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Com novos museus, Cleveland diversifica seus passeios culturais

Ceil Miller Bouchet

New York Times Syndicate

23/11/2013 10h25

"Se construir, eles virão"; esse parece ser o mantra de University Circle, um bairro de Cleveland que vive um renascimento cultural. O fenômeno é decorrência das reformas nas galerias e no átrio estonteante do Museu de Arte de Cleveland, mas também inclui a nova sede do Museu de Arte Contemporânea.

E a expansão não para por aí: em junho, o Instituto de Arte foi inaugurado em 7.340 metros quadrados do George Gund Building e abrigará a Cinemateca, para exibição de filmes de arte, galerias e salas de aula.

O University Circle, um dos poucos bairros da cidade cuja população e número de empregos vêm crescendo nos últimos tempos, há muito abriga várias de suas preciosidades culturais; na verdade, o planejamento foi mesmo desenvolver a área da região leste, em meados do século XIX, como contraponto ao centro comercial que também desabrochava; assim, vários terrenos foram reservados para instituições que acabaram se fundindo e criando a Case Western Reserve University.

  • Frank Lanza/Cleveland Museum of Art

    Na primeira sexta-feira de cada mês, o Museu de Arte de Cleveland sedia o "Mix at CMA"

Na década de 80, as mansões decadentes da Era Dourada foram substituídas pela Clínica Cleveland, o famoso complexo hospitalar que ocupa dez quadras ao longo da Euclid Avenue. Instituições importantes como o Museu de Arte, o Jardim Botânico e Severance Hall, que abriga a orquestra da cidade, permanecem no parque Wade Oval.

No ano passado, estive no Museu de Arte (11150 East Boulevard; 216-421-7350; clevelandart.org) durante o inverno e, apesar disso, o átrio estava lotado. A imensa estrutura de vidro e aço, inaugurada em outubro de 2012, une os dois prédios -- um neoclássico e o outro, moderno -- criando assim um gigantesco espaço público fechado, um tipo de praça de cidade pequena em nome da arte.

Mais de meio milhão de pessoas passaram por ali no último ano. Naquela noite, tinha reunido uma multidão eclética de fãs da arte, muitos talvez atraídos pelo benefício da entrada gratuita.

"Cara, que demais", ouvi uma moça dizer ao rapaz que a acompanhava perto de um Caravaggio enquanto passava os olhos pela galeria barroca bem iluminada que já foi jardim de inverno. Uma mulher e seu filhinho saíram da sala onde fica a instalação temporária de Martin Creed, "Work no. 956: half the air in a given space", depois de rodarem a galeria lotada com mais de 20 mil balões de hélio roxos.

Elizabeth Denton Spencer, organizadora de eventos que saiu de Boston para morar em Cleveland resume bem o lugar: "Eu achava que o museu era um tipo de mini Metropolitan, mas agora vejo que a reforma lhe deu uma identidade própria".

Foco na cultura

O mesmo pode ser dito sobre o novo -- e estiloso -- restaurante e lounge que também fica no átrio, o Provenance (216-707-2600). Douglas Katz, um dos chefs mais respeitados da região, vai buscar inspiração para o seu cardápio regional nos objetos de arte e mostras do museu. As opções peruanas, por exemplo, acompanharam uma exibição de tecidos dos Andes.

O espaço também esquenta na primeira sexta-feira de cada mês graças ao programa criado para os jovens chamado Mix no CMA. A edição de agosto, chamada "Caliente", terá música latina e dance. Segundo a gerente de comunicação, Caroline Guscott, o evento chega a atrair mas de mil fãs de arte, vinho e diversão.

O bairro de Uptown, que incluía um trecho decadente da Euclid Avenue, também ganhou cara nova. Sua principal atração, o Museu de Arte Contemporânea (11400 Euclid Avenue; 216-421-8671; mocacleveland.org), reabriu em outubro passado para se tornar uma visão surpreendente no encontro da Euclid com a Mayfield Road. Erguendo-se na movimentada esquina como uma joia de aço e vidro, ele reflete a paisagem urbana e as mudanças do céu. Primeiro trabalho nos EUA da arquiteta iraniana que trabalha em Londres, Farshid Moussavi, o prédio tem quatro andares de galerias ancoradas por uma escadaria central monumental.

Nas noites de verão, os clientes dos novos bares e restaurantes entre o Museu de Arte Contemporânea e o Instituto de Arte, que em breve será expandido, se espalham pelas calçadas até a Toby's Plaza, inaugurada no ano passado e batizada em homenagem a Toby Lewis, um filantropo local.

Com todo esse desenvolvimento cultural, a mensagem que se lê na camiseta à venda no Coffee House, no campus da Case Wester, já não parece mais tão irreal. Nela está escrito: "Cleveland é a minha Paris".