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Passeio em balão e esportes radiciais encantam no deserto da Namíbia

Eduardo Vessoni

Do UOL, em Windhoek

13/02/2014 18h47

O que era penumbra negra vai se transformando em uma sequência de curvas coloridas que assumem, desde as primeiras horas de luz, diversos matizes alaranjados. A neblina que se debruçou sobre rochas imensas, durante a noite anterior, começa a dar espaço a um mar de areia que não se cansa de se mover pelo deserto.

São 6h30 da manhã e um grupo de 12 ansiosos viajantes aguarda a partida de dentro do cesto apertado do balão que, em instantes, começa a deixar suave o solo irregular. Aos poucos, o que era expectativa vira deslumbramento e o que parecia ser apenas um monte de areia passa a fazer sentido quando imensas dunas surgem diante dos olhos, em uma das áreas mais antigas, secas e primitivas do planeta: o Namib Desert.

Localizado no oeste da Namíbia, esse deserto de mais de 80 mil km² abriga um dos cenários mais impressionantes de todo o sul daquele continente: Sossusvlei, cujas dunas de mais de 300 metros sobre o nível do mar estão entre as mais altas do mundo.

O único som que parece ser permitido naquele território desértico é o ar quente que assopra e movimenta o balão que, diariamente, viaja a até 12 km por hora entre montanhas rochosas e dunas arenosas de curvas bem delineadas. Se lá de baixo o cenário já é suficiente para arrancar comentários exaltados, imagine os efeitos a 600 metros de altura. Nem o coração acelerado se atreve a emitir sons mais altos.

O roteiro é sempre desconhecido, uma vez que tudo depende da vontade do vento (aliado à experiência do piloto e de sua equipe de terra que vai dando as coordenadas). Mas a única certeza é que todo voo termina com um desembarque em terrenos desconhecidos (no meio do nada, preferencialmente) e uma farta mesa de café da manhã acompanhada do tradicional brinde com champanhe.

Embora já tenha sido administrada por alemães e pela antiga União Sul-Africana, da qual se tornou independente em 1990, a Namíbia parece não ter perdido tempo com questões políticas do passado e se tornou um dos mais famosos destinos de aventura de todo o continente africano. Não só pelos serviços prestados em diversos setores do mercado de turismo, como hotelaria e agências, mas pela geografia variada e de contrastes que impressionam os visitantes que, nos últimos anos, começaram a descobrir essas terras às margens do Atlântico.

Um dos cenários mais paralisantes do oeste da Namíbia são os esqueletos de árvores de Dead Pan, uma antiga floresta com árvores que foram petrificadas quando, há milhares de anos, a corrente de Benguela carregou sedimentos de areia da costa namibiana para a região, uma viagem de 60 km país adentro, e fechou um fresco corredor natural até as águas do oceano Atlântico.

O resultado é o surgimento de uma impressionante zona árida em que troncos centenários de até 950 anos de idade resistem em pé sob um seco solo argiloso, rodeado por imensas dunas móveis que, sem exageros, ganharam a fama de 'O Deserto Vivo'.

Trekking, safári e até sandboard são algumas das atividades radicais que costumam ser realizadas na região de Sossusvlei. Para os menos aventureiros, uma simples (e demorada) observação pode ser uma das mais complexas experiências naquele país. Experimente parar diante da duna 45, a mais famosa das atrações do Namib-Naukluft Park, onde se localiza Sossusvlei, para compreender os efeitos dessa descompromissada atividade. Não é a toa  que viajantes costumam incluir aquela paisagem em piqueniques ao ar livre, em pleno deserto.

Na Namib Rand Nature Reserve, próximo dali, a movimentação também é intensa logo cedo. Um desconfiado grupo de gazelas bebe água em uma pequena poça escondida no gramado amarelado; alguns avestruzes correm desengonçados quando algum raro visitante cruza seu caminho; e as estradas rústicas de cascalho começam a receber alguns poucos motoristas que se aventuram por aquelas bandas.

É nessa imensa área privada de 180 mil hectares onde os visitantes encontram outras (exclusivas) opções de aventura como safáris para observação de animais selvagens, como zebra e órix, alucinantes passeios de quad biking, uma espécie de quadriciclo utilizado para encarar terrenos arenosos, e piqueniques no deserto.

Seja no ar ou em terra, a Namíbia tem levado seus visitantes estrangeiros às alturas.

 

SERVIÇO

Como chegar

Não existem voos diretos entre a Namíbia e o Brasil, de modo que o principal acesso é pela África do Sul, via Johannesburgo ou Cidade do Cabo. Uma vez em Windhoek, a capital do país, o viajante conta com duas opções de transporte: alugar um carro para rodar os 591 km entre os dois destinos ou recorrer a um dos voos panorâmicos sobre o deserto. Ambos passeios rendem belas imagens do deserto da Namíbia.

Informações turísticas na Namíbia

Namibia Tourism Board
www.namibiatourism.com.na

&Beyond

Essa rede é conhecida pelos serviços hoteleiros de luxo voltados para viajantes que não dispensam uma certa aventura durante suas viagens por destinos exóticos do continente africano, como a Namíbia, Botsuana e ilhas como Maurício e Seychelles. Seus lodges costumam estar localizados em locais exclusivos, como a NamibRand Nature Reserve e servem como ponto de partida para atividades como passeios de quadriciclo no deserto, observação de animais selvagens e visitas a Dead Pan. Mais informações, acesse www.andbeyond.com

Scenic Air

Voos fretados pela Namíbia ou passeios de um dia por regiões como Sossusvlei e Skeleton Coast são alguns dos serviços disponíveis nessa companhia aérea que opera com pequenas aeronaves para passeios cênicos pelo país. Outras informações: Tel: (264) (61) 249-268 ou www.scenic-air.com

Voo de balão em Sossusvlei

Namib Sky

Voos de uma hora por Sossusvlei acompanhados do tradicional café da manhã com champanhe no deserto. Reservas e mais informações pelo telefone (264) (63) 683-188 ou pelo site: www.namibsky.com


* O jornalista Eduardo Vessoni viajou ao oeste da Namíbia a convite da rede de hotéis &Beyond  e da Scenic Air