Confira curiosidades sobre a procissão do Círio de Nazaré, em Belém
Localizada sobre território amazônico e recortada por ilhas e igarapés, Belém, no Pará, fez da religiosidade a sua maior (e mais emocionante) atração. Anualmente, o Círio de Nazaré reúne cerca de dois milhões de pessoas, que lotam as ruas da capital do Estado no que é considerada uma das maiores procissões católicas do planeta.
Durante a festa, realizada no segundo domingo de outubro, os fiéis acompanham a imagem da padroeira do Pará, Nossa Senhora de Nazaré, que é exibida isolada no interior de uma redoma de vidro dourada. Uma corda é atrelada a ela e serve para que milhares de fiéis puxem a imagem da santa na trasladação (romaria com roteiro inverso, feita na noite anterior) e no próprio Círio.
Realizada na capital do Pará há 220 anos, a procissão é uma espécie de Natal paraense, com direito a altares montado nas casas e almoço dominical marcado por pratos regionais, como maniçoba e pato no tucupi.
A celebração teve origem em meados do século 18, quando Plácido José de Souza encontrou uma pequena imagem de 38,5cm da Nossa Senhora de Nazaré, às margens do igarapé Murutucú, onde atualmente está localizado atualmente o fundo da Basílica da cidade.
Levada para a casa de Plácido, a estátua sempre voltava para onde foi encontrada, de acordo com a lenda. Por fim, o religioso decidiu construiu uma pequena capela em homenagem à santa.
O UOL Viagem visitou Belém e mostra algumas curiosidades sobre a procissão, que percorre 3,6km da cidade. Confira:
Mar de gente
A primeira romaria do Círio aconteceu na tarde de 8 de setembro de 1793. A versão matutina seria realizada apenas em 1854, por conta das tradicionais chuvas no final do dia, em Belém.
O Círio mais longo aconteceu em 2004, quando os romeiros levaram 9h15 para percorrer os 3,6km do percurso. Naquele ano, a festa também ganhou o título de Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial, pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional);
Romaria motorizada
A procissão é acompanhada por diversos carros alegóricos, como o carro da Santíssima Trindade, o do caboclo Plácido, o dos milagres e, por fim, o Carro dos Anjos, onde crianças vestidas desta forma pagam promessas feitas pelos pais.
Além da tradicional procissão de domingo, o Círio conta com outros eventos: a Trasladação (roteiro inverso do Círio, na noite do sábado anterior); a Romaria Fluvial (percurso de 18km que também acontece na véspera do Círio de Nazaré, com saída prevista para logo após a missa, no Trapiche de Icoaraci); e a Moto-Romaria que, desde os anos 1990, antecede o domingo do Círio com a curiosa procissão de motoqueiros que escoltam a imagem da festa até o Colégio Gentil Bittencourt.
Orações fervorosas
O ponto de partida da procissão do Círio de Nazaré é a Igreja da Sé ou de N. Sra. da Graça do Pará, templo religioso inaugurado em 1771 e tombado pelo Iphan. Após uma missa na catedral, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré parte em procissão acompanhada por centenas de milhares de pessoas.
O endereço histórico, localizado no setor mais antigo de Belém, abriga ainda construções como o Forte do Presépio, marco da fundação da cidade; e os museus de arte da Casa das 11 Janelas e o de Arte Sacra, na Igreja de Santo Alexandre.
Praça Dom Frei Caetano Brandão – Cidade Velha. Mais informações: www.catedraldebelem.com
Céu colorido
A Praça dos Estivadores, próximo à avenida Presidente Vargas, é onde acontece uma queima de fogos, durante a passagem da redoma que carrega a imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Fica perto da Estação das Docas, que são três antigos armazéns do porto de Belém transformados em uma área que abriga restaurantes, bares, lojas de artesanato, além de áreas de lazer com música ao vivo, cinema e teatro.
Localizado diante da baía do Guajará, o local conta ainda com um terminal de passageiros, de onde saem as embarcações turísticas pela região, e um boulevard ajardinado com 500m de extensão. Fique atento ao curioso piano suspenso que corre sobre as mesas da praça de alimentação da Estação das Docas.
Av. Boulevard Castilho França. Mais informações: www.estacaodasdocas.com.br
Camarote
Considerado um dos mais antigos de Belém, o Edifício Manoel Pinto da Silva funciona como uma espécie de camarote durante a passagem do Círio de Nazaré. O prédio residencial da esquina das avenidas Nazaré e Presidente Vargas é uma construção do final da década de 50, com 26 andares, e que já foi considerada o maior arranha-céu de Belém.
De lá, é possível acompanhar a montagem das arquibancadas dias antes da festa. Também dá para ver as pessoas que dormem na Praça da República à espera da procissão e ainda se emocionar, no domingo, com os promesseiros que fazem o percurso de joelhos e com tijolos na cabeça.
Explosão de fé
Após horas de uma suada e emocionante romaria pelas ruas de Belém, o Círio de Nazaré termina onde tudo oficialmente começou: a Basílica Nossa Senhora de Nazaré. O templo foi erguido em 1852, no mesmo local em que Plácido José de Souza encontrou a imagem da Senhora de Nazaré, às margens do igarapé Murutucú.
A construção atual, de 1909, já passou por algumas reformas para abrigar o número cada vez maior de devotos. Hoje em dia, a imponente igreja de estilo neoclássico é formada por cinco naves divididas em 36 colunas de granito italiano. Os fiéis amarram fitinhas coloridas - parecidas com as do Senhor do Bonfim, na Bahia - com pedidos para Nossa Senhora em seus portões de ferro.
Avenida Nazaré, 1.300 - bairro Nazaré
Mais informações: www.basilicadenazare.com.br
Museu de curiosidades
Vale a pena visitar ainda o vizinho Memória de Nazaré, pequeno museu dedicado ao Círio. Em seu acervo, encontram-se fotografias, cartazes das edições anteriores, ambientes cenográficos com as tradicionais casinhas e barcos com pedidos dos romeiros, além de mantos originais utilizados sobre a imagem peregrina que, por motivos de segurança, substitui a estátua original desde 1969.
Avenida Nazaré, 1.300 - bairro Nazaré
Mais informações: www.basilicadenazare.com.br
Sagrado e profano
Embora em caráter não-oficial, a Festa da Chiquita é o lado profano do Círio de Nazaré, que acontece no sábado anterior à procissão principal, na Praça da República. É organizada pela comunidade LGBT da cidade.
Após a romaria de domingo, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré permanece em exposição no altar da Praça Santuário durante 15 dias, período conhecido como Quadra Nazarena.
Mais informações
Página oficial do Círio de Nazaré
www.ciriodenazare.com.br
Site do turismo do Pará
www.paraturismo.pa.gov.br
* O jornalista viajou a Belém com o apoio da Secretaria de Estado de Turismo do Pará
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