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Santuário grego de Olímpia reúne objetos históricos em dois museus imperdíveis

O Prytaneion, em Olímpia, serviu de residência para padres e magistrados, e era usado como local para comemorações dos vencedores dos antigos Jogos Olímpicos gregos - Tatianna Babadobulos/UOL
O Prytaneion, em Olímpia, serviu de residência para padres e magistrados, e era usado como local para comemorações dos vencedores dos antigos Jogos Olímpicos gregos Imagem: Tatianna Babadobulos/UOL

TATIANNA BABADOBULOS

Colaboração para o UOL, de Olímpia, Grécia

16/11/2010 18h00

Ao pensar em Olimpíada, o que vem à sua mente? Esse que é um dos eventos esportivos mais importantes do mundo começou muito antes de o Brasil ser descoberto. Aliás, muito antes mesmo. Os primeiros Jogos Olímpicos aconteceram em 776 a.C. em Olímpia, localizada a 360 quilômetros do aeroporto internacional de Atenas, capital da Grécia. E, como se pode imaginar, foi justamente por conta deste santuário que a competição, que acontece a cada quatro anos, recebeu o nome de Olimpíada.

São muitos os motivos para conhecer o local, não apenas por sua importância histórica e tudo o que se pode conhecer e aprender em uma visita. Só a paisagem do trajeto já vale a viagem. Apesar de haver trens que saem todos os dias da capital, alugar um carro pode ser uma boa pedida. Isso porque, no caminho, é possível fazer uma pausa no Canal de Corinto, que tem pouco mais de seis quilômetros de comprimento e liga o golfo de mesmo nome ao mar Egeu, tornando o Peloponeso uma ilha. A construção foi feita para facilitar a navegação, para que as embarcações não precisassem dar uma volta imensa de 400 quilômetros. Embora sua escavação tenha começado no século 1, quando o imperador romano Nero ordenou, o projeto só foi concluído em 1893.

Ainda que sejam realizados passeios de barco turísticos no Canal, a vista do alto, ou seja, da própria estrada, já vale a pena, principalmente por conta do azul turquesa do mar.

Aos aventureiros radicais, uma dica: no Canal de Corinto são realizados saltos de bungee jump com a equipe Zulu Bungy. Durante o outono europeu e quando é considerada baixa temporada, o local está aberto aos finais de semana, exceto quando está chovendo. O salto custa 60 euros e, com mais 10 euros, você tem o seu salto gravado em DVD. E, como dizem os instrutores, só é preciso estar pronto, pois as informações e as instruções são conseguidas na hora.

Voltando no tempo
No início, a Olimpíada era um festival religioso realizado em homenagem a Reia, mãe de Zeus, o deus dos deuses. Depois, a festa passou a ser realizada para honrar e agradar o próprio Zeus e as pessoas se reuniam durante cinco dias, a cada quatro anos, para fazer oferendas e celebrar deuses e heróis mitológicos. A reunião era também para assistir aos jogos, uma vez que, durante a comemoração, eram realizadas competições de lutas, corridas de cavalos e carruagens e pentatlo (salto em distância, corrida, arremesso de disco, lançamento de dardo e luta livre).

No entanto, cerca de 400 anos depois, em 392 a.C., Roma julgou o evento como uma festa pagã e destruiu o santuário para acabar com a brincadeira. Os Jogos Olímpicos, portanto, só foram retomados, na Era Moderna, em abril de 1896, quando foram realizados em Atenas. Na ocasião, competiram 311 atletas de 13 países.

  • Divulgação

    Visitante pratica bungee jump no Canal de Corinto, em Olímpia


Além do esporte
Com tantos tesouros da arte grega, tais como monumentos, estátuas e objetos de mármore, a cidade é um verdadeiro museu a céu aberto. Aliás, há o aberto e o fechado, cujas peças foram recolhidas na própria cidade e levados para o Museu Arqueológico de Olímpia, aberto para a Olimpíada de Atenas, em 2004. O evento recebeu 10.500 competidores vindos de 201 países, e consumiu 6 bilhões de euros. Na ocasião, as provas de arremesso de peso aconteceram em Olímpia.

No museu é possível conferir, em seis idiomas, a história dos Jogos Olímpicos, em ordem cronológica, desde a pré-história até o início da Era Cristã. Há troféus de louros, estátuas de mármore, coleções de bronze e de terracota e toda sorte de objetos que fizeram parte das olimpíadas de todos os tempos. Entre as coleções, há ornamentos do Templo de Zeus que datam do século 5 a.C. Mas uma das obras que mais chamam atenção é o busto de bronze do deus, em cuja parte inferior há uma cena gravada dele juntamente de Apolo. Com entrada gratuita, além de objetos, há uma parte multimídia.

No Sítio Arqueológico, que fica do outro lado do rio, o passeio no meio das ruínas é ao longo do ginásio, que ainda não foi descoberto em sua totalidade. Para se ter uma ideia, a academia onde os jovens atletas treinavam também era o local onde eles aprendiam filosofia. Afinal de contas, estamos falando do berço da civilização ocidental e de onde viveu Sócrates, pai da filosofia.

As escavações que começaram no século 19 em Olímpia ainda continuam. A primeira começou em 1875, liderada pelo governo alemão. Os arqueólogos escavaram a parte central do santuário, incluindo os templos de Zeus, Hera, Metroon, Bouleuterion, Philipeion, Palaestra etc., e os objetos encontrados somam 14 mil unidades.

O Templo de Zeus é a mais importante construção e é considerado por muitos como o mais perfeito exemplo da arquitetura dórica. Atualmente, apenas uma coluna foi reconstituída e restaurada para ficar totalmente pronta para a Olimpíada de Atenas.

Outro templo importante é o dedicado a Hera, deusa da família e do ciúme, irmã e esposa de Zeus. É no seu templo o local onde é acesa a tocha olímpica antes do início dos jogos atuais.

Uma vez lá, aproveite para caminhar, sem pressa, entre as diferentes áreas, que são cobertas por árvores repletas de pássaros cantanto. O bosque sagrado de Zeus, ou Altis como os antigos o chamavam, possui plátanos e oliveiras dedicados a ele.

Embora a cidade seja pequena e dê para visitá-la em um único dia, passear pelos museus de uma vez pode se tornar entediante. Portanto, se não der para ir a todos, não se afobe. Fique uma noite hospedado por ali e volte no dia seguinte. Se os dias no país estiverem apertados, relaxe e veja o que for possível, contente-se com pouco, mas com qualidade. Assim, o passeio e a aula de história que vem embutida não se tornam um estorvo, mas um programa infinitamente prazeroso.

  • Tatianna Babadobulos/UOL

    Vista parcial do Templo de Hera, em Olímpia, na Grécia, local onde era acesa a tocha olímpica

Como chegar

A partir de Atenas, é possível ir para Olímpia de:

Trem – O trem viaja pela rota Atenas-Patras-Pyrgos e deve ser tomado na Stathmos Peloponnisou (estação Peloponeso). De Atenas, tome a linha C para a cidade de Pyrgos, que fica a 17 quilômetros de Olímpia. Informações: (210) 51-31-601

Ônibus – Os terminais de ônibus ficam na Kifissou street 100 (também chamada de Stathmos Kifissou). Lá, peça um tíquete para Olímpia (em grego, Arxaia Olympia). Informações: (210) 51-34-110

Carro – Há duas rotas. A considerada mais fácil é via Patras: Patras, Pyrgos e Olímpia. A mais difícil, mas com a melhor paisagem, é via Vytina, e são 30 quilômetros a menos. A direção é Trípolis e Corinto, mas depois do túnel há a direção para Olímpia através das montanhas de Arcádia.


Atrações

Bungee Jump – Saltos radicais no Canal de Corinto com equipe Zulu Bungy. Informações: (30) 274-104-9465 / (30) 6932-70-25-35

Museu Arqueológico de Olímpia – Um dos mais importantes museus da Grécia, apresenta uma longa história dos mais celebrados santuários da Antiguidade, além do templo de Zeus, deus dos deuses. Informações: (30) 262-402-2529

Sítio Arqueológico – É o museu a céu aberto de Olímpia e o local onde, de fato, aconteciam os Jogos Olímpicos. Lá é possível conferir as ruínas do ginásio e dos templos importantes, como o de Zeus e de Hera.