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Vai a Parintins? Manual prepara novatos para encarar ou fugir do espetáculo

Colaboração para o UOL, de Parintins (AM)

15/06/2016 19h10

Conhecido como maior espetáculo da Amazônia, o Festival Folclórico de Parintins acontece, em 2016, entre os dias 24 e 26 de junho. Experimentar ao vivo a vibração das 15 mil pessoas que assistem a outras duas mil sacolejando para apresentar nossas lendas amazônicas é uma experiência que só se tem uma vez na vida.

Mas essa mistura superlativa de ópera popular com carnaval da avenida em plena maior floresta do planeta ostenta peculiaridades curiosas, e desembarcar desavisado pode lhe deixar em uma enrascada. A seguir, algumas dicas básicas para sobreviver, aproveitar e até fugir da festa.

Mais informações sobre a festa: www.parintins.am.gov.br

  • Daniel Nunes Gonçalves/UOL

    Onde sentar?

    Dúvida cruel na hora de comprar o ingresso: em que lado do Bumbódromo sentar? Até marinheiros de primeira viagem têm de decidir de antemão se vão torcer pelo Boi Caprichoso ou pelo Boi Garantido, os grêmios que duelam há mais de 100 anos pela primazia de fazer a apresentação mais impecável. Pesquise e tome partido. E lembre-se: não dá pra virar a casaca depois.

  • Alexandre Vieira/Divulgação Caprichoso

    Com que roupa?

    Uma vez decidido, vista a camisa e bote na mala roupas com a cor e o símbolo do boi escolhido: estrela azul para o Caprichoso, coração vermelho para o Garantido. O tom do boi contrário - primeira palavra que você deve aprender do glossário local - não pode ser vestido jamais. Nem no sutiã ou na cueca. Você pode arrumar confusão se alguém notar em você a cor rival.

  • Daniel Nunes Gonçalves/UOL

    De barco ou avião?

    Seis em cada dez espectadores são manauaras reincidentes, e a grande maioria começa a farra navegando em um dos 300 barcos que viajam 370km desde a capital do Amazonas até a pequena Ilha Tupinambarana, onde fica a cidade de Parintins. Detalhe: a aventura costuma durar 18 horas. Mais descansado chega quem consegue vaga nos voos até Manaus e de lá para Parintins. Como há poucos hotéis, há quem faça bate-e-volta no mesmo dia.

  • Alexandre Vieira/Divulgação Caprichoso

    Que tal um esquenta?

    Se dá bem quem viaja mais cedo, com tempo para conhecer Manaus e a Floresta Amazônica no entorno. A capital entra no clima meses antes, e ali já dá pra sentir o gostinho e decorar as músicas nas prévias do Boi. A galera do Caprichoso capricha nos tambores da chamada Marujada em ensaios abertos às sextas-feiras no Atlético Rio Negro Clube. Já a Batucada do Garantido se garante na percussão aos domingos no Almirante Hall.

  • Daniel Nunes Gonçalves/UOL

    Como entrar no clima?

    Nos "currais", a equipe de cada "bumbá" se esmera nos últimos preparativos para o show da noite. Dar um pulo ali é como visitar o barracão de uma escola de samba do Rio antes do desfile na Marquês de Sapucaí. É nos palcos espalhados com shows de "toadas" e nos bares à beira-rio, no entanto, que se concentram grupos animados de amigos e aquele clima quente de paquera.

  • Daniel Nunes Gonçalves/UOL

    Como o público participa?

    Quando o grande espetáculo enfim acontece, um dos quesitos mais valiosos na disputa dos dois bois é a participação da galera. Leva a melhor a metade da arquibancada que arrasar na coreografia orquestrada por um grupo de animadores. Prepare-se para levantar os braços pra lá, jogar os pompons pra cá, dar uma agachadinha e cantar "ô ô ô". E lembre-se de ficar de bico calado nas 2h30 (!) de apresentação do boi contrário: perde pontos a torcida que prejudicar a rival.

  • Daniel Nunes Gonçalves/UOL

    Cuidado com a Faixa de Gaza!

    De dia, enquanto Parintins se prepara para as três noites de festa, use outras tonalidades para circular sem stress nos dois lados da cidade. Visite a Catedral de Nossa Senhora do Carmo e observe. A partir da igreja, toda a metade Sul da ilha é território vermelho do Garantido. Torcedores do Caprichoso devem se concentrar na metade Norte, onde o calçadão e as bandeirolas são azuis - assim como as casas, as geladeiras e até as roupinhas do bebê ou do cachorro.

  • Daniel Nunes Gonçalves/UOL

    E quando cansar do agito?

    De duas, uma: pegue um barco e fuja para os balneários, onde mergulhar no Rio Amazonas cura qualquer ressaca (uma dose de tacacá com jambu também ajuda); ou relaxe com um banho de cultura no Puxirum Cultural, o lado B da farra. A programação paralela inclui exposições de arte regional, de rua e contemporânea, cinema itinerante e espetáculos de hip hop, dança e balé, que soam como um oásis para dar um tempo da barulheira do Bumbódromo e dos barzinhos.