Caribe sem muvuca: Belize tem mergulho, história maia e passeio em cavernas
Existem muito mais semelhanças do que você pode imaginar entre o Brasil e o desconhecido Belize, na América Central. É basicamente como chegar em algum endereço do Nordeste brasileiro, mas com sotaque crioulo - idioma derivado do inglês, com influências africanas - e mar do Caribe na porta de casa.
Espremido entre o México e a Guatemala, Belize é uma antiga colônia britânica que abriga diferentes ecossistemas: tem a costa litorânea com manguezais; colinas e montanhas no sul; e o maior sistema de cavernas da América Central.
Além disso, possui uma população multiétnica que se expressa com uma sonora mistura de idiomas (inglês, crioulo, espanhol, garífuna), áreas virgens protegidas, praias de areias brancas, águas transparentes, e até uma cozinha que tem jeito (e ingredientes) de comida brasileira.
Mas não espere encontrar grandes resorts com recreação na beira da piscina, cadeias internacionais de fast food ou qualquer outra muvuca turística que costuma congestionar os destinos caribenhos vizinhos. Muito mais tranquila, Belize está apta a se tornar um dos locais mais promissores do cobiçado Caribe. Confira 10 experiências imperdíveis por lá!
1. Visitar um museu a céu aberto
Terra de maias desde 1500 a.C., Belize é uma espécie de museu arqueológico a céu aberto. Com apenas 298 km de comprimento, o país conta com 1.400 sítios arqueológicos, muito deles ainda escondidos em selvas tropicais.
Os especialistas afirmam, inclusive, que o país tem mais construções maias do que edifícios modernos. O mais famoso é o Parque Nacional Chiquibul, no distrito de Cayo, próximo a Guatemala.
Considerado uma das atrações mais importantes em todo o país, ele possui 10 mil estruturas maias, aproximadamente, como observatórios astronômicos e peças originais com escritas e representações de rituais em alto-relevo.
É ali que se encontra o templo Caracol, principal área maia de Belize e que chegou a contar com 150 mil pessoas. Curiosamente, esse local abriga até hoje a maior construção de todo o país: a pirâmide Caana, com 43m de altura.
Se for encarar os exigentes degraus de pedra até seu topo, prepare-se para vistas panorâmicas únicas da Reserva Florestal de Chiquibul. Distante de centros urbanos e com floresta densa de difícil acesso, a região costuma receber poucos visitantes e faz com que eles tenham um sítio arqueológico quase que exclusivo.
2. Explorar uma caverna submersa
Antigas áreas sagradas de sacrifícios humanos, as cavernas são outro atrativo popular de Belize. Localizada na Mountain Pine Ridge Forest Reserve, uma reserva florestal da região sul do país, a Barton Creek conta com uma inusitada navegação em canoas por seu interior alagado. Lá dentro, dá para ver ossos esculpidos de animais, esqueletos humanos calcificados e trabalhos artísticos feitos pelos maias, como cerâmicas.
Sem luz em seu interior, o passeio em que os corredores são iluminados pela lanterna controlada pelo próprio visitante é uma das experiências mais fascinantes do destino. Mais informações: www.bartoncreekcave.com
3. Fazer tirolesa no meio de uma floresta
Belize também é endereço de atividades únicas, como a tirolesa sobre as copas das árvores do Parque Nacional Mayflower Bocawina, uma área de quase 3 mil hectares no Distrito de Stann Creek.
O trajeto de 4km de extensão e 1h30 de duração é considerado o mais longo do país, sendo composto por 12 plataformas e 8 tirolesas sobre a floresta. Prepare-se ainda para fazer para um rapel curto durante o tour. Mais informações: www.bocawina.com.
4. Mergulhar ao lado de moreias, polvos e até baleias
O oceanógrafo Jacques Cousteau afirmou, certa vez, que Belize possui um dos quatro melhores pontos de mergulho do mundo. E é debaixo d'água que a gente se convence que não é exagero. Com água de temperatura média de 26°C e dona da maior barreira de corais do Hemisfério Norte, Belize abriga um mar ideal tanto para a prática de snorkeling quanto para mergulhos mais profundos, feitos por viajantes certificados.
Um dos melhores pontos é a Silk Caye Marine Reserve, área preservada do sudeste do país, a 36km da cidade de Placencia, em Stann Creek District. É ali que paredões profundos e cânions marinhos se exibem em mergulhos de mais de 30m de profundidade na impressionante North Wall, considerada um dos melhores mergulhos de Belize.
Entre as espécies encontradas em abundância estão curiosas moreias, meros, dóceis tubarões lixa, polvos, tartarugas cabeçudas e uma variedade de corais de diferentes formatos e cores. O tubarão-baleia, por exemplo, pode ser visto entre março e junho, em dias de Lua Cheia. Para mergulhos mais rasos, tente o White Hole, um grande buraco de areia com até 15m de profundidade. Mais informações: www.splashbelize.com.
5. Caribe sem muvuca
Com pouco mais do que 320 mil habitantes e uma mistura que inclui maias, mestiços, crioulos e hispânicos de países vizinhos, Belize abriga a menor densidade populacional de toda a América Central.
De acordo com dados oficiais, são, aproximadamente, 14 pessoas por km². Na prática, isso significa dizer que você corre o prazeroso risco de ser o único humano a circular por atrações turísticas como praias e sítios arqueológicos.
6. Nadar em praias caribenhas
Com mais de 200 ilhas e protegido por uma barreira de corais com 290 km de extensão, Belize conta com praias de águas calmas e transparentes, onde é possível praticar atividades como snorkeling, mergulho livre, caiaque e esportes como windsurfe.
Segundo moradores locais, tanto as praias do setor sul de Belize como as do vilarejo de Hopkins são as mais indicadas para quem procura sossego longe do turismo estrangeiro, que vem crescendo no norte do país.
Já quem procura agito e vida noturna deve seguir para as ilhas do norte, como Ambergris Caye, onde fica San Pedro, cidade que abriga a maior concentração de hotéis e agências de mergulho do país.
7. Comer arroz e feijão com tempero caribenho
Multicultural do lado de fora, Belize é variada também na hora de pôr a mesa. Um dos pratos mais populares entre os locais é uma combinação já bem conhecida em terras brasileiras: arroz e feijão, servidos com frango ensopado e banana frita.
Basta pedir “rice and beans” (“arroz e feijões”, em português) para brasileiros terem à mesa um velho conhecido, mas com sabores do Caribe. Outra tradição belizenha é a Cowfoot Soup, uma espécie de sopa de pata de vaca cozida com vegetais, coco e pimenta.
O encontro das culturas maia, mestiça e espanhola pode ser provado em pratos como o escabeche, frango feito em um caldo com cebolas no vinagre e especiarias; e a chimole, uma sopa de cor escura com raízes e black recado, uma típica mistura de temperos de origem maia feito com pimenta tipo ancho, ardidíssima e de sabor meio defumado. Mas pode ficar tranquilo: se novidades não forem a sua praia, a cozinha regional conta também com opções como frutos do mar, peixes e lagostas.
8. Verão quase todo dia
A temperatura média anual é de 29°C, podendo ultrapassar os 30°C durante o verão, que acontece entre maio e setembro. O inverno vai de novembro a março, quando o visitante nunca é surpreendido com temperaturas inferiores aos 16°C.
Já a temporada de chuvas acontece de junho a dezembro, com temporais nos finais de tarde e maior índice pluviométrico entre junho e início de julho. Por fim, a época seca vai de fevereiro a maio.
9. Dançar ritmos tradicionais
A aldeia pesqueira de Hopkings é endereço de um dos grupos étnicos mais influentes do país, os garífunas, resultante da miscigenação de caraíbes, arauaques e negros africanos que, atualmente, se espalham ao longo das costas de Belize, Honduras e Nicarágua.
As apresentações de sua vibrante música Punta, tocada com tambores, podem ser vistas nas areias das praias de Hopkings, no distrito de Stann Creek, no sul de Belize, onde o povo garífuna ainda usa trajes típicos como os coloridos dashiki (camisa exclusiva para homens), shegidy (blusa feminina) e gudu (saia). Desde 2001, sua língua, dança e música foram declaradas Patrimônio Imaterial da Humanidade, pela UNESCO. Mais informações sobre dança garífuna: www.lebeha.com.
10. Caminhar na rua mais estreita do mundo
Localizada na simpática cidade de Placencia, no sul de Belize, a Sidewalk Placencia é declarada pelo Livro dos Recordes com a “rua mais estreita do mundo”.
Essa plataforma de madeira com apenas 50cm de largura é um dos pontos de encontro da região, rodeada por casinha coloridas de madeira que abrigam cafés, restaurantes e meios de hospedagem.
COMO CHEGAR
Não existem voos diretos entre Belize e o Brasil. Assim, o caminho mais curto é voar até a Cidade do Panamá, principal polo aéreo da América Central e que conta com voos diretos partindo de São Paulo.
Dali é necessário seguir em voos até Belize, em uma viagem de pouco mais de duas horas de duração. Desde dezembro de 2015, a Copa Airlines conecta, sem escalas, Belize com a Cidade do Panamá, em dois voos semanais.
DOCUMENTOS E MOEDA
Não é necessário visto para entrar no país. Brasileiros podem ficar por até 60 dias, desde que tenham um passaporte válido por pelo menos três meses após a data de chegada. A moeda local é o dólar de Belize ($1 USD = $2 Belize)
IDIOMA
Única nação da América Central que tem o inglês como língua oficial, Belize também fala crioulo belizenho (kriol), que é derivado do inglês e de idiomas africanos. Lá, um conhecido good morning se transforma em um sonoro "Gud Mawnin". Devido à proximidade com países hispânicos, o espanhol também é falado por boa parte da população.
QUANDO IR
O período de chuvas na região acontece entre junho e novembro. No entanto, se a ideia é mergulhar, melhor ir na temporada mais seca, entre fevereiro e julho.
CUSTOS
Belize é famoso justamente por não ostentar, tanto que não existem os grandes resorts, tão comuns no resto do Caribe. Um almoço sem luxo, feito após um tour nas cavernas da Mountain Pine Ridge Forest Reserve, sai por cerca de US$ 9 em média (R$ 29, em valores convertidos em 17/08/2016) no local.
SAIBA MAIS
Turismo oficial de Belize
www.travelbelize.org
*O jornalista viajou a convite da Copa Airlines e com apoio da GTA – Global Travel Assistance
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