Do Chile a Argentina: roteiro cruza os Andes e tem belas paisagens
Poucas décadas depois de seus antepassados terem chegado da Alemanha para colonizar os arredores do lago Llanquihue, o chileno Don Carlos Wiederhold partia para outra jornada. Cruzar a Cordilheira dos Andes para conhecer as paisagens do lago Nahuel Huapi. Encontrou uma região bela e despovoada, onde decidiu se estabelecer, em 1895. Lá Don virou San e no lugar onde montou seu armazém nasceu a cidade de San Carlos de Bariloche - que em mapuche, a língua dos nativos da região, significa "gente do outro lado da montanha".
Existem formas mais fáceis de chegar ao destino de férias preferido dos brasileiros que buscam neve. Quatro horas e meia de avião ligam São Paulo a Bariloche. Mas a rota percorrida por Don Carlos ainda está lá. No lugar de trilhas abertas a facão e um bote, estradas pavimentadas e barcos climatizados. O que pouco mudou foi a paisagem, com lagos coloridos em tons de azul e verde, rios, cachoeiras, picos nevados e os monumentais vulcões. A natureza convida a seguir pelo caminho longo.
Puerto Varas
A jornada começa pouco mais de mil quilômetros ao sul de Santiago, Puerto Varas, capital turística do sul chileno, no limite norte da Patagônia chilena. Nem precisa rodar muito para perceber a influência colonial. Desde o aeroporto, saindo de Puerto Montt, vê-se que quase todas as casas são de madeira - ou imitando o material, com estilo remetendo à arquitetura de montanha dos Alpes.
A influência também está na gastronomia. Não deixe de passar em um dos cafés da cidade, especializados em doces alemães, com biscoitos, bolos, geleias artesanais e a principal iguaria, o kuchen, uma espécie de torta com frutos silvestres da região. A culinária se complementa com a tradição de boas carnes do sul do Chile e os frutos de mar vindos da baía de Puerto Montt. O turismo pelo paladar fica completo nas cervejarias artesanais com sotaque germânico.
É ao chegar à beira do lago Llanquihue que a natureza encanta pela primeira vez. Nos dias sem muitas nuvens, dois grandes vulcões preenchem o horizonte: Calbuco e Osorno. Este segundo é uma das principais opções de passeio na região. Durante os meses de inverno funciona como estação de esqui, com opções de pistas para todos os níveis. Mas, mesmo no verão, com as pistas fechadas, vale a visita para subir até 1.425 metros de altitude pelo teleférico e ter uma vista panorâmica do lago.
Depois de desfrutar tudo que Puerto Varas tem a oferecer, está na hora de seguir o caminho pelos Andes. A jornada dura um total de 13 horas e pode ser feita em um dia. Mas se a ideia é ir com calma, há dois pontos de pernoite na viagem.
O Cruce Andino
O trajeto margeia o lago Llanquihue até a praia da Enseada, onde a estrada segue em direção ao Lago de Todos os Santos. Mas não sem antes fazer uma parada nos belos Saltos de Petrohué. O rio, que nasce no lago, corre por rochas vulcânicas, formando uma sequência de cânions e cachoeiras de águas cor turquesa.
Após duas horas de ônibus saindo de Puerto Varas (dica: sentado no lado esquerdo do veículo você aproveita melhor a vista), chega a hora do primeiro trecho sobre as águas. É preciso cruzar todo o Lago de todos os Santos, que cobre uma área de 178km², em uma viagem de 1h40 até o pequeno vilarejo de Peulla. Por todo o caminho, a companhia dos quatro vulcões da região: Osorno, Calbuco, Puntiagudo e Tronador, o maior de todos, chegando a 3.491 metros de altitude.
Peulla
Do vilarejo de Peulla pouco se vê. Afinal, não há mesmo muito para observar. São apenas 120 habitantes espalhados em casinhas pela região. A atenção fica nos dois hotéis, o Peulla e o Natura - as únicas opções de refeição e hospedagem, e no belo vale do rio, que segue por 16km cordilheira adentro.
Saindo de Peulla, o próximo passo é passar pela imigração. Um posto da polícia de fronteira chilena fica a poucos metros do hotel. O caminho segue sinuoso em meio à floresta, sempre subindo. Alguns sinais de neve derretem na beira da estrada quando uma placa anuncia a fronteira entre Chile e Argentina. Saímos do Parque Nacional Vicente Perez Rosales para entrar no parque Nacional Nahuel Huapi.
O trajeto pode ser percorrido também no sentido contrário, partindo de Bariloche. Mas, seguindo o guia Patrício, sair do Chile é mais recomendado, pois a visibilidade dos vulcões é melhor pela manhã. Ele também prefere fazer o percurso no inverno, quando a paisagem branca contrasta com as folhas avermelhadas da lenga, uma árvore comum na região. No verão, quando chove menos e o calor é maior, o que atrapalha é a mosca tabano, no Brasil conhecida como mutuca.
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