Novos sons invadem os becos antigos de Chiang Mai, na Tailândia

Com paredes de blocos de concreto, chão de terra e uma placa alertando contra dançar e “boom-boom” no mezanino, o Heaven Beach, uma boate em Chiang Mai, Tailândia, nunca será acusado por excesso de design. Mas o público predominantemente jovem de estrangeiros e nativos curtindo o repertório de metal, grunge e rap da banda tailandesa Nyok não está lá por causa da decoração.

O bar sem porta - mais celeiro do que bar, na verdade - no bairro surrado dos mochileiros, dentro dos muros que estão desmoronando da Velha Chiang Mai, pode ser o último lugar em que você esperaria ouvir solos de guitarra, como os espetacularmente executados por Lek Surindon, o guitarrista autodidata do Nyok. Mas o Heaven Beach (48 Building 7, Ratchawithi Road; sem telefone) e sua popular banda da casa oferecem uma prova da cena musical ao vivo vibrante e diversa que tomou conta desta relaxada cidade do norte.

“Há dez anos tudo o que se ouvia em Chiang Mai era pop tailandês e reggae”, disse o guitarrista de blues Mai Wiangthong, 28 anos, enquanto afinava seu instrumento antes de uma apresentação no La Brasserie, outro clube de música. “Mas nos últimos anos as coisas estão mudando para melhor.”

Graças aos downloads baratos pela internet, um número crescente de moradores estrangeiros e melhores currículos das faculdades de música, os jovens da cidade estão experimentando uma variedade muito maior de estilos musicais. Quando a Escola Woranan de Música de Chiang Mai, com suas aulas de jazz, pop, blues, rock e música clássica, foi fundada há cinco anos, dez estudantes se matricularam; atualmente ela conta com mais de 150.

No início de julho, o governo da Tailândia, citando a continuidade da instabilidade, prorrogou o estado de emergência por três meses em mais de uma dúzia de províncias, incluindo Chiang Mai, dando às autoridades amplos poderes para restringir encontros políticos e deter suspeitos. Mas os negócios permanecem abertos e a vida continua.

O número crescente de casas noturnas da área oferece sons e climas diversos, exibindo bandas totalmente tailandesas e bandas farang-tailandesas (bandas com músicos de várias nacionalidades; “farang” significa “estrangeiro” em tailandês) que tocam canções originais e covers em versões criativas.

Com teto baixo e assentos próximos e ao redor do palco, La Brasserie (37 Charoenrat; 66-53-241-665), um dos primeiros espaços de música ao vivo da cidade quando abriu há quase 20 anos, prefere a acústica em vez do estilo. Took Charenporn, o proprietário, assim como uma potência de blues e rock conhecido por seus solos de guitarra espontâneos, inspirados em Hendrix, é o principal atrativo do bar, mas também há outros talentos aqui. Wiangthong alterna as apresentações de abertura com a Boy Blues Band, comandada por um professor de Woranan imerso em blues de Chicago, cujo rosnado barítono é o acompanhamento perfeito para sua guitarra cortante.

Os fãs de jazz seguirão para a North Gate Jazz Co-op (Sri Phoom Road; sem telefone), um ponto com mesas vazando para a calçada. As terças-feiras são dedicadas a jam sessions abertas - “nem sempre boas, mas sempre interessantes”, nas palavras de Peter Vandemoortele, um professor da jazz da Universidade Payap cujo trio toca na Co-op. Em um sábado, a banda Bong Lan combinou saxofone, bateria e teclado como um khene (um órgão de boca tailandês) e seung (um instrumento de quatro cordas) para produzir um jazz fusion tailandês-Ocidental.

A mais recente adição à cena é The Box (5 Nimmanhaeminda Road; sem telefone), um cubo de vidro em um área elegante de comércio e restaurantes próxima da Universidade de Chiang Mai. Ele conta com mesas ao ar livre, uma área de lounge e assentos no mezanino. Aberto há poucos meses, The Box ainda está procurando seu nicho, mas parece preferir trios de jazz, com um punhado de atrações de jazz-pop suave.