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No verão da Noruega dá para esquiar e até nadar em cenário inspirador

Carlos Marcondes

Colaboração da UOL, da Noruega*

01/07/2016 19h35

Na Noruega, certas tradições nunca foram abandonadas e o esqui é uma delas. Por lá, costuma-se ouvir que o norueguês nasce com um par de madeiras nos pés. Pode até não ser verdade, mas lugar para treinar é que não falta. Especialmente nas mais de 200 estações para os amantes do esporte, onde a natureza é soberba e filas são incomuns.

O chamado circuito “fora de pista” ainda possui um privilégio encontrado em poucos lugares: o de poder desfrutar dos prazeres da neve durante todo o ano, bem longe das multidões de locais mais badalados, como França, Itália ou Estados Unidos.

Apesar da temporada de neve se encerrar oficialmente no mês de maio, duas estações abrem exclusivamente no verão: a belíssima Fonna Ski Resort, localizada no meio de uma espetacular geleira, e a Stryn Summer Ski, que é pequena e naturalmente linda.

A grande vantagem é que nessa época do ano as temperaturas são bem mais amenas, tornando possível esquiar durante todo o dia, e ainda dar-se ao luxo de nadar no final de tarde no suntuoso Hardanger Fiorde, por exemplo.

Desbravando a natureza

Na estação de Voss, cidade considerada como uma das capitais mundiais de esportes radicais, pausa para um merecido chocolate quente - Carlos Marcondes/UOL - Carlos Marcondes/UOL
Na estação de Voss, pausa para um merecido chocolate quente
Imagem: Carlos Marcondes/UOL

Para quem for no inverno, que começa a partir de novembro, duas estações próximas a Bergen, a segunda maior cidade norueguesa, são excelentes opções para integrar a experiência de esquiar e desbravar os fiordes. 

Voss fica em meio a um belo cenário: um incrível lago congelado de um lado e aos pés das montanhas de outro, com direito a 11 elevadores e 21 pistas esquiáveis.

Já a estação de Myrkdalen, vizinha de Voss e com estrutura focada em famílias, possui neve abundante, facilmente com mais de três metros de espessura, mesmo estando apenas a 450m acima do nível do mar.

Durante os finais de semana de inverno, suas pistas abrem no período da noite e os raros brasileiros dividem as pistas de esqui com noruegueses e holandeses, quase que a maioria absoluta no resort.

História viva

No Sognefjord fiorde, região tombada pela Unesco, a desbravagem pelas águas leva até pequenas vilas de pescadores que outrora foram palco de mercantes vikings - Carlos Marcondes/UOL - Carlos Marcondes/UOL
Vilas de pescadores que outrora foram palco de comerciantes vikings
Imagem: Carlos Marcondes/UOL

Um dos charmes da Noruega é que, entre uma esquiada e outra, é possível explorar os canais que por séculos foram dominados por navios viking. Hoje, quem comanda as águas salgadas, com trechos de 1.300m de profundidade, são golfinhos e focas, além dos tradicionais peixes bacalhau e salmão.

Outro passeio emblemático no país é o caminho que leva até a pequena vila de Flam, um povoado de 350 habitantes visitado por mais de um milhão de turistas por ano.

Da estação de Myrdal, perto de Voss, a jornada começa pelo histórico trem Flamsbana, eleito o mais belo do mundo pelo guia Lonely Planet e figura entre as top cinco experiências cênicas de ferrovias nas principais publicações de turismo. O trajeto, de 20km, passa por 20 túneis que levaram exatamente 20 anos para serem construídos.

O trem verde da histórica linha Flamsbana leva à vila de Flam. Esta é considerada uma das viagens ferroviárias mais lindas do mundo - Divulgação - Divulgação
O trem verde da histórica linha Flamsbana leva à vila de Flam
Imagem: Divulgação

Ao desembarcar na cidade, é impossível não se emocionar com a impactante vista dos Aurlandsfjorden, que são braços do Sognefjord, simplesmente o segundo maior fiorde do mundo, com 205km de extensão. Ele perde apenas para um na Groelândia, que em muitos trechos fica congelado por quase todo o ano. O cenário é Patrimônio Mundial da Unesco e inspirou os produtores do longa-metragem de animação “Frozen – Uma Aventura Congelante”.

Para os mais ativos, um dos roteiros possíveis é fazer uma caminhada com sapatos de neve pelas montanhas geladas pela manhã, tendo a pintura dos fiordes aos seus pés. Durante a parte da tarde, também dá para embarcar em uma lancha rápida para visitar vilas históricas pelos fiordes, que outrora foram terras vikings.

O dia pode terminar com a degustação do famoso queijo marrom da região, feito com leite de cabra, que é harmonizado com uma típica bebida quente de groselha da região. Ainda dá para brindar no único pub da Vila de Flam com a artesanal Aegir, cerveja local aclamada como uma das melhores da nação, perfeita para fechar uma jornada bem ao estilo nórdico.

A bela das 7 montanhas

Vista da cidade de Bergen desde o mirante no topo do monte Floyen - Divulgação/VisitBergen - Divulgação/VisitBergen
Vista da cidade de Bergen desde o mirante no topo do monte Floyen
Imagem: Divulgação/VisitBergen

Cercada por gigantes e banhada por fiordes, Bergen possui quase um milênio de história. Fundada em 1070, ela já foi o centro do comércio de bacalhau da Europa durante os quatro séculos de domínio alemão. Atualmente, é um dos principais centros culturais da Escandinávia, com museus de acervos importantes, como o do pintor Edvard Munch, além de contar com descolados bares e restaurantes que oferecem exemplos da chamada neo nórdica gastronomia, orientada a pescados e frutos do mar.

A cidade é a portão central para se desbravar os fiordes noruegueses. Apesar da chuva presente quase todo o ano, é simpática e alegre, de fácil locomoção para acessar rodovias e a estação de trem que leva aos atrativos no canto sul do país.

Duas ou três noites são suficientes para ter experiências imperdíveis, como o mercado central de peixes, onde o turista brasileiro finalmente comprovará que o bacalhau tem mesmo cabeça. Vale também pegar o funicular até o Monte Floyen para encarar um mirante incrível que abraça a cidade.

De lá, partem trilhas para os populares hiking nas montanhas. E não há como não mencionar as pequenas casas coloridas históricas - as famosas Briggen, que dão vida ao centro e são Patrimônio Mundial da Unesco. Trata-se de um merecido reconhecimento mundial, em um país naturalmente esculpido para impressionar.

*O jornalista viajou à convite do Visit Norway, organismo oficial de promoção turística do país, e da KLM Royal Dutch Airlines