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Explore galerias de arte, bistrôs e baladas alternativas em Paris

Gisela Williams

New York Times Syndicate *

02/04/2014 18h31

Paris perdeu sua vantagem? Mais non! Os boêmios da cidade estão apenas mais difíceis de encontrar. Os cidadãos artísticos e os formadores de opinião criativos, sempre há procura de aluguéis mais baratos, migraram para a periferia da cidade, como Belleville e Pigalle, o ex-distrito da luz vermelha. Há até mesmo alguns pontos fashion no centro perfeito como um cartão postal – um restaurante “pop-up” aqui, um bar cheio de taxidermia acolá. E, é claro, uma versão moderna de um clássico bistrô parisiense ou padaria nunca sairá de moda.

SEXTA-FEIRA

16h - Gueto das galerias
Os fantasmas dos grandes mestres de Paris estão por toda parte, mas se você quiser mergulhar na cena de arte contemporânea da cidade, siga para Belleville, onde as ladeiras íngremes estão pontilhadas de novas galerias e bares de vinho aconchegantes. Entre as galerias mais recentes está a Bugada & Cargnel (7-9, rue de l’Équerre; 33-1-42-71-72-73; bugadacargnel.com), que é especializada em artistas emergentes tanto franceses quanto estrangeiros. Outras galerias novas são a Gaudel de Stampa (3, rue de Vaucouleurs; 33-1-40-21-37-38; gaudeldestampa.fr) e Marcelle Alix (4, rue Jouye-Rouve; 33-9-50-04-16-80; marcellealix.com). Para uma mistura de arte e moda, passe na Andrea Crews (25, rue de Vaucouleurs; 33-1-45-26-36-68; andreacrews.com), onde itens vintage sem valor são transformados em moda rápida.

18h - Bar de vinho la bohème
Empoleirado acima do parque Belleville, Le Baratin (3, rue Jouye-Rouve; 33-1-43-49-39-70) é um bar de vinho despretensioso e intimista com pisos antigos de cerâmica e mesas de madeira surradas. Apesar da badalação local, ele conseguiu manter a discrição, de modo que ainda é possível entrar nele sem fazer reserva, e se juntar à clientela boêmia provando aproximadamente uma dúzia de vinhos de baixa produção, listados em uma lousa.

20h30 - Bistronomique chique
Aqui está um truque para conseguir uma mesa no sempre lotado Le Chateaubriand (129, avenue Parmentier; 33-1-43-57-45-95). Esteja no bar por volta das 20h30 e fortifique-se com vinho e petiscos – e aproveitando para observar as pessoas – enquanto espera por uma mesa. A partir das 21h30, o primeiro a chegar é o primeiro a ser atendido. (Caso contrário, você teria que fazer reserva com pelo menos duas semanas de antecedência para uma mesa às 19h30.) O jovem chef basco, Iñaki Aizpitarte, serve um cardápio com cinco pratos que muda diariamente. Entre as recentes refeições estavam um foie gras servido em uma sopa miso, e perca do mar servida com chicória vermelha e crème fraîche de limão. Preço fixo: apenas 50 euros, ou US$ 65, com o euro cotado a US$ 1,31.

Meia-noite - Luz vermelha especial
Nos últimos anos, a área ao redor de Pigalle tem atraído os formadores de opinião parisienses à procura de diversão – com roupas. Comece com um drinque no Hôtel Amour (8, rue de Navarin; 33-1-48-78-31-80; hotelamourparis.fr), um hotel artístico decorado com globos de discoteca e fotos de Terry Richardson que é em parte de propriedade do rei da vida noturna parisiense, André Saraiva. Então siga para o Chez Moune (54, rue Jean Baptiste Pigalle; 33-1-45-26-64-64; chezmoune.fr), um ex-cabaré lésbico que agora é um ponto popular entre os fashionistas polissexuais da cidade.

SÁBADO

11h - Onde Lady Gaga faz compras
A esta altura, você pode encontrar os calçados Lanvin e as bolsas Celine em casa. Mas sapatos em forma de Bambi? Ou uma jaqueta de Caco, o Sapo? O estilista de moda aristocrático Jean-Charles de Castelbajac tem uma nova butique na St.-Germain (61, rue des St.-Pères; 33-9-64-48-48-54; jc-de-castelbajac.com), onde a inspiração da moda vem de lugares inesperados, como “Paraíso Perdido” e Pato Donald.

  • Ed Alcock/The New York Times

    Um ponto badalado geek é o Curio Parlor, um bar e lounge popular entre a clientela parisiense chique que bebe uísque puro malte

Meio-dia - Bistrô pop-up
Até mesmo parisienses calejados aguardaram semanas por um dos 12 lugares no restaurante “pop-up” Nomiya (13, avenue du President Wilson; reservas online em art-home-electrolux.com), uma caixa de vidro que flutua no topo do Palais de Tokyo. Em vez do jantar, vá para o almoço, quando é mais fácil encontrar lugares e as vistas são mais espetaculares. A refeição com cinco pratos preparados por Gilles Stassart pode incluir foie gras com confit de berinjela e peixe-escorpião servido com diversas verduras e legumes (80 euros para o almoço e 100 euros para o jantar). A atividade do Nomiya foi prolongada até a primavera (no Hemisfério Norte) de 2011.

14h - Compras no canal
Em fins de semana ensolarados, famílias jovens elegantes e casais boho-chic caminham pelo gentrificado Canal St.-Martin – que está se transformando rapidamente em um pequeno centro de butiques independentes. A Dupleks (83, quai de Valmy; 33-1-42-06-15-08; dupleks.fr) vende moda ecológica, a Espace Beaurepaire (28, rue Beaurepaire; 33-1-42-45-59-64; espacebeaurepaire.com) possui reproduções de arte de rua, e La Piñata (25, rue des Vinaigriers; 33-1-40-35-01-45; lapinata.fr) tem brinquedos de madeira. Os caçadores de estilo gostam especialmente da Sweat Shop (13, rue Lucien Sampaix; 33-9-52-85-47-41; sweatshopparis.com), uma coletividade descolada “faça você mesmo” e café com máquinas de costura alugadas por hora.

16h - Doces e saborosos
Basta uma mordida para você entender o motivo da longa fila do lado de fora da Du Pain et Des Idées (34, rue Yves Toudic; 33-1-42-40-44-52; dupainetdesidees.com), uma cultuada padaria no bairro de Canal St.-Martin. O escargot de chocolate e pistache, um doce em forma de lesma, fará em pedaços a força de vontade de qualquer pessoa em dieta. Assim como os minipavês, recheados com espinafre e queijo de leite de cabra.

20h - Transplantes americanos
Blogueiros de alimentos obcecados por Paris vão virar os olhos, mas o Spring (6 Rue Bailleul; 33-1-45-96-05-72; springparis.blogspot.com), um restaurante intimista que se mudou em meados de 2010 para o Primeiro Arrondissement, merece a badalação. O chef americano com treinamento francês, Daniel Rose, pega algo simples como uma berinjela e a prepara de quatro formas surpreendentes. Cardápio de jantar a preço fixo: 64 euros. Se você não conseguir fazer reserva com meses de antecedência, vá ao recém reformado Minipalais (Grand Palais, Avenue Winston Churchill; 33-1-42-56-42-42; minipalais.com), uma brasserie estilo loft com um cardápio estilo americano que inclui um excelente hambúrguer de pato com foie gras. Ou experimente o novo Ralph’s (173, boulevard St.-Germain; 33-1-44-77-76-00; ralphlaurenstgermain.com), de propriedade Ralph Lauren em St.-Germain, que, acredite se quiser, está na moda entre o público jovem parisiense.

Meia-noite - Le chic et le geek
Desde que o lendário Le Montana reabriu, a festa não parou. Ressuscitado por André Saraiva (sim, ele de novo) e Olivier Zahm, Le Montana (28, rue St.-Benoît) atraiu uma clientela A de modelos e atores. Mas atenção: passar pelo leão-de-chácara é mais difícil do que vestir jeggings. Felizmente, a uma distância de caminhada de 20 minutos fica o ponto badalado geek Curio Parlor (16, rue des Bernardins; 33-1-44-07-12-47; curioparlor.com), um bar e lounge popular entre a clientela parisiense chique que bebe uísque puro malte.

  • Ed Alcock/The New York Times

    Canal St.-Martin está se transformando rapidamente em um pequeno centro de butiques independentes. Entre elas, há a Dupleks, que vende moda ecológica

DOMINGO

11h - A grama é mais verde
Desde que o bar e salão de dança histórico Rose Bonheur reabriu em 2008 (2, allée de la Cascade, no Parc des Buttes-Chaumont; 33-1-42-00-00-45; rosabonheur.fr), ele atrai o público festivo da cidade ao seu grande espaço ao ar livre. De dia, hippies de meia-idade tocam guitarra ao lado de clubbers de ressaca. À noite, ele se transforma em uma festa plena, completa com cordão de veludo e D.J. Nesta estação, a festa continua no lado de dentro, com o restaurante Mimi Cantine supervisionado pelo chef com estrela Michelin, Armand Arnal.

13h - O Fantástico sr. Raposo
Seja por culpa dos filmes de Wes Anderson ou por uma obsessão com a loja cult de taxidermia Deyrolle, nada deixa um boêmio parisiense mais empolgado do que uma sala cheia de animais empalhados. Consiga sua cota no Musée de la Maison de la Chasse et de la Nature (62, rue des Archives; 33-1-53-01-92-40), um museu diferente com uma coleção excêntrica de taxidermia e armamentos antigos. Também há uma sala dedicada a unicórnios, que adiciona a quantidade certa de “je ne sais quoi” ao espaço internacionalmente antiquado.

BÁSICO

Dê a Philippe Starck dois anos, uma verba de cair o queixo e uma grande casca parisiense e você terá o novo Raffles Royal Monceau (37, avenue Hoche; 33-1-42-99-88-00; leroyalmonceau.com). A poucos passos do Arco do Triunfo, o hotel com 85 quartos não tem nenhum detalhe pequeno demais que escape do toque do designer, com diárias a partir de 780 euros, ou US$ 1.000.

Para um sabor do distrito submundo-bacana de Pigalle, reserve um quarto no Hôtel Amour (8, rue Navarin; 33-1-48-78-31-80; hotelamourparis.fr), uma ideia do ex-grafiteiro e atual empreendedor de clubes noturnos, André Saraiva, e de Thierry Costes, da família Costes. Diárias a partir de 100 euros.

O novo Hotel Banke (20, rue La Fayette; 33-1-55-33-22-22; derbyhotels.com/banke-hotel-paris), perto da Place Vendôme, combina arquitetura em estilo belle époque com toques não excessivamente da moda, com 94 quartos com diárias a partir de 260 euros.

 

* Texto originalmente publicado em abril de 2011