Topo

São José dos Ausentes recebe visitantes com riqueza da cultura local e belas paisagens

Os paredões e o cânion do Monte Negro marcam as belas paisagens dos Campos de Cima da Serra  - Secretaria de Turismo de Ausentes/Divulgação
Os paredões e o cânion do Monte Negro marcam as belas paisagens dos Campos de Cima da Serra Imagem: Secretaria de Turismo de Ausentes/Divulgação

MONICA SOUZA

Colaboração para o UOL Viagem

09/06/2010 19h53

Vocês fiquem à vontade! É sempre assim que os turistas são recebidos em qualquer uma das fazendas da região dos Campos de Cima da Serra, uma área de paisagens deslumbrantes em meio a paredões e cânions. É lá que se encontra uma pequena cidade que chama a atenção por um nome, no mínimo, curioso: São José dos Ausentes.

Mas qual seria a origem? Conta-se que data do século 18, quando aquele lugar era conhecido como a ‘Fazenda dos Ausentes’, maior latifúndio do Rio Grande do Sul, com mais de mil km² de área. Leiloadas por duas vezes, os donos nunca assumiram as terras e não havia sucessores. Os últimos arrematadores foram três paulistas, que venderam ao comerciante português Antonio Manoel Velho, que começou o desenvolvimento local.

Fazer com que o visitante se sinta em casa parece ser a principal preocupação dos moradores, que se esforçam de todas as formas para agradar. O turismo rural é um dos principais atrativos de lá e os meios de hospedagem funcionam nas fazendas, transformadas em pousadas acolhedoras, atendidas pelos próprios proprietários.

Tudo é muito simples e encantador. O visitante entra em contato com a vida e os costumes do gaúcho serrano, acompanhando as lidas campeiras, como a ordenha das vacas e o recolhimento do gado. As rodas de chimarrão, os bolinhos caseiros, os queijos e as boas histórias transformam a convivência de turistas e proprietários em grandes amizades. E como se come bem!

Na divisa com Santa Catarina, São José dos Ausentes é uma das cidades mais frias do Rio Grande do Sul. Portanto é bom estar prevenido mesmo no verão, pois as temperaturas podem ser bem rigorosas. O fenômeno da viração (diferença de pressão entre o litoral e os campos de cima da serra, que faz com que uma grande quantidade de nuvens suba em direção ao cânion) ocorre quase que diariamente, e é um grande espetáculo. Lá se destacam também o rico manancial hídrico (de onde brotam as nascentes de rios cristalinos) e a presença de belas aves, como a corucacas, (símbolo do município), o cacará, a siriema, o jacu e a gralha azul, entre outras.

  • Mônica Souza/UOL

    A caminhada para o Cachoeirão dos Rodrigues é curta e parte da fazenda com o mesmo nome, acompanhando o rio Silveira

 

Cenários para TV

Tonico e Rosane Nakes formam um simpático casal típico da região. Engajados na preservação da natureza e da cultura local, eles transformaram a fazenda que pertence à família há várias gerações em uma confortável pousada rural. Um belo dia, uma proposta da rede Globo mudou a rotina da família e a propriedade se tornou um dos cenários da novela ‘O Profeta’.

O velho galpão dos fundos da casa foi transformado no lar do personagem principal da trama, e até hoje mantém a decoração, funcionando como um pequeno “museu”, que abriga ainda vários objetos que retratam a cultura local. Embora a história da novela se passe no interior paulista dos anos 50, os gaúchos se orgulham de terem emprestado a beleza de seus cenários para a televisão. Paisagens que já eram famosas por também terem estado na minissérie ‘A Casa das Sete Mulheres’.

Na sala da casa de madeira, típica da região, um mural com fotos é a forma de guardar a recordação e mostrar aos visitantes a passagem da produção da emissora. Samuel, filho dos proprietários, conta curiosidades e fala sobre os bastidores das gravações, que acompanhou de perto, atuando até como dublê.

Outras fazendas da região também mostram suas relíquias e fotos. Na Monte Negro se hospedaram os artistas e nas pousadas Aparados da Serra, Potreirinhos e das Araucárias ficaram as equipes de produção.

Graxaim Carçado

Há mais de uma década a pesca esportiva de Truta Arco-Íris (flyfishing) atrai amantes do esporte de várias partes do mundo para a região do rio Silveira. E já criou uma divertida lenda narrada pela população local. Eles contam um fato estranho que aconteceu no dia 27 de julho de 1997, data da primeira Expedição de Pesca da Truta Arco-Íris.

Naquela fria manhã, dezenas de pescadores se reuniam no rio Silveira em busca das famosas trutas. Foi então que um pescador, na ânsia de logo colocar os trajes de pesca, esqueceu um par de botinas na beira do rio. Encerrada a pesca, ele as procurou e nada!

Meses depois, o dono da estalagem disse ter visto um Graxaim (animal típico da região) calçado com um par de botinas nas patas dianteiras. Desde então o bichinho se tornou uma espécie de guardião do rio, afugentando os pescadores furtivos e as lontras que teimam em matar as trutas.

 

 

Principais atrações

Cachoeirão dos Rodrigues É um dos mais belos cartões-postais de São José dos Ausentes. Com 28 metros de altura, o cachoeirão é formado por uma sucessão de grandes quedas. A caminhada é curta e parte da fazenda com o mesmo nome, acompanhando o rio Silveira. Fica a 33 km da cidade. Apesar de um lindo poço, o banho é para os mais corajosos, pois a água é gelada
Desnível dos Rios A visão é intrigante, só mesmo a natureza para produzir imagens tão belas. De um morro se contempla o balé dos rios Divisa e Silveira, que correm lado a lado, mas com uma diferença de 18 metros de altura. Em períodos de fortes chuvas, as águas de um dos rios transbordam e chegam ao outro leito em forma de corredeiras. A caminhada é fácil e parte da Fazenda Potreirinhos. Fica a 33 km da cidade
Monte Negro É o ponto mais alto do Rio Grande do Sul. Chega-se de carro bem próximo ao topo dos paredões, o que torna a caminhada bem fácil. É possível explorar a região andando bem na borda do cânion. Já o acesso ao pico do monte (1.403 m), demanda preparo físico e fôlego. A subida íngreme e a altitude exigem muito do aventureiro. Mas a vista recompensa, pois lá do alto é possível ver melhor as fendas dos cânions e ter a sensação de que o chão foi rachado. O melhor horário de visita é bem cedinho, antes do fenômeno da viração. Fica a 45 km do centro da cidade e o acesso é pela estrada municipal Silveira e depois por dentro de uma fazenda
Perau Branco São duas formações rochosas com mais de 30 metros de altura no leito do rio Sepultura. A cascata fica a 38 km do município, com acesso pela estrada geral Várzea
Trilha das Cachoeiras Feita ao redor do Sítio Vale das Trutas brinda os visitantes com uma cachoeira atrás da outra, algumas serviram de cenário na minissérie ‘A Casa das Sete Mulheres’. Cachoeiras do Musgo, da Saracura, da Curruíra, do Campestre, do Bandeira e do Juvenal. É um trekking para ser feito em cerca de cinco horas, melhor em dias quentes
Caminhadas e cavalgadas ecológicas Diversas trilhas a pé podem ser combinadas com guias locais, como a da Cascata do Funil, da Cachoeira do Puma e da Cachoeira do Dez. E cavalgar pelas paisagens de São José dos Ausentes é uma ótima terapia. Os animais oferecidos pelas pousadas costumam ser dóceis e acostumados com pessoas sem experiência de montaria. Os passeios passam por trilhas em meio a lindas paisagens
Museu Waldemar dos Santos Boeira Localizado na pitoresca Vila do Silveira, conta com um acervo de mais de cinco mil peças dos primeiros moradores da região, como utensílios usados nas lidas campeiras, móveis, objetos de decoração, livros, fotografias e diversos documentos. Está abrigado na sede de uma fazenda do século 18 e funciona mediante agendamento. Tel: (54) 3883-1030

Seriviço

Como chegar
Saindo de Florianópolis
Vá pela BR 101 até o acesso da cidade catarinense de Ermo (km 427). De lá siga adiante pelas localidades de Turvo e Timbé do Sul, onde termina o asfalto. Então o percurso é de cerca de 36 km em estrada de terra até São José dos Ausentes, pela bela Serra da Rocinha.

Saindo de Porto Alegre
Vá pela BR 116 até Novo Hamburgo e depois pela RS 239 até Taquara. Então siga pela RS 020 (até Cambará do Sul). De lá são cerca de 50 km de estrada de terra até chegar a São José dos Ausentes.

Saindo de Bom Jardim da Serra
Um caminho alternativo é subir a Serra do Rio do Rastro e na cidade de Bom Jardim da Serra (SC) seguir o caminho via Várzea, atravessando a divisa dos Estados em trajeto de cerca de 80 km de estrada de terra.

Onde ficar

As pousadas estão fora do centro da cidade e as diárias costumam incluir pensão completa. A infraestrutura é simples e rústica, mas muito aconchegante.

Pousada Fazenda Aparados da Serra
Tel: (54) 3504-5478 e (54) 9603-9700

Pousada Fazenda Cachoeirão dos Rodrigues
Tel: (54) 9905-9522

Pousada Fazenda das Araucárias
Tel: (54) 9977-1871

Pousada Fazenda dos Ausentes
Tel: (54) 3234-1042 e 9971-9097

Pousada Fazenda Monte Negro
Tel: (54) 9978-2299 e 9905-6456
www.fazendamontenegro.com.br

Pousada Fazenda Morro da Cruzinha
Estrada Chapadão, 1.900
Telefones: (54) 9937-8996 e (48) 9955-6789

Pousada Fazenda Potreirinhos
Tel: (54) 9977-3482

Pousada Flor de Açucena
Telefone: (54) 3504-5365
www.flordeacucena.com.br

Sítio Vale das Trutas
Tel: (54) 3504-5693, 9609-4555 e 9609-4554
www.valedastrutas.com.br

Pousada Fazenda Invernada do Pessegueiro
Tel: (54) 9905-4752, 9924-9157 e 9975-4531

Mais informações
Secretaria Municipal de Turismo
Tel: (54) 3234-1006

Rodoviária
Av. Ismênia Batista Ribeiro Velho, 368
Tel: (54) 3234-1202

www.ausentesonline.com.br
www.saojosedosausentes.rs.gov.br