Rota do uísque escocês reúne tour em destilarias e explora paisagem local
Os 3°C de uma manhã de fim de inverno pediam uma corrida de táxi para percorrer a curta distância entre a pequena estação ferroviária de Inverness, a capital das Highlands, na Escócia, e a locadora de carros. “Como vão as coisas hoje?”, quis saber o taxista assim que me sentei ao seu lado - o que comprova a fama dos escoceses serem acolhedores e apegados em um papo. É só dar corda que a conversa rola solta.
Nosso destino é Speyside, no norte escocês, região famosa pelas paisagens naturais, castelos e, acima de tudo, por concentrar grande parte da produção dos melhores uísques do mundo, além de metade de todas as destilarias da Escócia. Uma alternativa para chegar lá é pegar o trem noturno da Caledonian Sleeper, partindo da estação londrina Euston até o centro de Inverness (aproximadamente 11 horas e meia). Chega-se cedo na manhã seguinte, com mais tempo para aproveitar o destino.
Três dias são suficientes para ter um apanhado geral da área, unindo os passeios pelos atrativos ao redor a tours com degustações in loco. Os roteiros padrão pelas destilarias locais abrangem uma aulinha sobre o processo de fabricação, desde a colheita dos grãos à maturação em barris de carvalho, passando por uma visita aos diversos ambientes relacionados a tais etapas e finaliza com uma degustação.
A primeira parada alcoólica é a destilaria Cardhu. O local teve o início de sua produção em 1811, comandada por uma mulher, mas foi vendida em 1893 para John Walker & Sons (do famoso Johnnie Walker). Lá, as boas-vindas são acompanhadas de uma brincadeira sensorial. Sete pequenos potes ficam sobre um antigo barril e possuem “cheiros” que lembram a baunilha, madeira e frutas secas, entre outros.
O visitante é convidado, sem saber de antemão o que o recipiente contém, a tentar acertar cada um deles. O passeio termina com uma volta à casa de Johnnie Walker, com um pouco da história desse que é um dos mais famosos e consumidos uísques do mundo.
Negócio familiar
Outra destilaria bastante conhecida, ao menos entre os “entendidos”, é a Glenfiddich, que se orgulha de permanecer como um negócio familiar desde o início de seus trabalhos, em 1887. Tanto que o tema do vídeo de introdução é a figura de William Grant, seu “patrono”.
Ali, tudo é bastante tradicional: há desde um guia vestindo kilt, a famosa saia escocesa para homens, até a produção própria dos barris de maturação da bebida, algo que poucas destilarias ainda fazem.
Completinho, o tour inclui demonstração da fabricação dos barris e ainda uma prova olfativa. Três tonéis, que serviram de base para uísques maturados por diferentes tempos (pelo menos 12 anos), são dispostos e os visitantes podem, literalmente, enfiar o nariz para sentir o aroma, comparando-o com os demais.
Ainda é possível conhecer uma tanoaria da região, local onde barris de armazenamento são feitos. Como os funcionários recebem por produto finalizado, a rapidez do trabalho chega a impressionar. Depois de assistir a um vídeo detalhando o processo e provocando os sentidos do visitante, caminha-se por um local envidraçado onde é possível ver a produção e reforma dos barris, responsáveis por grande parte do sabor e magia da bebida.
São dois os tipos utilizados: fabricados com carvalho europeu ou americano. Os do Velho Continente geralmente armazenaram anteriormente vinhos xerez (tipo licoroso espanhol), o que dá, a grosso modo, toques de amêndoa, frutas secas e especiarias à bebida. Já o segundo transmite sabores de baunilha e mel, entre outros.
Estilo descontraído
Diferentemente das outras destilarias citadas, a Benromach prega um clima contemporâneo e descontraído. Uma das primeiras a produzir o destilado 100% orgânico na Escócia, possui tours básicos e sem a necessidade de agendamento: basta chegar.
Durante a visita, foi possível perceber que a empresa opta por focar mais no orgulho do produto do que na tradição nacional. “Não insistimos no estereótipo do bebedor do uísque, que pode ser tanto uma mulher mais jovem quanto mais velha”, ressalta Susan Colville, gerente de marca.
Arredores
Mas nem só de uísque vive a região, cheia de atrações. Brodie Castle, por exemplo, é um dos castelos em Speyside abertos a turistas. Seu interior pode ser visitado entre o fim de março e o mês de outubro.
Quando o UOL esteve no local, na primeira quinzena de março de 2016, não conseguiu espiar os cômodos que remetem à vida escocesa a partir do século 16, com mobília francesa, porcelana inglesa e pinturas que remetem à arte holandesa do século 17. Contudo, aproveitou o tempo para caminhar pelos jardins sem nenhum sinal de vida humana nas proximidades.
Já o Gordon Castle ainda vive como propriedade privada. Apenas seu jardim murado, distante da edificação, além de seu café, de menu sazonal com opções de almoço, são acessíveis a turistas.
Pelo menos duas paradas ainda precisam ser acrescentadas com calma no roteiro: a baía de Speyside e o vilarejo de Lossiemouth. A primeira é uma praia de pedras belíssima onde, com sorte, golfinhos e focas podem ser avistados. Já o outro se destaca pela praia de areia e resquícios de vida urbana.
Com vista para o oceano, o restaurante The 1629 serve pratos como os mexilhões ao vinho branco e o espaguete com frutos do mar. Funciona a partir das 18h e, aos domingos, também durante o horário do almoço.
Agora se a ideia é uma refeição com um quê de especial, aposte na Boath House - contemplada com uma estrela no renomado "Guia Michelin". Frutas, ervas e vegetais são colhidos do jardim ao lado, e o mel é proveniente de apiário próprio. No salão, o ambiente tende ao formal e o menu é sazonal. As vieiras graúdas com alho-poró e capim-limão estavam saborosas, a carne de corço (primo do veado), suculenta e ao ponto, e a sobremesa à base de chocolate nada menos que deliciosa.
*O jornalista viajou com o apoio do Visit Britain
http://viagem.uol.com.br/album/guia/2016/04/28/uisque-e-destaque-em-rota-por-destilarias-na-escocia.htm
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