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Em Viena, turistas passeiam por vinícolas sem sair da cidade

Rafael Mosna

Do UOL, em Viena (Áustria)

05/08/2015 14h12

Esqueça a ideia daquela viagem turística com passeios guiados por vinícolas para conhecer métodos de produção. Não que não se possa fazê-la, mas não é bem essa a ideia que Viena procura passar quando o assunto é enoturismo na cidade.

Com uma grande área verde, a capital austríaca é uma das raras metrópoles com quantidade significativa de produção de vinho nos limites de seu território. Com mais de 2.000 anos de experiência no ramo (conta-se que as primeiras vinhas foram plantadas no ano 3 d.C. durante a época do Império Romano), a cidade possui hoje 190 produtores, responsáveis por um total de 2,4 milhões de litros de vinho ao ano (um número pequeno se comparado ao de grandes áreas produtoras da bebida).

A produção de vinho branco (80% do total) envolve estilos típicos vienenses como Veltliner (mineral e cítrico), Pinot Blanc e Riesling (frutados e ácidos) e o clássico local Wiener Gemischter Satz, uma combinação de uvas que gera um vinho fresco, frutado e fácil de beber. Conhecido no passado por muitos como de qualidade inferior, está revigorado nos dias de hoje.

Um tour pela região das parreiras é um passeio que, sem dúvida, deve ser feito por todo visitante que passa por Viena, seja ele um aficionado pela bebida ou apenas alguém que goste de tomar uma taça ou outra. Envolto em uma atmosfera rural, Nussberg é formada por colinas, os chamados pré-Alpes, de onde é possível avistar toda a região central cortada pelo rio Danúbio.

Lá, o ideal é reservar a tarde toda para sentar a uma das mesas dispostas em meio ao parreiral e aproveitar a vista panorâmica para bebericar, petiscar e colocar o papo em dia –se acompanhado.

Buschenschank (espécie de bar em meio à vinícola) em Viena é um local para passar a tarde sem pressa; abertura geralmente ocorre nos fins de semana, de acordo com o clima do dia - Rafael Mosna/UOL - Rafael Mosna/UOL
A capital austríaca abriga atualmente 190 produtores de vinho
Imagem: Rafael Mosna/UOL

Uma das propriedades (elas são chamadas de Buschenschank) para sair sem pressa é a Wieninger am Nussberg, aberta de sexta a sábado, das 14h às 22h, e aos domingos e feriados, das 11h às 22h (se o tempo estiver chuvoso, confirme antes de seguir viagem, pois a chance de funcionamento nesses casos é remota).

Têm bastante saída as garrafas de Wiener Gemischter Satz, mas Riesling e Pinot também estão entre as opções descritas a giz em uma lousa sobre a parede de madeira. Para forrar o estômago, uma seleção de frios austríacos incluindo queijo de leite de ovelha e vaca, linguiças, bacon e presuntos cozido e cru, além de pães e doces típicos. Taças custam a partir de €1,50 (R$ 5).

Em primeira mão

A área vienense aos pés dos Alpes austríacos é recheada de tabernas (chamadas Heuriger), onde se costuma servir vinhos frescos de produtores locais e comidas geralmente com um quê de simplicidade. Dê uma caminhada de pelo menos 30 minutos para conhecer as diferentes casas, olhar cardápios e se decidir antes de criar raízes em uma delas, embora não seja necessário se fixar em apenas uma e não tirar mais os pés de lá.

O bairro mais procurado pelos turistas parece ser Grinzing, de fácil acesso a partir do centro da metrópole (veja quadro ao lado), com estabelecimentos de diferentes dimensões. Nas proximidades, em Heiligenstadt, está Mayer am Pfarrplatz, considerado uma instituição vienense. Localizado em um imóvel histórico, já foi uma das moradias do compositor Beethoven. Com vinhos premiados, também abre sua propriedade (Buschenschank) no alto da colina.

Mais simples e menor, o Muth tem, além de vinhos, pães, frios e patês como petiscos, apresentação musical com canções de raiz, típicas vienenses. Acontece às quartas-feiras, a partir das 19h, com entrada gratuita (mas convém separar alguma gorjeta para o artista).

COMO CHEGAR

Você é do tipo “me viro”?
Pegue o bonde linha “D” até a estação Nussdorf para chegar às tabernas. Continue até a parada seguinte, Nussdorf Beethovengang, para acesso às vinícolas. De lá, é preciso caminhar cerca de 30 minutos ou pegar um táxi rumo ao alto da colina.

Você é do tipo “me leva”?
É possível contratar tours para conhecer a região das vinícolas. Empresas recomendadas pelo Turismo de Viena estão relacionadas aqui (site em inglês). Passeios em português podem ser feitos com o guia austro-uruguaio Pablo Rudich (pablo.rudich@chello.at).

*O jornalista viajou com o apoio do Turismo de Viena.