Cheio de cores e aromas, Marrocos é imersão na cultura do norte da África
Viajar de mochilão pela Europa é uma opção escolhida por muitos brasileiros que querem conhecer o maior número de cidades no menor orçamento possível.
Uma opção para aqueles que buscam outros destinos é olhar para além do Velho Continente, atravessar para a África e conhecer o Marrocos, um país de imensa beleza e costumes únicos, que está situado a apenas 14 km do sul da Espanha.
Localizado no norte do continente africano, banhado pelo mar Mediterrâneo e pelo oceano Atlântico, o reino do Marrocos possui praias, cachoeiras, montanhas e o deserto do Saara, tudo envolto por um ambiente rico em cores, sons e cheiros.
O país é predominantemente muçulmano e foi muito influenciado pelos colonizadores espanhóis e franceses. Essa diversidade cultural hoje se reflete na sofisticação da arquitetura, na culinária e vestimentas locais.
Chegando lá
Do litoral sul da Espanha é possível atravessar o estreito de Gibraltar, que separa a Europa da África, em direção a Marrocos de ferryboat, a partir dos percursos Tarifa - Tanger ou Algeciras - Ceuta. Segundo as companhias de ferry, ambos os trajetos duram 35 minutos, mas na prática demora um pouco mais.
Optamos em atravessar por Tarifa, que está localizada a cerca de 200 km de Sevilha e 700 km de Madri, até a cidade de Tânger. Os portadores de passaporte brasileiro não precisam de visto prévio para entrar no país e podem permanecer por até 90 dias, mas é necessário verificar a validade do documento, que precisa ser superior a seis meses.
A primeira coisa a se fazer ao chegar em Tânger é ir a uma casa de câmbio, logo em frente ao porto, para trocar dinheiro. Não vale a pena trocar na Europa, pois em Marrocos se consegue uma melhor cotação. A moeda marroquina é o dirham (Mad ou Dh) e 1 euro equivale cerca de 10,80 mad. Também há caixas eletrônicos espalhados por todo o país.
Para conhecer um pouco das possibilidades que o Marrocos oferece, selecionamos três destinos muito diferentes entre si: Chefchaouen, Fez e Marrakech. Dependendo da quantidade de dias disponíveis para a viagem ainda é possível incluir cidades como Asilah, a capital Rabat ou a famosa “estrela do cinema” Casablanca, cenário do filme dirigido por Michael Curtiz em 1942.
Chefchaouen
Chefchaouen está localizada a 120 km de Tânger e é possível chegar à cidade de ônibus ou táxi. A cidade está situada num pequeno vale na Cordilheira do Rif, a aproximadamente 660 metros de altitude, aos pés de duas montanhas, que trazem para a região uma energia especial.
Fundada em 1471, e com uma maior influência da cultura andaluz, Chaouen possui cerca de 40 mil habitantes e está dividida entre a cidade nova e a cidade velha, uma pequena Medina inteiramente pintada de azul e branco, que pode ser facilmente percorrida por toda a sua extensão a pé. Segundo um morador local, a escolha das cores tem uma explicação: o azul é para espantar os mosquitos e o branco para diminuir o calor.
Em comparação com os países europeus, Marrocos é muito barato, principalmente no que diz respeito à alimentação. E, neste sentido, Chefchaouen é a campeã no quesito preço baixo e alta qualidade. Na pequena praça da cidade, Uta el-Hammam, estão localizados alguns restaurantes que servem os pratos típicos marroquinos -- como o tajine e o cuscuz -- a preço médio de três euros. É possível fazer uma refeição completa com entrada, prato principal e sobremesa por 5 euros.
Na praça estão localizados dois importantes pontos turísticos da cidade: a Grande Mesquita, que não pode ser visitada por turistas, e o Jardim e Museu Kasbah, um museu etnográfico que busca retratar a história política e cultural da cidade e que possui no alto de sua torre umas das mais belas vistas da região.
Ao lado de sua tranquilidade azul e branca e da deliciosa gastronomia, o artesanato local também chama atenção e, dentre as cidades que visitamos, possuem o melhor preço e as peças mais bonitas, como roupas, acessórios, enfeites e pedras, que resistem à entrada de produtos com fabricação industrial. Em Chaouen já é possível notar uma prática que aumenta conforme cresce o tamanho da cidade: a disputa pelos turistas, que são sempre muito abordados quando passam na porta dos restaurantes ou dos comércios. Basta você olhar para algo, que eles já estão negociando o valor. Aliás, a prática da “barganha” em Marrocos é comum e muito recomendada.
Fez
De Chaouen partimos rumo à Fez de ônibus, numa viagem que durou cerca de quatro horas. Fez é considerada a capital religiosa e cultural do Marrocos, e é uma das cidades medievais mais velhas do mundo, fundada no século 9 d.C.. Declarada patrimônio da humanidade pela Unesco, hoje a cidade é dividida em três partes. A Medina mais antiga chama-se Fès El Bali. Diferentemente do que vimos em Chefchaouen, ela é enorme, com muito mais movimento.
Toda cercada por uma grande muralha, a Medina guarda em seu interior diversos lugares interessantes para visitar, como mesquitas, madraçais (escolas islâmicas), uma fábrica de couro com mais de mil anos e a universidade de Al-Qarawiyyin, considerada a mais antiga do mundo.
Para andar em Fez é indispensável um mapa. Se achar necessário pode até contratar um guia, pois é difícil não se perder no labirinto de ruas completamente tomadas por todo tipo de comércio, com os mais diferentes cheiros e cores. Não é muito recomendado pedir informação na rua para as pessoas que não exercem a função de guia, pois estas podem vir a ter problemas com a polícia. No entanto, é comum que insistam em levar você ao seu destino, em troca de alguns dirhams.
Dentre os diversos lugares imperdíveis da Medina, destaco a madraçal Bou Inania. Os turistas podem visitar o seu interior, que possui uma amostra da riqueza de detalhes da arquitetura islâmica. Também são imperdíveis a Mesquita Al-Attarine, o Jardim Boujeloud e as Tumbas Merenid, localizadas do lado de fora da muralha, e que possuem uma vista panorâmica de toda a Medina de Fez.
Na praça Bab Boujeloud, é possível encontrar um grande número de restaurantes com preços acessíveis. Porém, Fez foi o lugar que visitamos que possuía os valores mais elevados no quesito alimentação. Além disso, é recomendável que você já tenha algum hotel reservado, principalmente pelo tamanho da Medina e pela dificuldade de locomoção dentro dela, ainda mais com bagagem.
Marrakech
De Fez para Marrakech são aproximadamente 10 horas de viagem. Você pode optar em ir de trem ou ônibus. Se escolher o trem, a melhor opção é a primeira classe, que possui lugares marcados. Marrakech é uma cidade bem grande, com quase 1 milhão de habitantes, sendo a segunda maior do Marrocos (atrás apenas de Casablanca). Conhecida como a cidade vermelha, devido a sua arquitetura, é divida entre a parte moderna – que possui muitas mansões e grandes hotéis, principalmente no bairro Guéliz – e a parte antiga, que também conta com uma Medina cercada.
Em comparação com Chefchaouen, ou até mesmo em relação à Fez, Marrakech é um verdadeiro caos. A primeira impressão é: que loucura! Mas não pense que isso é negativo, muito pelo contrário. A praça Jemaa el Fna, também eleita como patrimônio da humanidade pela Unesco, tem todo tipo de apresentação da cultura marroquina, como homens encantadores de cobras, apresentações de músicas e danças ou mulheres que fazem tatuagem de henna.
É ali que começa o mercado central, o souq, e há uma das portas para entrar na Medina. A praça ainda abriga barracas de suco de laranja e toda a noite uma enorme estrutura é montada com diversas tendas de comidas típicas, com preços também muito acessíveis. Porém, é preciso ter cuidado na hora de tirar fotos, principalmente dos artistas na praça, que não hesitam em cobrar pela imagem.
Da praça é possível ver a Grande Mesquita La Koutoubia, a mais conhecida da cidade. Outros locais imprescindíveis são o Museu de Marrakech, a mesquita Ben Youssef e os palácios Bahia e Badii.
A cidade oferece ainda opções para aqueles que estão procurando um momento com um pouco de tranquilidade, como os jardins Majorelle e o Menara. Além disso, Marrakech está próximo de outros belos destinos de Marrocos, como a cordilheira do Atlas, algumas cidades do litoral e, principalmente, o deserto do Saara, onde é possível fazer uma excursão e passar no mínimo uma noite, por cerca de 60 euros por pessoa.
Algumas dicas são importantes: o táxi em Marrocos é muito barato, mas verifique se eles vão utilizar o taxímetro, caso contrário o valor da corrida fica cara. O consumo de álcool não é permitido, mas há alguns restaurantes e hotéis que podem vender a bebida. Em Chaouen só há um desses locais, que não é muito aconselhado para mulheres e é bastante caro. Em Fez e, principalmente, em Marrakech é mais fácil encontrar cervejas ou vinhos marroquinos.
COMO CHEGAR
De Tarifa para Tanger há duas companhias de ferryboat que fazem a travessia: FRS e Intership, a cada três horas. O preço apenas da ida é de 33,00 euros*, mas comprando ida e volta há desconto e o valor fica 53,00 euros. É possível comprar a volta com a data em aberto.
De Tanger há a opção de ir para Chefchaouen de ônibus, mas o último sai às 12h15. É recomendado utilizar apenas os ônibus da empresa CTM. O valor é 45,00 mad.
Em táxi individual você vai gastar em média 600 mad.
De Chefchaouen para Fez, a CTM faz o percurso quatro vezes por dia e o valor é 70,00 mad.
De Fez para Marrakech, a CTM opera apenas em dois horários: 20h30 ou 6h. O valor é 120,00 mad. De trem, dependendo da classe e horário, os valores podem chegar a 550,00 mad.
De Marrakech para Tanger também é possível ir de trem ou ônibus. O percurso de ônibus leva 10 horas e o da CTM sai às 2h30. O valor é 220,00 mad. É recomendável que se adquira os bilhetes de trem ou ônibus com pelo menos um dia de antecedência.
*Todos os preços e horários citados nesta reportagem estão sujeitos a alterações.
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