Topo

Uma Estocolmo não tão sinistra quanto nos livros de Stieg Larsson

Bairro de bairro Sodermalm, em Estocolmo, serviu como cenário para vários momentos de "Millenium" - Rob Schoenbaum/The New York Times
Bairro de bairro Sodermalm, em Estocolmo, serviu como cenário para vários momentos de 'Millenium' Imagem: Rob Schoenbaum/The New York Times

INGRID K. WILLIAMS

New York Times Syndicate

18/10/2010 21h10

Não há nada particularmente notável a respeito do prédio de cor mostarda em Bellmansgatan Nº1, no bairro Sodermalm de Estocolmo. Mas isso não impede os turistas de tirarem fotos do lugar.

Os fãs da fenomenalmente popular trilogia “Millenium”, do falecido escritor sueco Stieg Larsson, que teve início com “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, reconhecerão o endereço como lar do jornalista de ficção Mikael Blomkvist. De fato, leitores de todo o mundo estão viajando para Estocolmo para seguir os passos de Blomkvist e de sua companheira hacker de computadores, Lisbeth Salander. O Museu da Cidade de Estocolmo até mesmo oferece uma caminhada Millenium por Sodermalm, onde grande parte da ação sinistra da trilogia transcorre.

Mas qualquer um que espere esbarrar em uma cena de crime ficará desapontado. Nos anos desde que Larsson começou a escrever os romances, Sodermalm se transformou de um bairro operário, rude, em um dos distritos mais badalados de Estocolmo, com a área ao sul de Folkungagatan –apelidada de SoFo– sendo o epicentro das tendências de toda a cidade.

“A área explodiu nos últimos três anos”, disse Mats Sjoquist, co-proprietário do Kocksgatan 17 Herrekipering (Kocksgatan 17; 46-8-408-15014; www.kocksgatan17.se), uma elegante loja de moda masculina que abriu em SoFo em 2008, vendendo produtos refinados como chapéus trilby (599 coroas suecas, ou US$ 76, com o dólar cotado a 7,91 coroas) e sacolas de couro para laptop (999 coroas). Mas Sjoquist é cético em relação à aspiração do bairro: “Nós temos que ter cuidado ao traçar comparações com Londres e Nova York aqui na Suécia”, ele disse.

Mas outros pontos comerciais do bairro abraçaram o apelido SoFo, oferecendo promoções especiais como drinques gratuitos durante a “noite SoFo”, na última quinta-feira de cada mês. Em um recente evento da noite SoFo no Grandpa (Sodermannagatan 21; 46-8-643-6080; grandpa.se), que foi um pioneiro na área quando abriu em 2003, um D.J. tocava rock americano enquanto suecos vestindo jeans apertados e segurando garrafas de cerveja olhavam para os cabides. Roupas vintage estavam penduradas ao lado dos mais recentes designs de grifes famosas suecas, mas virtualmente tudo em exposição estava à venda, da luminária de chão laranja usada (1.900 coroas) até uma antiga máquina de escrever Remington (600 coroas).

É uma pena que nem tudo esteja à venda na 6/5/4 (Nytorgsgatan 27; 46-8-640-4654; sexfemfyra.se), uma loja elegantemente decorada que abriu em abril de 2009. Niklas Malmqvist, um proprietário, disse que a decisão de abrir em SoFo foi simples. “Não havia em Estocolmo outra área tão aconchegante, com tanta vida e tantas pessoas”, ele disse. O híbrido de loja de surfe, loja de moda e espresso bar oferece roupas de mergulho (5.699 coroas), vestidos de verão (795 coroas) e lattes (25 coroas).

Precisa de uma pausa? Experimente o Gildas Rum (Skanegatan 79; 46-8-714-7798), um novo café repleto de adereços ecléticos. É um local perfeito para saborear um bolo de cenoura caseiro (35 coroas) lendo uma cópia de “A Rainha do Castelo de Ar”, o terceiro e último livro da trilogia Millennium.