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Saia do combo tango+parrilla e conheça mais atrações de Buenos Aires

Amy Thomas

New York Times Syndicate

03/01/2014 08h00

É claro que você pode passar o fim de semana só dançando tango e comendo carne em Buenos Aires, mas há anos a capital argentina oferece opções muito mais contemporâneas, apesar das raízes tradicionais e da influência europeia, graças à criatividade dos portenhos, que transformaram a metrópole em uma comunidade vibrante e cosmopolita. E o movimento não para de evoluir: de clubes gastronômicos escondidos a galerias de arte, passando por boutiques elegantes, a cidade é um estudo de sofisticação em ascensão - o que não significa que você deva ignorar os cafés e parrillas de sempre, pois um dos fatores que tornam Buenos Aires tão irresistível e vibrante é a preservação do passado dentro da nova personalidade.

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Sexta

16h - Fantasmas nacionais
Entre de cara na história da cidade no famoso Cemitério da Recoleta (Plaza Francesca), onde se reúnem inúmeros gatos de rua e turistas para apreciar os mais de 6.400 túmulos. As estátuas que enfeitam os mausoléus misturam estilos que vão do Art Nouveau ao neogótico e refletem as diferentes eras em que os mais abastados foram enterrados. Ele se espalha por quatro quarteirões e abriga presidentes e generais, poetas e empresários. É situado em uma área muito bonita e tranquila - isto é, até se chegar à cripta da família Duarte, onde está Evita Perón e onde verdadeiras multidões se reúnem para tirar fotos ou deixar flores em homenagem à eterna "líder espiritual da nação".

18h - Aperitivo noturno
O fim do dia é marcado pelo trânsito pesado e o grande número de pessoas nos cafés. Um aperitivo a essa hora é a grande pedida local e uma das casas mais antigas da cidade, o La Biela (Avenida Quintana 600, (54-11) 4804-0449; labiela.com), fica pertinho do cemitério. Lá dentro, homens grisalhos, bem alinhados, ocupam o salão decorado em madeira, cujas fotos e artefatos mostram sua longa relação com o automobilismo; há também a opção de se instalar em uma das mesas do terraço externo. Seja como for, saiba que ao longo de 150 anos por ali já passou uma clientela que inclui políticos, atores, artistas e escritores, inclusive Jorge Luis Borges, que morava no fim da rua. Para começar a noite bem, peça um café com licor e creme (de 60 a 80 pesos).

21h30 - Jantando no estilo local
Na hora do jantar você já vai se sentir em casa - pelo menos se tiver feito reserva - na Casa Felix (colectivofelix.com), o clube gastronômico de Diego Felix e Sanra Ritten. O casal (ele, argentino, ela, norte-americana) foi pioneiro da onda de "restaurantes particulares" quando abriram as portas de sua residência, no bairro tranquilo da Chacarita, em 2007. E de lá para cá se tornaram uma das opções mais populares da cidade, servindo uma refeição de cinco pratos três noites por semana (uma noite só durante o inverno). No início da noite, turistas, expatriados e moradores se misturam no quintal, bebericando aperitivos e beliscando hors d'oeuvres como queijo fontina embrulhado em folhas de chuchu. O capricho e o sabor da refeição que se segue (e inclui pratos como burrata caseira, filé de anchova da Patagônia e bolo de chocolate e aroeira) merecem todos os elogios. O preço é fixo de 245 pesos/pessoa e não inclui vinho.

 

  • Diego Giudice/The New York Times

    O Teatro Colón, em Buenos Aires, recebe grupos de até trinta pessoas a cada quinze minutos, sete dias por semana

Sábado

10h - Combustível doce
O estonteante Museu Nacional de Artes Decorativas (Avenida Libertador 1902, (54-11) 4801-8248; mnad.org), um sobrado pitoresco, que já foi parte de uma embaixada, hoje abriga o Croque Madame ((54-11) 4806-8639; croquemadame.com.ar), ótima pedida para o "café con leche" da manhã (24 pesos). Se o tempo estiver bom, pegue uma das mesas externas, sob a copa das árvores, ao som dos chafarizes do jardim. Como é muito cedo para pedir um dos sanduíches que dão nome à casa, vá de pãezinhos frescos, servidos ainda quentes (30 pesos cada).

11h - Mergulho na arte
Depois do café, aproveite e dê uma volta pelo museu (entrada: 15 pesos), construído pelo arquiteto francês René Sergent para Matías Errazúriz e Josefina de Alvear. O casal da alta sociedade (ele foi embaixador na França) fez a mansão no início do século 20, decorando-a com móveis franceses e tapeçarias flamencas, porcelana oriental e pinturas de nomes como El Greco e Manet. Quando Josefina morreu, em 1935, seu marido a entregou ao governo argentino, sob a condição de que se tornasse um museu. Mais de 70 anos depois, é possível passear pelos cômodos praticamente intactos. De lá, passe pelas embaixadas até chegar à Avenida Figueroa Alcorta, onde poderá conferir a "nova Buenos Aires" no Malba, o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Avenida Figueroa Alcorta 3415, (54-11) 4808-6500; malba.org.ar; entrada: 40 pesos). Embora pequeno, o centro cultural é moderno e elegante e reúne trabalhos de artistas de peso do século passado, como Fernando Botero e Diego Rivera, além de exposições internacionais de nomes como Tracey Emin e Yayoi Kusama.

15h - Delícias escandinavas
O bairro conhecido como Palermo Hollywood - que ganhou esse nome por causa das diversas produtoras de filmes e comerciais que ocupam seus galpões - era terra de ninguém, pelo menos até a inauguração do restaurante Olsen (Gorriti 5870, (54-11) 4776-7677), em 2001. Sucesso instantâneo no mundinho da moda, anos depois continua fervendo de manhã, à tarde e à noite, mas principalmente na hora do brunch. Seja no interior minimalista, com pé-direito imenso, ou do lado de fora, ao longo das paredes cobertas de hera, você pode saborear pratos escandinavos como pescada branca, salmão defumado e panqueca de batata. Brunch para dois, 250 pesos.

16h30 - O estilo das ruas
O estilo que se vê nas ruas de Buenos Aires continua sendo o clássico sofisticado, mas em Palermo Soho as cores são fortes, os modelos são cheios de bossa e energia, contagiante. Na área, que conseguiu se reerguer depois da crise econômica de 2001, se concentram lojas de estilistas independentes e as marcas argentinas mais famosas, além de ser o lugar perfeito para comprar souvenires e artigos de couro. O grafite nas paredes, as ruas de pedra arborizadas, os cafés e o público jovem dão um ar de festa permanente ao bairro.

22h - Comida que é arte
Em uma das ruas de Palermo Hollywood, em uma plaquinha em uma porta preta na fachada toda grafitada se lê: Tegui, um dos restaurantes mais inovadores de Buenos Aires (Costa Rica 5852, (54-11) 5291-3333; tegui.com.ar). O salão, mais parecido com uma caixa de joias, tem três pontos focais: a parede forrada de garrafas de vinho na frente, o átrio para fumantes coberto de palmeiras no meio e a cozinha aberta nos fundos. De ponta a ponta é ocupado por garçons que mais parecem galãs de cinema, impecáveis, servindo pratos tão impressionantes pelas combinações como pela apresentação: vieiras com maçã verde e espuma de coco; ravióli de coelho com pêssegos; robalo chileno com molho à bolonhesa de polvo. Jantar de três pratos para dois, sem bebida, sai por 700 pesos.

24h - Brinde à meia-noite
Os portenhos jantam tarde e, por isso, saem para balada tarde também. A casa noturna mais badalada é a Isabel (Uriarte 1664, (54-11) 4834-6969; isabelbar.com). Seu interior mescla o melhor estilo art déco - sofás de veludo, mesas de mogno, piso de tacos de madeira - com um balcão espelhado e iluminação moderna que vibram ao som dos DJs. Só não se distraia demais a ponto de perder a chance de pedir um martini ou coquetel de champanhe (75 pesos), que só são servidos até as 3h15.

 

  • Diego Giudice/The New York Times

    A Reserva Ecológica Costanera Sur, em Buenos Aires, é um ecossistema de 350 hectares ao longo do Rio da Prata

Domingo

10h - Cenário verde
Buenos Aires é uma cidade verde: as copas das árvores altas criam verdadeiros túneis nas avenidas, pés de buganvílias enfeitam as fachadas das casas e há parques por todo lugar, mas o grande destaque natural é a Reserva Ecológica Costanera Sur (Avenida Tristán Achával Rodriguez 1550; (54-11) 4315-4129), um ecossistema de 350 hectares ao longo do Rio da Prata. Siga a trilha da entrada sul do parque para admirar os juncos nos lagos, cisnes, garças e os bandos de periquitos. A seguir, almoce em uma das parrillas da Avenida Tristán Achával - assim, enquanto se delicia com seu choripán (ou "chorizo" no espeto) pode apreciar o povo correndo, andando de patins e/ou bicicleta na esplanada.

13h - Notas altas
Encerre a visita com uma última dose de cultura: o Teatro Colón (Tucumán 1171; teatrocolon.org.ar) recebe grupos de até trinta pessoas a cada quinze minutos, sete dias por semana (110 pesos). Considerada uma das melhores casas de espetáculos do mundo, ela já viu inúmeros maestros, cantores de ópera e balés do mundo inteiro em seus 105 anos de história, e seu interior reflete essa grandiosidade. O passeio o levará além do saguão de entrada, onde há uma exposição de roupas de apresentações antigas, até o Salão Dourado, inspirado no Salão dos Espelhos de Versalhes, e finalmente à sala de espetáculos em si - e, se tiver sorte, poderá conferir algum músico ensaiando.


Se você for

O Ultra (Gorriti 4929; hotelultra.com) é um dos muitos hotéis boutique acessíveis que estão surgindo em Palermo. Os quartos são simples, mas há uma piscina na cobertura, uma biblioteca, um pátio, um restaurante e um amplo saguão. Diárias a partir de US$110.

A Mansão Algodon (Montevideo 1647; algodonmansion.com), uma bela residência em estilo belle époque na Recoleta, oferece apenas dez quartos, mas os hóspedes têm direito a um mordomo particular disponível 24 horas. Diárias a partir de US$450.