Dona da praia mais linda do mundo, Turks e Caicos seduz ricos e famosos
O slogan do destino diz: Turks e Caicos – bonito por natureza. Seria um maroto plágio da célebre frase da canção composta por Jorge Ben Jor, “País Tropical”? Pura bobagem. Basta uma olhada da janela do avião, pouco antes de aterrissar em Providenciales, para perceber que não se trata de propaganda enganosa. Praias de areias brancas e com uma das águas mais transparentes do Caribe se espalham por 40 ilhas de um arquipélago ainda pouco conhecido no Brasil.
E é essa tranquilidade tropical que tem encantado viajantes que fogem de lugares badalados da América Central, em busca de um Caribe onde o excesso é apenas a contemplação da natureza. Prova disso é que artistas como o ator Bruce Willis, o Rolling Stones Keith Richards, o cantor Prince e a estilista Donna Karan compraram suntuosas vilas por lá, tentando escapar um pouco dos holofotes.
Território ultramarino do Reino Unido, esse pequeno paraíso localizado ao sul de Bahamas e a leste de Cuba não tem nada de inglês. A não ser o fato do trânsito seguir a mão esquerda, embora a maioria dos carros venha dos Estados Unidos.
A moeda local é o dólar e o sotaque da pequena população - estimada entre 35 e 42 mil habitantes - também lembra o inglês americano. Aliás, é o público dos Estados Unidos que, disparado, mais visita o destino, conhecido entre eles como TCI – sigla para Turks and Caicos Islands.
A rival de Noronha
Grace Bay conquistou o ouro na eleição da praia mais cobiçada em 2015, na pesquisa com viajantes do site Tripadvisor. Após ter levado a prata no ano anterior, perdendo para a Baía do Sancho, em Fernando de Noronha (PE), o local acabou superando a brasileira, invertendo posições na preferência dos turistas.
Obviamente que há muita subjetividade em concursos de beleza, mas seus 8km de areia branca, banhadas por um mar de azul que hipnotiza, compõem um cenário inegavelmente apaixonante.
Não há muito o que fazer por lá, e a ideia é essa mesma. Entre se refrescar nas piscinas dos resorts e uma caminhada despretensiosa pela orla, os mais animados podem se aventurar em um pacato mergulho de snorkel - onde certamente irão ver tartarugas - ou até em voos de parasail (esporte em que a pessoa é puxada por uma lancha enquanto voa de paraquedas) e pescarias em lanchas, atrás de peixes de águas profundas, que estão a poucos quilômetros da costa.
Provo, onde quase tudo e quase nada acontece
Providenciales, ou ‘Provo’ foi eleita a melhor ilha para se visitar em 2015 pela mesma pesquisa do TripAdvisor. O local possui um aeroporto público e dois privados que, juntos, recebem a terceira maior frota de aviões particulares do Caribe, sempre recheados de celebridades e milionários. Nela também estão quase todos os hotéis, além de um centrinho que possui lojas, dois bares e um pequeno cassino.
Também ficam por ali as duas únicas baladas locais: o Club Med e o descolado quiosque Bugallo. Entre os cartões-postais estão as praias Long Bay, paraíso do kitesurf, e a desejada Grace Bay. Existem ainda mais de 80 restaurantes na região, muitos deles com requintados menus em luxuosos hotéis, mas acessíveis também para quem não é hóspede.
Iguaria diferente
O verdadeiro protagonista da culinária local não é exatamente conhecido por sua beleza. Pratos como a salada de caramujo, preparada como um ceviche, ou o Conch Chowder (densa sopa feita com o molusco), estão entre as versões elaboradas com a iguaria presentes em todos os estabelecimentos de gastronomia.
A cultura é tão presente que existe na ilha a única fazenda de caramujos do mundo, cuja visita é imperdível e custa US$ 12 (preço consultado em dezembro de 2015; R$ 47, em valores convertidos em 25/02/2016). Além de conhecer todo o ciclo de crescimento do animal, que, em alguns casos, pode chegar aos 40 anos de vida, essa talvez seja a sua única oportunidade de ver de perto um deles colocar a cara para fora da concha, mostrando seus cativantes olhos em performances curiosas. Isso porque, na natureza, ele é tímido e medroso, sendo raramente visto fora de seu exoesqueleto.
Contudo, tenha cuidado ao escutar de algum garçom que o caramujo ou “conch” veio da fazenda, uma mentira muito comum contada por lá. A verdade é que toda a produção do local acaba direcionada para os Estados Unidos e Japão, e o que se come no destino vem da pesca selvagem liberada na região.
Segundo um biólogo que não quis se identificar, embora exista uma vasta população do animal em TCI, alguns estudos apontam que o aumento do consumo tem reduzido drasticamente essa produção, visto que os restaurantes chegam a utilizar 700 moluscos por dia na alta temporada.
Com o intuito de manter o controle, o governo proíbe a exportação de caramujos durante alguns meses do ano, mas libera a captura para atender à demanda local.
Transparência em outra dimensão
Para os amantes do mergulho, as experiências costumam ser singulares nas águas de Turks e Caicos, considerada uma das mecas desse esporte no planeta. A visibilidade chega a até 40m, o que faz o visual lembrar uma piscina. Isso porque, além da alta concentração de areia branca no fundo, não existe água doce nas ilhas – o que evita que os rios despejem sedimentos na região costeira.
Se não bastasse isso, o arquipélago ainda possui o terceiro maior sistema de corais do mundo, com fauna e flora bem preservadas, e com paredões que começam com 10m e chegam a quilômetros de profundidade.
“Existem mergulhos para todos os níveis e em todas as ilhas”, revela a instrutora argentina Samantha Kildegaard, que vive em Provo há dois anos. Entre janeiro e março, os afortunados também podem acompanhar a presença de baleias jubartes em locais como French Cay e Grand Turk.
Aluguel de famosos
A oferta de acomodações de luxo é marca emblemática de TCI. A maioria dos projetos permite que compradores também disponibilizem suas vilas ou suítes para locação. Verdadeiros oásis de celebridades entram na lista de casas cobiçadas.
A diária em uma vila com 21 quartos estilo "pé na areia", por exemplo, pode chegar a até R$ 180 mil. Os valores de certas hospedagens impressionam, mas não afugentam turistas brasileiros, que já ocupam a quarta posição em número de visitantes do destino. Só entre 2013 e 2014, foram 2.700 pessoas vindas do Brasil. E o objetivo do governo local é deixar esse paraíso azul cada vez mais verde-amarelo.
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