Nos Vail Resorts, o hambúrguer pega carona no bondinho
Sempre foi um desafio oferecer boa comida nos resorts de esqui, onde os restaurantes e cafés ficam a três mil metros acima do nível do mar. Parte do problema é que a maioria dos alimentos nesse tipo de ambiente chega ao topo da montanha, de modo apropriado, completamente congelada.
Quando se trata de hambúrgueres, isso geralmente significa uma carne sem gosto em um pão empapado por US$ 10.
Por décadas nos Vail Resorts, os hambúrgueres também eram congelados. Até o ano passado, quando os donos da empresa organizaram um tipo de simpósio de hambúrguer no qual foi pedido aos chefs dos seis resorts do grupo - Vail, Beaver Creek, Breckenridge e Keystone, no Colorado; Heavenly e Northstar-at-Tahoe, na Califórnia e Nevada - que apresentassem novas sugestões de receitas.
O resultado foi o hambúrguer nunca congelado Epic Mountain, que ganhou esse nome por causa do passe de desconto Epic, válido para todos os seis resorts durante a temporada. Sua jornada ao Eagle's Nest (ninho da águia), no Monte Vail, por exemplo, começa humildemente em um túnel subterrâneo e termina gloriosamente nos pratos de uma das maiores altitudes da região de esqui.
O caminho passo a passo é mais ou menos este:
1. As caixas de hambúrgueres de carne Angus certificada, empilhadas em pallets, chegam de Denver em caminhões refrigerados, que passam por um túnel longo e tortuoso sob o bondinho Eagle Bahn de Vail, onde a carne, assim como os acompanhamentos (alface, tomate, cebola, picles), é colocada em um elevador de carga que a leva até o nível do bondinho.
2. Funcionários colocam as caixas de alimentos em bondinhos especiais de carga que, uma vez carregados, são adicionados ao mesmo sistema de polias que leva os passageiros montanha acima, até Eagle’s Nest, a 679 metros de altitude. O resort transporta rotineiramente montanha acima mais 550 quilos de alimentos por dia, até as mãos dos ajudantes de cozinha, que descarregam as caixas em uma câmara frigorífica.
3. Os cozinheiros no alto da montanha preparam os acompanhamentos antecipadamente e sempre nesta ordem (algo que foi calorosamente debatido): alface, tomate, cebola, picles. No ano passado, Vail começou a colocá-los no seu sanduíche sobre os dois hambúrgueres, mas, depois de muito debate, neste inverno eles ficarão debaixo da carne.
“Pode parecer loucura, mas tivemos longas reuniões para discutir a ordem, tipo se o alface era colocado primeiro no pão e depois o tomate e a cebola, ou alface, e depois a cebola e então o tomate”, disse Mike Friery, diretor de alimentos e bebidas do resort. “Nós deliberamos a respeito de tudo, até a espessura das rodelas de cebola, se o picles deveria ser fatiado ou em rodela.”
4. Assim que o pão sob encomenda, entregue por padaria de Denver, é tostado, o cozinheiro coloca a carne na grelha e a tempera usando uma mistura especial (cebola em pó, pimenta, sal, alho em pó e tomilho).
5. Fatias de queijo cheddar branco são colocadas sobre cada hambúrguer depois de virado na grelha. Depois, as camadas de acompanhamentos são dispostas no pão, com ambos os hambúrgueres posicionados no topo.
6. O penúltimo passo é um pouco do molho especial de hambúrguer Epic Mountain, cuja receita os Vail Resorts mantêm em segredo.
“O mais importante é que queremos que o molho escorra pelos dedos das pessoas quando o morderem”, disse Friery.
7. Finalmente, o hambúrguer Epic Mountain é colocado em uma cesta para os clientes à espera, que pagam US$ 12,25.
E qual é seu sabor?
A carne é suculenta e o pão é crocante. Os picles em rodela funcionam melhor do que em fatias. O molho de fato escorre pelos dedos. Acima de tudo, ele satisfaz, o tipo de combustível fresco e quente que ajuda a combater as temperaturas gélidas em uma tarde de esqui ou outras atividades na neve.
E, caso você pense que se trata apenas de um hambúrguer, os Vail Resorts vendem aproximadamente 76 mil sanduíches Epic Mountain em seus seis resorts a cada inverno, cerca de 26 mil só no Monte Vail, ou cerca de 200 em um dia movimentado. (Tradução: George El Khouri Andolfato)
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