Cornualha, na Inglaterra, tem empanada, hora do chá e paisagem deslumbrante
A visão de um vale verde logo dá lugar à praia da cidade de Saltash, uma das primeiras paradas do trem que chega à região da Cornualha (ou Cornwall, como é chamada em inglês), no sudoeste da Inglaterra.
Se a sua câmera não estava à mão neste momento, não se preocupe. Essa deverá ser apenas a primeira das várias bonitas paisagens para quem reserva o condado britânico como o destino para as próximas férias.
Uma viagem de trem de Londres à Cornualha pode levar cinco horas, dependendo de qual seja a parada final no condado. Por isso, vale a pena prolongar sua estadia por alguns dias e conhecer o destino sem pressa. Recomenda-se o mínimo de três noites, mas, em dias ensolarados, sete noites podem passar voando, especialmente no verão, quando as praias mais turísticas costumam ficar cheias de banhistas.
No Reino Unido, a Cornualha é especialmente famosa por dois itens, ambos ligados ao estômago: a "cornish pasty", um tipo de empanada, e o "cream tea", o tradicional chá da tarde servido com pãezinhos ingleses, geleia e creme de nata.
Os pãezinhos são chamados de "scones" e sua receita é bastante simples. Levam basicamente farinha, manteiga, ovo e leite, além de uma pitada de sal e um pouquinho de açúcar. Também são comuns versões que levam toque de canela ou frutas secas, como uva. A melhor parte, sem dúvida, fica com o recheio: bastante "clotted cream" (creme que parece uma nata espessa) e geleia.
Já a genuína "cornish pasty" deve levar em seu recheio pedaços ou fatias de batata, cebola e carne, além de nabo, sal e pimenta. E o mais interessante é que, assim como o champanhe tem sua região específica de produção na França, toda "cornish pasty" vendida no Reino Unido só pode ser assim chamada se for feita no condado da Cornualha.
Três locais para saborear o "cream tea"
- Lewinnick Lodge, em Newquay (www.lewinnicklodge.co.uk)
- Harbour Lights, em Boscastle (ao lado do centro de visitantes)
- Angeliques Tea, em Port Isaac (www.facebook.com/AngeliquesTea)
Três locais para comer a genuína "cornish pasty"
- Nicky B’s Pasty Shop, em Port Isaac (localizada na 22 Fore Street)
- Barnecutt Bakery, em Bodmin, Rock e St Austell (www.barnecutt.co.uk)
- Philps, em Hayle e Marazion (www.philpspasties.co.uk)
O que fazer
O UOL Viagem lista os principais destaques do condado. Veja abaixo.
Região Norte
- Bedruthan Steps: uma pequena caminhada leva à uma vista no topo de falésias. Ponto turístico conhecido, possui uma loja e um café.
- Port Cothan: praia de areia geralmente frequentada por famílias abastadas de Londres, não procurada por surfistas.
- Padstow: cidadezinha portuária cheia de turistas, principalmente alemães. Há várias lojinhas e opções para almoçar. Rick Stein, conhecido chef inglês, possui negócios na região (www.rickstein.com). Aproveite a passagem para comer peixes e frutos do mar.
- Porthilly: vôngole, mexilhão e principalmente ostra já são bons motivos para parar por aqui. Passe também pela igreja de St. Michael, cuja data de fundação remonta a 1299. No gramado ao redor, observe a pequena cruz medieval talhada em pedra.
- Port Isaac: bastante procurada por turistas por ter sido a locação da série britânica "Doc Martin". A cidade é conhecida por sua ligação com piratas e contrabandos de mercadorias, como chá, especiarias e destilados, provenientes da França nos séculos 18 e 19. Repare na longa praia protegida por altas porções de rocha, garantindo o acesso fácil pela zona inferior fora do controle da fiscalização.
- Tintagel: outra cidade bastante procurada por turistas, tem seu castelo (www.english-heritage.org.uk/visit/places/tintagel-castle) ligado à lenda do rei Artur e os cavaleiros da távola redonda. Entre lojinhas e cafés, a antiga casa dos correios (www.nationaltrust.org.uk/tintagel-old-post-office) é também uma edificação medieval aberta à visitação.
- Boscastle: charmoso vilarejo de pescadores ideal para uma parada para um chá e para caminhar ao longo do rio e pela trilha de fácil acesso que leva à vista das falésias sobre o mar. O curioso Museu da Bruxaria (www.museumofwitchcraft.com) reúne uma coleção de objetos sobre o assunto.
Região Sul
- St. Ives: com vários ateliês, ficou famosa por ser procurada por artistas por causa "de sua luz" e seu mar azul. Atualmente, possui uma unidade do museu Tate (www.tate.org.uk/visit/tate-st-ives) e suas praias costumam estar lotadas durante os meses do verão.
- Zennor: charmoso vilarejo costeiro de onde, em suas proximidades, é possível ter uma vista panorâmica de falésias sobre o mar. Em sua igreja, uma sereia, símbolo que não pertence ao cristianismo, está esculpida na lateral de um banco que data do século 15.
- Dólmenes: a região possui dólmenes (monumentos que datam dos séculos 5 a.C. a 3 a.C., como os de Stonehenge) situados a poucos passos da estrada. Próximo à pista B3306, a cerca de 1,6 km de Zennor, está o Zennor Quoit, de quase 13 metros de diâmetro. Permanece em boas condições, sendo que seu teto de cerca de 12,5 toneladas está fora de sua posição original. Lanyon Quoit está a alguns metros da estrada que liga Madron e Morvah, também em boas condições, mas foi reerguido em posição diferente da original.
- Cape Cornwall: pequena península bem ao sul do condado, com vista para o oceano. Uma brevíssima caminhada leva às ruínas de um oratório medieval. Durante o verão, uma van permanece no estacionamento e vende bolos, chás, sorvetes e sanduíches.
- Minas: no caminho pela costa entre St. Ives e Cape Cornwall, é possível observar várias minas de estanho abandonadas em meio às paisagens que não darão sossego à câmera fotográfica. A região foi forte na extração do minério, mas foi desativada há quase duas décadas. No museu Geevor Tin Mine (www.geevor.com), em Penzance, é possível ter a sensação de que tudo estava em funcionamento há alguns minutos, já que grande parte da estrutura continua tal qual em seus tempos de trabalho.
- St. Michael's Mount: se a maré estiver baixa, é possível seguir caminhando por poucos minutos da praia de Marazion até o monte e conhecer o castelo e seu jardim (www.stmichaelsmount.co.uk). Na maré alta, é preciso pegar um barco. (Há um local homônimo na Normandia, França. Os nomes são idênticos devidas às suas semelhanças.)
Como se locomover
A melhor maneira para conhecer a Cornualha de cabo a rabo é utilizando um carro. Alugar pode ser uma ótima ideia para quem costuma planejar seus roteiros, carrega um aplicativo com GPS a tiracolo e, é claro, não se importa em dirigir na mão inglesa.
Se esse não é o seu caso, a opção mais cômoda seria contar com a ajuda de um guia local. Tours diários, em que o guia também é o motorista e utiliza seu próprio carro, costuma custar a partir de 200 libras (R$ 990**). O valor pode incluir três ou quatro pessoas, com passageiros extras a custos adicionais. Se esse é o seu plano, vale a pena conversar (por telefone ou e-mail) e indicar as preferências de viagem antes de fechar negócio. Dois guias locais com experiência no ramo são Tim Uff (www.tourcornwall.com) e Susan Hockey (www.cornishheritagesafaris.co.uk).
*O jornalista viajou à Cornualha com o apoio do Visit Britain.
** Preços convertidos para real no dia 21/07/2015.
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