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Museu de sapos e bar inspirado em "Alien" são atrações inusitadas da Suíça

Eduardo Vessoni

Do UOL, na Suíça*

16/12/2013 08h00

Os cenários mais conhecidos da Suíça são quase sempre os mesmos. Trens que riscam trilhos entre montanhas de picos nevados, vaquinhas com pose de embalagem de chocolate em pastos esverdeados aos pés dos Alpes e povoados medievais diante de lagos de tons azulados que seguem a vida no ritmo de séculos passados.

Mas viajantes em busca de novidades em terras helvéticas podem ser surpreendidos com experiências que vão além das velhas imagens de um país que tem se esforçado em se apresentar para o mundo além de clássicos como queijos, chocolates e canivetes.

Museu com sapos empalhados em cenas cotidianas, city tour em forma de golfe, uma loja de bolsas instalada no interior de contêineres e até um bar inspirado no mundo alienígena do Alien são algumas das curiosidades que o UOL Viagem encontrou em sua última viagem à Suíça.

Localizado no povoado medieval de Estavayer-le-Lac, o Museu dos Sapos é, sem dúvida, um dos espaços de exposição mais curiosos da região. O local abriga 108 sapos empalhados que, desde 1848, estão em posições que satirizam o cotidiano humano.

As figuras criadas pelo ex-oficial da guarda liderada por Napoleão, François Perrier, foram feitas com animais reais encontrados na Suíça e no norte da Itália que, após um processo de embalsamento aprendido no Vaticano, foram preenchidos com areia e fios de metal em seu interior para que ficassem na posição atual.

Nesta coleção surreal é possível encontrar sapos jogando baralho, fazendo a barba e escrevendo cartas com canetas de pena. Embora pequeno e com um confuso acervo histórico de armas bélicas e objetos domésticos do século 17, o museu vale pelo ineditismo desta coleção antropomórfica.

A 30 km dali, longe de sapos e empalhamentos curiosos, Fribourg se mostra sob um ponto de vista bastante inusitado. A capital do cantão de mesmo nome pode ser visitada em um tour autoguiado conhecido como Golfe Urbano, a primeira experiência do gênero em todo o país.

Le Musée des Grenouilles (Museu dos Sapos)
Rue du Musée, 13 (Estavayer-le-Lac)
Entrada paga
www.museedesgrenouilles.ch
Golfe Urbano
Fribourg Tourisme et Région
Place Jean-Tinguely, 1
H.R. Giger Museum
Château St. Germain (em Gruyères)
Entrada paga
www.hrgigermuseum.com
Tour na fábrica de chocolate Cailler
Das 10h às 18h (de abril a outubro); e das 10h às 17h (de novembro a março)
Entrada paga
www.cailler.ch

Tour na fábrica de queijos La Maison du Gruyére
Visitas diárias das 9h às 18h (de outubro a maio) e até as 19h (de junho a setembro)
Entrada paga
www.lamaisondugruyere.ch

Jungfraujoch (Topo da Europa)
A viagem completa até o Topo da Europa dura 2h30 e tem início em Interlaken Ost.
Entrada paga.
Para quem procura as clássicas imagens de céu azulado sobre montanhas nevadas, o período mais recomendado é entre o outono e o início do inverno.
www.jungfrau.ch
Swiss Open-Air Museum
Ballenberg Museumsstrasse, 131 (Hofstetten)
Por estar localizado em uma área aberta, o museu funciona apenas entre abril e outubro
www.ballenberg.ch
Freitag
Geroldstrasse, 17 - Zurique
De seg. a sex. das 11h às 19h30; sáb. das 10h às 18h
www.freitag.ch

O passeio funciona da seguinte forma: 18 buracos de golfe estão espalhados por uma rota de oito quilômetros de extensão que cruza pontos turísticos do centro histórico como praças, igrejas e pontes sobre o rio Sarine. A cada bola acertada, o visitante passa para a atração seguinte, marcada no mapa que acompanha o material alugado (taco e bolas).

No roteiro, que pode ser feito de forma autônoma ou com o acompanhamento de um guia, estão endereços famosos como a Catedral de Saint Nicolas, igreja em estilo gótico erguida entre 1283 e 1490; e as clássicas pontes arqueadas que cortam Fribourg como a de Berna, construção de madeira que conecta os lados francês e alemão da Suíça.

A curiosidade parece ter dado o tom da viagem até agora, mas espere então para chegar até o próximo destino. É em Gruyères que o viajante encontra um dos endereços mais surreais, literalmente, de toda a Suíça: o H.R. Giger Museum.

Localizado em um castelo escondido desse povoado conhecido pela produção de um dos queijos mais cobiçados em toda a Suíça, o museu possui um acervo com 250 obras de H.R. Giger, artista plástico suíço vencedor de um Oscar, em 1980, pelos efeitos visuais do primeiro filme da saga “Alien”. No local, estão os bonecos usados no filme, os desenhos feitos à mão por Giger para “Alien 3” e uma impressionante coleção de quadros com traços sombrios e surrealistas realizados pelo artista desde os anos 1960.

Se a dose de surrealidade ainda não foi suficiente neste museu de três andares coberto por hieróglifos em alto-relevo no chão, atrevesse então a estreita rua de pedras e vá até o H.R. Giger Museum Bar. Nesse estabelecimento inspirado no ambiente de “Alien”, o artista criou um bar com uma caverna coberta por arcos em forma de esqueleto e cadeiras com encostos que imitam uma medula espinhal. Experimente o coquetel feito com o Absinthe Brevans, cuja arte do rótulo é também uma criação de Giger e seu conteúdo é servido com água acompanhada de um cubo de açúcar derretido em uma colher sobre a bebida.

Em uma terra onde chocolates e queijos são manias (e orgulhos) nacionais, nada mais justo que até trilhas em meio à natureza façam homenagem a um dos produtos locais mais cobiçados fora da Suíça.

Conhecida como Trilha do Chocolate e do Queijo, a rota vai da minúscula Charmey até Gruyères, e cruza rios, desfiladeiros, túneis entre rochas e setores rurais da região.

Porém o melhor dessa caminhada de nível médio são as paradas em endereços que devem fazer o visitante aventureiro esquecer os 11 km de extensão da trilha: a Maison Cailler, fábrica da marca de chocolate ainda em existência mais antiga da Suíça, e a La Maison du Gruyére, empresa que produz o tradicional queijo Gruyères.

As lojas de fábrica de ambas as empresas, localizadas em Broc e Gruyères, respectivamente, são capazes de repor todas as calorias gastas ao longo da trilha.

É no alto que a Suíça guarda outro de seu orgulho nacional: Jungfraujoch, considerada a estação de trem mais alta da Europa.

  • Eduardo Vessoni/UOL

    A região de Interlaken é endereço de uma das atrações mais visitadas em todo o país: Jungfraujoch

Embora não seja nenhuma novidade para quem já conhece a Suíça, a região é endereço de uma das atrações mais visitadas em todo o país e recebe forasteiros com um cardápio inusitado de atrações naturais que inclui Lauterbrunnen, o vale que teria inspirado o escritor britânico J. R. R. Tolkien em “O Senhor dos Anéis”; subidas de trem em ziguezague pelas montanhas nevadas dos Alpes; um impactante salão esculpido dentro de uma geleira, conhecido como Palácio de Gelo; e vistas panorâmicas do Jungfrau-Aletsch-Bietschhorn, conjunto de montanhas declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Construída entre 1896 e 1912, a ferrovia é considerada uma das obras mais impressionantes da engenharia de montanha, cuja trajetória é homenageada na sala Alpine Sensation.

O passado suíço é lembrado em outra atração inusitada do país. Localizado em Hofstetten bei Brienz, no cantão de Berna, o Swiss Open-Air Museum Ballenberg é um museu que reproduz os estilos de vida dos suíços em mais de cem construções anteriores ao período de industrialização na Europa.

Cabanas rurais, antigas construções de madeira, casas de pedra e até um exemplar de uma residência da Suíça Central do século 15 foram, cuidadosamente, desmontadas em seu local de origem e levadas para exposição nesse museu a céu aberto onde todo o país parece caber em um único lugar.

  • Eduardo Vessoni/UOL

    Vista da Trilha do Chocolate e do Queijo, uma caminhada que vai da minúscula Charmey até Gruyères

Esta imensa área de 66 hectares rodeada por floresta é formada por 13 grupos de construções divididos de acordo com os cantões da Suíça como Jura e Grisões, e conta com interiores de residências (que também podem ser visitados), atividades rurais interativas e áreas para piquenique.

De volta ao mundo moderno, o viajante em busca de novidades chega a Zurique, a principal porta de entrada para a Suíça e a cidade mais populosa do país, com pouco mais de 330 mil habitantes.

A cidade segue em um ritmo que de longe parece o de outras capitais alucinantes do Velho Continente, mas costuma assustar viajantes que vêm de rincões do interior do país.

Para escapar do agito do centro histórico e das atrações localizadas próximas ao lago Zurique, refugie-se em Zurich West, o bairro descoladinho da cidade que concentra algumas das construções mais inusitadas do destino como o Im Viadukt, um projeto que colocou bares, restaurantes e boutiques no interior de arcos de uma ponte de trens.

Seguindo por essa construção de pedra, o visitante encontra a Freitag. Mais do que uma cobiçada loja de bolsas e mochilas feitas com lona de caminhão reciclada, esta loja surpreende por sua localização: 19 contêineres empilhados, onde os produtos são expostos em gavetas manipuladas pelos próprios clientes num curioso edifício de 26 metros de altura.

As imagens mais conhecidas da Suíça podem até ser as mesmas, mas o país sempre tem espaço para viajantes que já não se contentam apenas com trens, vaquinhas e paisagens alpinas.

* O jornalista Eduardo Vessoni viajou a convite do Switzerland Tourism (www.myswitzerland.com).