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Vale do Capão é lugar especial da Chapada Diamantina

Danielle Noronha

Do UOL, na Chapada Diamantina

22/05/2014 15h38

No sertão baiano, o Parque Nacional da Chapada Diamantina possui um conjunto de paisagens que pode ser considerado um dos mais belos do país. Com 57 municípios, a região é formada por rios, cachoeiras, grutas, cavernas, morros e muita história, percebida tanto na própria natureza, como também nos contos dos moradores locais.

 

Dentre tantos lugares que fazem parte da Chapada, o Vale do Capão se destaca pela sua beleza natural e, principalmente, pela energia das pessoas que se encontram por lá. O lugar reúne gente de todo o mundo com algo em comum: o respeito e o amor pela natureza. Não importa se os viajantes estão apenas de passagem ou vivendo no lugar. O que se sente no Capão é uma sintonia entre todos, inclusive os nativos da região.

 

O Vale do Capão, ou Caeté-Açu, está localizado a cerca de 460 km de Salvador e pertence ao município de Palmeiras. O centro do Capão possui bares, restaurantes (com muitas opções vegetarianas), pousadas, lojas e um coreto onde acontecem apresentações, que permitem o contato com artistas de todo o mundo. Durante a noite ainda há exposição de artesanato produzido pelos moradores locais.

 

Os turistas têm a opção, principalmente na alta temporada e feriados, de alugar casas de moradores locais que aproveitam o período para aumentar o orçamento.

 

Com um conceito de vida alternativo, o Capão não possui luxos mas, em compensação, promove uma relação consciente com a natureza. Foram criadas diversas associações para manter a preservação do lugar, especialmente depois que o turismo se tornou a principal atividade econômica local. Há todo um cuidado com educação ambiental, coleta seletiva de lixo, reciclagem e turismo sustentável. E não são apenas os moradores que seguem essa lógica. Os turistas também fazem o seu papel e, desta forma, buscam cuidar e proteger o vale.

Gruta Pratinha é uma das atrações da Fazenda Pratinha, onde também é possível fazer tirolesa  - Danielle Noronha/UOL - Danielle Noronha/UOL
Gruta Pratinha é uma das atrações da Fazenda Pratinha, onde também é possível fazer tirolesa
Imagem: Danielle Noronha/UOL

A região está localizada na área de entorno da Chapada Diamantina, entre as cidades de Andaraí e Lençóis (a principal porta de entrada para os turistas que visitam a região). Não deixe de experimentar os salgados com palmito de jacá e a pizza vegetariana do Capão.

 

Por mais que existam algumas trilhas autoguiadas é importante sempre se informar sobre as condições em que se encontram. No Capão há algumas agências de turismo e guias que podem auxiliar nos passeios, além de já possuírem alguns roteiros prontos.

 

Trilhas e passeios

Caso esteja procurando algo tranquilo, a Cachoeira Conceição dos Gatos, dentro de uma propriedade particular, é uma boa escolha. A trilha, que dizem ter sido criada por escravos, é bastante fácil, totalmente autoguiada, e possui um poço com uma pequena queda d’água, ideal para o banho. A entrada na cachoeira é paga.

 

A Cachoeira da Fumaça é uma das maiores quedas d’água do país, com 380 metros. Durante o período de estiagem, entre setembro e dezembro, a cachoeira fica com pouco volume e só é possível ver a “fumaça” formada devido ao vento que bate nas gotas de água.

 

A trilha para ver a queda por cima tem 6 km e leva cerca de quatro horas (ida e volta). Já para chegar ao poço, a caminhada leva em torno de três dias e é indispensável a presença de um guia local. O percurso para conhecer a Cachoeira da Fumaça por baixo ainda passa pelas Cachoeiras do Palmital e da Capivara.

 

Outro lugar muito procurado é a Cachoeira do Riachinho. Com uma trilha curta e de fácil acesso, é possível curtir o pôr do sol, considerado um dos mais belos da Chapada. O destino é muito buscado por aqueles que acabaram de voltar da trilha da Fumaça.

 

O passeio até a nascente do rio Mucugezinho, conhecido como Águas Claras, proporciona além do banho, a oportunidade de ficar ao lado do gigante Morrão, com 218 m de altura. O Capão ainda guarda as trilhas para as cachoeiras Rodas e Rio Preto. O caminho para chegar até as águas escuras da Rodas é fácil e leva cerca de 30 minutos. Para ir até o Rio Preto são mais 30 minutos e a trilha já fica um pouco mais complicada.

Detalhe da trilha da Cachoeira do Riachinho - Danielle Noronha/UOL - Danielle Noronha/UOL
Detalhe da trilha da Cachoeira do Riachinho
Imagem: Danielle Noronha/UOL

O Poço Angélica, que é uma piscina natural cercada de mata nativa, e a Cachoeira da Purificação são outras opções de passeio para quem visita a região. Para chegar até elas é preciso ir à Vila do Bomba, localizada a 8 km do centro do Vale do Capão. A caminhada até o Poço Angélica leva cerca de 15 minutos. Para chegar à Purificação é necessário caminhar mais uma hora e a trilha se torna mais difícil.

 

Para aqueles que gostam de turismo de aventura, a dica é a trilha do Vale do Pati, feita em, no mínimo, três dias. Considerado um dos trekkings mais bonitos do Brasil, o trajeto possui 80 km entre o Bomba e Andaraí. O nível da trilha é difícil e requer certo preparo físico, mas reserva muitas belezas, como o Cachoeirão e o Morro do Castelo. A principal opção para os viajantes é dormir na casa dos nativos durante o percurso.

 

Do Vale do Capão é possível ir para outras cidades e conhecer mais das belezas da Chapada, como o Poço do Diabo, a Gruta Torrinha, o Morro do Pai Inácio e a Fazenda Pratinha, onde estão localizadas a Gruta Azul e a Gruta Pratinha.

 

Como chegar?

Para quem vai de carro, saindo de Salvador, pegar a BR-324 até Feira de Santana, depois seguir pela BR-116 até o entroncamento da BR-242 e ir até a entrada de Palmeiras. Em Palmeiras, continuar por 20 km na estrada de terra até o Vale do Capão. Se você está em Lençóis, basta seguir pela BR 242 e fazer o mesmo percurso. De Lençóis até o Capão são 70 km.

Há a opção de viajar de ônibus, pela empresa Real Expresso, até a cidade de Palmeiras. De Palmeiras é preciso pegar um jipe ou pedir carona, uma prática muito comum na região, até o Vale do Capão.