Nas ilhas Marietas, há praia escondida e aves que se exibem sem medo
Sete e quinze da manhã pode parecer cedo para um passeio de férias, sobretudo em um balneário em que, nesse horário, durante o verão, os primeiros raios de sol mal acabaram de aparecer. Mas quem se propõe a conhecer as belezas naturais das ilhas Marietas tem que estar disposto a este pequeno sacrifício - garanto que vale a pena.
Os primeiros barcos saem para as ilhas Marietas às sete e meia e, antes, é preciso fazer o check-in. O que inclui fila, já que o passeio é feito com catamarãs com capacidade limitada para 100 pessoas. Depois é só saborear o café da manhã, com frutas e bolo, que pode ser tomado na área externa da operadora de turismo.
Ao chegar na primeira ilha, cerca de uma hora depois, comemora-se a saída no alvorecer: não há nenhuma outra embarcação por perto. O que significa exclusividade na exploração da praia – embora dezenas de pessoas já constituam uma praia lotada para muita gente. Fragatas, pelicanos e patolas de pés azuis e amarelos parecem recepcionar os visitantes pousados sobre um portal de pedra. O parque nacional das ilhas Marietas preserva a segunda maior população de aves de patas azul-calcinha, atrás apenas de Galápagos, no Equador.
Quem sabe nadar, pode se esbaldar em um mergulho no mar em direção à rocha isolada. Ao poucos, uma pequena fenda começa a se tornar visível, quando as águas retornam em direção à embarcação. Alguns podem se perguntar se é mesmo uma boa ideia passar por ali, já que, em questão de segundos, as ondas quebram nas pedras e fecham completamente a passagem. Mas nada de pânico: há sempre um monitor ajudando as pessoas a passar pelo trecho - sem contar que seria quase impossível mudar de ideia com o cardume de turistas de colete que nadam sofregamente logo atrás.
Passado o suspense, quase não se consegue distinguir os gritos de susto das exclamações de alegria. A praia escondida se abre como um geode de água marinha. Tal qual a formação rochosa com cavidade revestida de pedras preciosas, a vista aérea mostra uma grande rocha arredondada com uma abertura na parte superior, revelando um interior de águas azuis brilhando com o reflexo do sol. Uma extensão razoável de areia permite que todos descansem do percurso à nado, quando não estão posando para os fotógrafos da operadora. A volta pelo caminho já conhecido seria bem mais tranquila não fosse a necessidade de nadar na direção contrária à das ondas.
Na segunda ilha da área de proteção ambiental, logo ao lado, o grupo pode permanecer por mais tempo. Primeiro são distribuídos os equipamentos para visualização dos cardumes de peixes – dependendo da época e da sorte, é possível ver também tartarugas marinhas, arraias e polvos. Durante o percurso de barco, baleias jubarte (entre dezembro a março) e golfinhos podem aparecer para um espetáculo. Pode-se optar também por conduzir caiaques ou tentar remar se equilibrando em pranchas de surfe.
Aos poucos, grupos de dez pessoas seguem em lancha em direção à uma nova praia, onde se permanece até o final do passeio. Nela, pode ser que um filhote de patola de patas amarelas apareça para fazer companhia e permaneça tranquilo a uma distância em que pode ser tocado com as mãos. Por não ter predadores naturais, parece mesmo não ter percepção de perigo. Por isso, é também conhecido como pássaro bobo entre os nativos.
Sua visão também não é das melhores. Como na fase adulta vai precisar mergulhar fundo em busca de peixes para se alimentar (alguns chegam a 7 metros de profundidade), vive treinando ficar com a cabeça submersa enquanto filhote. É comum o bichinho confundir a correia do salva-vidas dos turistas com alimento - o que resulta apenas em risadas.
Mais informações: www.vallarta-adventures.com
*A jornalista viajou a convite de Oficina de Visitantes y Convenciones de Riviera Nayarit/ Asociación de Hoteles y Moteles de Bahía de Banderas/Puerto Vallarta Tourism Board
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