Esqueça a formatura: Porto Seguro tem lindas praias, mas lado histórico desaponta
Sol, festas e formatura: é isso o que vem à cabeça de muitas pessoas quando se fala de Porto Seguro, a 714km de Salvador. Apesar de receber milhares de estudantes todos os anos (e se orgulhar do fato), o município baiano é muito mais do que isso. Até porque a festança juvenil tem data para acontecer: geralmente nos meses de julho e outubro. Fora tais períodos, por incrível que pareça, é até difícil o turista escutar axé enquanto caminha pelas ruas do lugar.
Logo que chega, o visitante já recebe as boas-vindas de um mar azul e cristalino. Com tanta beleza natural, a vontade de colocar a roupa de banho e mergulhar naquele cenário vai ficando cada vez mais forte. Não faltam opções para isso, pois a orla da cidade possui cerca de 85km de praias, frequentadas pelos mais variados perfis de pessoas. Também estão cheias de barracas, que dão apoio para quem vai curtir as areias locais. De forma geral, elas costumam cobrar apenas pelo que foi consumido, deixando o uso da estrutura em aberto.
Já para quem busca um pouco mais de conforto, uma opção é aproveitar o serviço oferecido por alguns resorts locais. A pessoa paga uma taxa e tem o direito de usufruir das instalações, mesmo não sendo um hóspede oficial. Tudo no esquema day use. Aí, basta estender a toalha na cadeira e aproveitar o mar calmo da região, com poucas ondas, mas cheio de vento.
Caso esteja hospedado no centro - que não possui praia, mas tem agitação e hotéis um pouco mais em conta, será preciso se deslocar para conseguir dar um mergulho em águas salgadas. Se estiver por por conta própria, e não tiver alugado um carro, basta esperar pelo ônibus circular, que passa a cada 20 minutos e te leva até a enseada.
Os fãs de axé podem se acabar de dançar o ritmo em complexos de lazer na praia de Taperapuan, como o Axé Moi e o Tôa Tôa, onde professores de dança animam os turistas.
De todos os lugares visitados pela reportagem de UOL Viagem, estes foram, praticamente, os únicos espaços que pessoas foram vistas dançando o famoso ritmo baiano. Se você curte, e a meta é essa, melhor ir direto ao alvo.
Terra do Descobrimento
Mas como existe vida além da praia (e o bronzeado estilo vermelho camarão tem limites), também dá para aproveitar as outras atrações que Porto Seguro oferece. Muitas delas têm um viés histórico, ligado à chegada de Pedro Álvares Cabral naquelas terras em abril de 1500. Uma das mais diferentes é a visita à Reserva Indígena Pataxó da Jaqueira, localizada a apenas 12km do centro da cidade.
Os turistas são recebidos na comunidade indígena por índios devidamente pintados e enfeitados com cocares e demais adereços. Apesar de ser um passeio simpático, fica a impressão de que metade do que eles mostram é o que os visitantes gostariam de ver. Até porque, diferente de outros tempos, os índios de hoje sobrevivem do turismo. E não faz sentido andarem de sunga e biquíni enquanto usam saias de palha cobrindo as partes íntimas.
De qualquer forma, dá para descobrir algumas curiosidades sobre o modo de vida dos pataxós: os índios mostram se são casados ou solteiros - não existe a categoria viúvo - pelo tipo de pintura no rosto. Quem fica interessado em alguém precisa de paciência para mostrar suas intenções de namorar: depois de algum tempo paquerando a pessoa de longe, o índio joga uma pedrinha. Se ela for jogada de volta, pode ficar feliz. Caso contrário, melhor partir para outra.
No final, os índios fazem uma performance, apresentada como uma espécie de agradecimento aos visitantes, que são convidados a se juntar à dança tradicional. Com entrada paga, o passeio é interessante, mas precisa ser agendado com alguma agência de turismo de Porto Seguro.
Terra à vista
Outra atração temática da cidade é o Memorial da Epopeia do Descobrimento, com ingresso a R$ 10**. Localizado na praia do Cruzeiro, é mantido por particulares, sem o apoio financeiro do governo. A ideia é resgatar as memórias do nascimento de nosso País e, para isso, simpáticos guias começam a visita contando a nossa história na linguagem de cordel.
O grande destaque é uma réplica, em tamanho natural, da Nau Capitania, a embarcação que trouxe Pedro Álvares Cabral e sua tripulação ao Brasil. Dá para visitar por dentro e imaginar como teria sido participar daquela viagem. No entanto, precisa de um pouco mais de investimento. No dia em que a reportagem visitou o local, um pedaço grande de madeira se desprendeu do mastro da caravela, e por pouco não causou um acidente.
Já o Centro Histórico de Porto Seguro, localizado na Cidade Histórica, foi o primeiro núcleo habitacional do país. Possui diversas casinhas coloridas, réplicas das que eram encontradas nos velhos tempos. Atualmente, a maioria costuma abrigar pequenas lojas.
Ao lado da Igreja da Pena fica a Casa de Câmara e Cadeia, que hoje abriga o Museu de Porto Seguro. A parte mais interessante da visita está no térreo e mostra o local onde as pessoas autuadas pelas leis da época ficavam presas. A diferença é que, naquele tempo, não existia porta na cela e os condenados entravam com a ajuda de uma escada pelo teto. Todos ficavam juntos em uma espécie de quadrado, sem ventilação, e muitos acabavam morrendo pela falta de condições sanitárias.
Caindo na night
Agora, se a sua meta for mesmo descobrir o que a noite de Porto Seguro tem, não se anime muito. A principal atração da cidade é a Passarela do Descobrimento, um de seus cartões postais mais famosos. A partir das 18h instala-se no local uma feirinha de artesanato, onde o turista pode conferir um pouco da produção local, tanto de gastronomia quanto de artesanato. Quem curte beber também pode experimentar o famoso "capeta", bebida típica feita com vodca, guaraná em pó, leite condensado e uma fruta da época.
Caso prefira algo mais animado, melhor pegar a balsa para Arraial d'Ajuda, um dos distritos de Porto Seguro. Mas só vá se tiver como circular por lá, pois são 5km até o centro, sem a ajuda de um eficiente transporte público. Melhor fechar um táxi ou algum transfer em grupo com pessoas do próprio hotel. No local, um dos principais atrativos é a rua do Mucugê, cujo forte é a gastronomia, mas que também está cheia de bares temáticos, que tocam rock, jazz, blues e MPB.
* A jornalista viajou a convite da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Porto Seguro
** Preço consultado em outubro de 2015
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