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Potsdamer Strasse é o novo lar das galerias de Berlim

KIMBERLY BRADLEY

New York Times Syndicate

03/12/2011 07h00

A cena de arte em Berlim às vezes parece um grande jogo das cadeiras, com as galerias migrando de um bairro para outro, à procura de espaços não descobertos, aluguéis baixos e moradores locais receptivos a artistas. A mais recente mudança, entretanto, é um pouco diferente.

O novo centro, ao longo da Potsdamer Strasse, situada em grande parte no distrito de Tiergarten do oeste de Berlim, é na verdade um velho. Até a Segunda Guerra Mundial, aproximadamente 200 vendedores de arte e antiguidades ficavam situados no bairro que era elegante naquela época, juntamente com uma cena de vida noturna animada; depois da guerra, os vendedores não voltaram a trabalhar na rua.

  • Gordon Welters/The New York Times

    O amplo empório de moda de vanguarda aberto pelo empresário Andreas Murkudis divide a Potsdamer Strasse com um crescente número de galerias.


Nos últimos anos, o mundo da arte de Berlim sofreu uma retração. Muitas galerias pequenas fecharam e a principal feira de arte da cidade, a Art Forum Berlin, foi recentemente cancelada após 15 anos. Mas o aglomerado de galerias na Potsdamer Strasse adota uma nova abordagem; ele fica quase escondido do público: a rua é margeada por lojas de moda baratas, mercados de hortifrutis turcos e lojas vazias, enquanto a maioria das galerias fica nos andares superiores ou escondida nos pátios dos fundos.

“Um cliente me disse que foi por conta própria ver as galerias, mas não conseguiu encontrar nenhuma”, disse Miriam Bers, cuja empresa, a GoArt! Berlin, organiza visitas personalizadas e eventos para aficionados por arte e colecionadores.

Mesmo assim, a Potsdamer Strasse está se estabelecendo como o próximo grande endereço de arte. As primeiras galerias abriram em 2007 e várias outras as seguiram, algumas vindas de outras partes da cidade.

“Eu queria fazer parte de algo que se tornasse novo”, disse Martin Klosterfelde, um dono de galeria veterano de Berlim, que se mudou sua galeria epônima, Klosterfelde (Potsdamer Strasse 93; 49-30-283-53-05; klosterfelde.de), de um grande salão perto do Checkpoint Charlie em 2009. Não longe de seu espaço principal, Klosterfelde também dirige a Helga Maria Klosterfelde Edition (No. 97; 49-30-97-00-50-99; helgamariaklosterfelde.de), uma galeria aconchegante em uma antiga papelaria. O espaço, batizado com o nome de sua mãe (também dona de galeria), é especializado em obras menores.

Desde que a Art Forum foi cancelada, o grande evento de arte do outono passou a ser o Art Berlin Contemporary, que começou em 2008 e que ocorreu neste ano de 7 a 11 de setembro. Muitos dos donos de galeria da Potsdamer participam, inclusive Klosterfelde.

Mas nem todas as adições no bairro são tão intimistas: as mais recentes ficam em um complexo que antes pertencia ao jornal “Der Tagesspiegel”, que se mudou em 2009. O espaço foi transformado em vastos salões abrigando uma filial da galeria de ponta londrina Blain | Southern (No. 77-87; 49-162-23258-64; blainsouthern.com), que abriu em abril; um amplo empório de moda de vanguarda de quase mil metros quadrados, aberto em julho pelo empresário de moda de Berlim, Andreas Murkudis (No. 77-87, Haus E; 49-152-22-53-57-91; andreasmurkudis.com); e, em setembro, a galeria Nolan Judin (No. 83; 49-30-39-40-48-40; nolan-judin.de). O escritório de Bers e várias outras galerias estão em um prédio de tijolos no mesmo pátio.

“Eu cresci perto daqui e nada mudou muito nos últimos 30 anos”, disse Murkudis, exaltando a falta de pretensão do bairro.

Apesar de todas as novas adições elegantes, ainda há bastante espaço para o estilo decadente à moda antiga, incluindo o sem fins lucrativos Freies Museum Berlin (No. 91, 49-30-34-72-18-14; freies-museum.com), que promove grandes exposições coletivas e palestras ligadas a arte em um prédio de tijolos não reformado com pátio.

Será que uma onda de valorização ocorrerá em breve? “Eu não acho. Ao menos eu espero que não”, disse Murkudis. “Ainda há muitos espaços vazios. O que é bom é que as pessoas locais não ficaram bravas com nossa chegada. Elas até enviam flores nas aberturas.”