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Muito além de maconha e tulipa: conheça passeios do lado B de Amsterdã

Claudia Assef

Colaboração para o UOL, de Amsterdã

13/11/2015 19h41

Terra do turismo “legalize”, das tulipas que se espalham por toda a cidade e da prostituição organizada no Red District Light (Distrito da Luz Vermelha, em tradução livre). Se você acha que os grandes hits da capital da Holanda se resumem a estes itens, está mais do que na hora de conhecer de perto a cidade que recebeu cerca de 14 milhões de turistas somente em 2014, de acordo com dado da NBTC Holland Marketing, o escritório oficial de turismo do país.

Para começar, Amsterdã foi considerada a 5ª cidade mais segura do mundo pelo Safe Cities Index 2015, estudo promovido recentemente pela Economist Intelligence Unit. E, quando se fala em segurança, não se trata apenas da ínfima chance de a sua carteira ser surrupiada, mas também de assuntos relacionados à sua integridade física.

Depois, a cidade tem alguns dos pontos turísticos mais visitados do Velho Continente, como a residência onde Anne Frank viveu, a casa do pintor Rembrandt, os museus Van Gogh e Rijksmuseum, a fábrica original da Heineken (Heineken Experience), o Vondelpark... contudo, saiba que Amsterdã é muito mais do que tudo isso.

Enquanto você junta grana para partir rumo ao Aeroporto Schiphol, considerado um dos principais da Europa, aqui vão algumas dicas de passeios e informações do lado B desta capital que, não é à toa, ganhou para si o bordão de “cidade pequena, coração grande”.

Cidade da breja
Sim, cerveja é um assunto bastante sério em Amsterdã. A Holanda é um dos maiores exportadores mundiais do néctar maltado, enviando para outros países 1,3 bilhão de litros da bebida, duas vezes mais do que o segundo colocado mundial, que é os Estados Unidos.

Portanto, um dos esportes mais indicados é sentar em um dos 1.500 bares, cafés e restaurantes da cidade para apreciar um bom copo de cerveja local. Alguns dos mais legais estão no bairro Leidseplein, o mais agitado à noite.

Gatos navegadores
A cidade tem uma alta quantidade de casas-barco, com quase três mil residências flutuando sobre seus canais. Talvez a mais curiosa seja a Poezenboot, uma casa fluvial que abriga gatos de rua.

Como o barco dos gatinhos sobrevive de doações, os amantes dos felinos podem mandar uma grana para ajudar clicando neste link.

Especialistas em museus
Amsterdã é uma das cidades com mais museus por metro quadrado do mundo. Então, não pense duas vezes na hora de se jogar em um dos 51 prédios que abrigam algumas das coleções mais ricas do mundo. No Museumplein, o “bairro dos museus”, convivem pacificamente acervos de incrível valor histórico como o museu Van Gogh, casa Rembrandt e Rijksmuseum, entre outros.

Contudo, também existem alguns de conteúdo bastante peculiar, como é o caso dos museus do queijo (foto), das tulipas, da prostituição, dos canais, das bolsas e carteiras, do diamante, da Heineken e, claro, o museu da maconha e do haxixe.

Beck? Sim! Cigarro? Não!
A maioria das pessoas sabe que é possível comprar e fumar um baseado em um dos quase 200 coffeeshops de Amsterdã, certo? O que talvez poucos tenham conhecimento é que nesses lugares cigarro normal, de tabaco, é totalmente proibido. Além disso, a venda de bebidas alcoólicas também não é permitida.

Em Amsterdã, baseado não é bagunça, não. Cada um custa em torno de 4 euros* e você pode escolher entre as graduações “suave”, “média” e “porrada” da maconha. Também é permitido aos cidadãos locais cultivar a erva em casa para consumo próprio.

Larica mais gostosa do mundo
Quem já ganhou de presente um pacote de stroopwafell de algum amigo ou parente que chegou de Amsterdã sabe do que estamos falando. Trata-se do paraíso em forma de larica.

Duas camadas waffle prensadas, tendo como recheio uma calda cristalizada que leva manteiga, açúcar e canela. Essa delícia foi inventada na cidade de Gouda (a mesma do queijo) por um padeiro local em 1840 e, até hoje, é o doce mais conhecido da Holanda. Vale cada caloria consumida.

Comerciantes por natureza
O conceito de mercado de bolsa de valores que conhecemos hoje nasceu originalmente em Amsterdã, no ano de 1602, quando as primeiras ações que se tem notícia foram emitidas pela Dutch East India Company (Companhia Holandesa das Índias Orientais), que operou transações com papéis garantidos pelo governo holandês.

De olho no mercado de especiarias das Índias, a empresa mantinha na cidade navios imensos, usados para transportar, além de temperos, seda e ervas do oriente durante a “era de ouro” de Amsterdã. Uma réplica dessas navegações em tamanho real pode ser vista no Het Scheepvaartmuseum (foto).

Água que não acaba mais
Amsterdã nem se gaba muito disso, mas a cidade tem mais canais do que a própria Veneza, o que lhe valeu o apelido de “Veneza do Norte”. Então, não fique com medo de parecer turista e agende um horário em um dos muitos passeios de barco que a cidade oferece, que são para todos os gostos e bolsos.

No caso de turmas pequenas ou casais uma boa alternativa são os barcos do capitão Reinhard Spronk e sua esposa, Miloe. Se você preferir uma opção mais refinado, também estão disponíveis passeios em grandes e chiques embarcações.

Meio tortinha
Amsterdam precisou de enormes diques para ser construída, pois ficava abaixo do nível do mar. Tanto que o ponto mais baixo da cidade está localizado 6m abaixo do oceano. Uma visita às Dancing Houses, um conjunto de sete casas tortas que ficam uma ao lado da outra, dá a dimensão do problema.

A verdade é que parte da cidade está afundando lentamente sobre suas pilastras, ainda que de forma controlada. Basta observar para notar várias casas meio tortas pela cidade. 

Gim, mas pode me chamar de Jenever
Não deve ser por acaso que o gin foi inventado na Holanda. O nome original “jenever” ainda é usado pelos locais e o país tem uma infinidade de rótulos. Uma das bebidas mais fortes e perfumadas do planeta, foi criada para fins medicinais ainda no século 16.

Você deve estar se perguntando se eles têm um museu dedicado à bebida. A resposta é: claro que sim! Um passeio pelo House of Bols (a marca mais tradicional) pode ser agendado neste link.

Cactos de Jesus
O Hortus Botanicus de Amsterdam é um dos jardins botânicos mais antigos do mundo, fundado em 1638. É lá que vivem alguns cactos que, segundo biólogos, têm mais de dois mil anos.

A coleção conta com mais de seis mil tipos de plantas e há uma programação especial para ensinar botânica para crianças. Passeio perfeito se você pretende conhecer Amsterdã com a família.

Bike para todos os lados
Talvez um dos únicos riscos para turistas estreantes em Amsterdã seja tomar uma buzinada de uma das milhares de bicicletas que circulam pela cidade. Até porque este é o terreno delas, seja nas muitas ciclovias – alocadas tanto nas ruas quanto nas calçadas – ou em qualquer lugar. Segundo dados da prefeitura, 58% da população circula diariamente de bike pelas ruas.

O resultado é que este meio de transporte se tornou parte integrante da paisagem da capital da Holanda, tanto ou até mais que os canais, pontes e coffeeshops, sendo usado, literalmente, por todo tipo de gente: pais com vários filhos (fazendo uso de um tipo de carriola), idosos, crianças ou turistas. Todo mundo entra na dança nesta que é uma das cidades que mais pedala na Europa. 

Cemitério de duas rodas
Muita gente acaba largando bicicletas velhas para trás e as grades que rodeiam os canais da cidade estão entre os pontos preferidos. O resultado é que existe um verdadeiro ferro-velho de bikes mergulhadas nas águas de Amsterdã. Todos os anos a prefeitura retira mais de 12 mil carcaças delas dos canais.

Mas se você estiver passando alguns dias na cidade, e não tem nenhuma disponível para andar por lá, sem problemas. O aluguel de um modelo mais básico em uma das muitas lojas especializadas da capital da Holanda sai em torno de 10 euros a diária. Procure uma loja Green Budget Bikes ou Mac Bike para sair pedalando com quase zero de burocracia. Basta deixar um documento e passar o valor do depósito no cartão de crédito, apenas como uma garantia de que você devolverá a bicicleta.

*Preço pesquisado em novembro de 2015.