios do governo e até igrejas em que se venera a figura da morte.

Poucos cenários são mais surpreendentes na cidade, porém, do que o distrito de Xochimilco, localizado a 20 km do centro da capital. O local, habitado por indígenas antes da chegada dos espanhóis à região, é cortado por 190 km de canais e cercado por "chinampas", férteis terras flutuantes que alimentaram a civilização asteca e que hoje servem principalmente para o cultivo de flores e plantas carnívoras.

Sobre as águas dos canais navegam milhares de coloridas "trajineras", a resposta mexicana para as gôndolas de Veneza. Com capacidade para carregar até 20 pessoas, as embarcações são um dos passeios mais populares entre habitantes e visitantes da cidade, que se aglomeram nos barcos para cantar, beber e até comemorar casamentos (noivo e noiva sempre vestidos à caráter, lógico).

Preços em Xochimilco (valores aproximados)

  • Hora na trajinera

    350 pesos (R$ 60)

     

  • Copo de michelada

    50 pesos (R$ 9)

     

  • Música de mariachis

    100 pesos (R$ 17)

     

  • Sombrero mexicano

    250 pesos (R$ 43)

     

    O trânsito nos canais de Xochimilco é intenso: há cerca de 3.900 "trajineras" operando (e interagindo) na área. Os barcos se cruzam a todo o momento e servem de ponte para grupos de mariachis (bem mais divertidos que os "gondolieri", por sinal) ganharem um trocado.

    Munidos com seus trompetes, violões, contrabaixos e sombreros, os músicos pulam de uma embarcação para outra assim que o passageiro demonstra interesse em seus dons artísticos. Eles cobram cerca de 100 pesos mexicanos (cerca de R$ 17) por música, mas o espetáculo, embalado pelas potentes vozes dos cantores, vale muito a pena.

    Flores, milho e cerveja

    No idioma nahuátl, falado pelos astecas, Xochimilco pode ser traduzido como “lugar onde as flores crescem”, e, ao redor de seus canais, não há nem sinal dos enormes edifícios que dominam o cenário da capital mexicana. O que se destaca, sim, é uma paisagem recheada de árvores e pontuada por espaçosas estufas, onde o turista pode comprar lindas flores. 

    Comprar, aliás, é algo que pode ser feito de maneira interminável no local. A todo momento barqueiros se aproximam das "trajineras" para tentar vender uma colorida miríade de produtos ao turista: em oferta, há artesanatos de prata, sombreros, ponchos e tapeçarias. Na área etílica e gastronômica, os destaques são a "michelada" (a imperdível receita que mistura cerveja, suco de limão, molho inglês, molho de pimenta, chilli em pó e sal) e espigas de milho temperadas com chilli.

    Por sua história e paisagens, Xochimilco é considerado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. E o lugar é também cercado de lendas: em umas das áreas dos canais está a "Isla de las Muñecas" (Ilha das Bonecas), onde o visitante pode observar diversas bonecas (algumas com aspecto um tanto tenebroso) penduradas em galhos de árvores. A instalação foi feita por um antigo morador de Xochimilco e é um memorial a um menina que teria se afogado em um dos canais das redondezas.

    Para desfrutar de todos os atrativos de Xochimilco, tente alugar uma "trajinera" por pelo menos três horas.

    Museu e mercado

    Há diversos locais que valem uma visita nos arredores de Xochimilco. Um deles é o Museu Dolores Olmedo Patiño, que ocupa uma linda "hacienda" do século 17 a cerca de 3 km do complexo de canais. O museu exibe mais de 140 obras de Diego Rivera, um dos mais importantes pintores da história do México. Frida Kahlo, que foi mulher de Rivera, também tem pinturas expostas no local. Não deixe de admirar, nos jardins do museu, a matilha de "xoloitzcuintles", a raça de cachorro sem pelo (e, para alguns, muito feiosa) que era criada pelos astecas. Também é recomendável ir à Paróquia de San Bernardino de Siena, do século 16, e ao Mercado de Xochimilco, cheio de comidas e produtos mexicanos (é lá onde você poderá comprar sua miniatura do Chapolim Colorado).

    SERVIÇO

    Como chegar: Do centro da Cidade do México, um táxi até Xochimilco custa entre 200 e 250 pesos mexicanos (entre R$ 35 e R$ 45). Há também um trem que vai até perto de Xochimilco por seis pesos mexicanos (cerca de R$ 1). Para pegá-lo, o turista que está na capital mexicana deve ir a estação de metrô Tasqueña, no final da Linha 2, e lá subir no “Trem Ligeiro”, seguindo também até sua última estação, que fica perto de alguns pontos de embarque das "trajineras".

    Pontos de embarque: Há nove pontos de embarque de "trajineras" espalhados por Xochimilco. O melhor deles é a estação Nativitas, que oferece grande oferta de embarcações, uma enorme quantidade de tendas de artesanatos e infraestrutura com restaurante e banheiro. Na teoria, o preço das embarcações é tabelado: 350 pesos mexicanos por hora (valor vigente na época em que o UOL visitou a região).

    *O jornalista Marcel Vincenti viajou ao México a convite da Secretaria de Turismo da Cidade do Mexico, do Conselho de Promoção Turistica do Mexico e da companhia aérea Aeromexico.