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Nem só de ricaços vive Kennebunk, no Maine

Jonathan Vatner

New York Times Syndicate

26/02/2012 07h05

Kennebunkport, Maine, é provavelmente mais conhecido como playground de verão dos ricos, mais notadamente do ex-presidente George H.W. Bush. O dinheiro da velha riqueza é bem visível: homens jovens confiantes caminham pela cidade em calças cáqui recém-passadas e com cortes de cabelo comportados, antigos veleiros deslizam pelo porto e idosos de postura ereta bebem coquetéis em cadeiras Adirondack.

Mas do outro lado da ponte, no vizinho Kennebunk, o tom muda. No bairro Lower Village da cidade, uma comunidade fechada de moradores locais e pessoas vindas da cidade grande trouxe nova energia, ocupando vários prédios históricos com elegantes restaurantes, lojas e novas opções de hospedagem, criando no processo um destino vibrante, diferente de seu destino da casta alta.

  • Jodi Hilton/The New York Times

    Em Kennebunk, no Maine, o bairro Lower Village fica cruzando a ponte, mas é muito diferente de Kennebunkport


“Kennebunkport costumava ser um enclave de artistas e então começou a mudar”, disse Sue Gordon, proprietária da Zen & Company (13 Western Avenue; 207-967-8899), um loja tipicamente discreta em Lower Village que vende produtos a preço acessível que estimulam a atenção e a espiritualidade (tigelas tibetanas, por exemplo, a partir de US$ 35). “Lower Village está trazendo isso de volta. É divertida e eclética, além de mais serena.”

Assim como os do centro de Kennebunkport, os estabelecimentos de Lower Village ficam situados em prédios históricos pitorescos, mas há mais espaço para respirar: a maioria fica espaçada ao longo de ruas tranquilas, com ladeiras suaves; todas ficam a uma distância fácil para caminhada do centro de Kennebunkport.

As refeições, por exemplo, podem ser mais casuais, baratas e interessantes, já que os restaurantes de Lower Village oferecem uma pausa para os muitos endereços à beira-mar de pratos de peixes e frutos do mar de Kennebunkport. O Pedro’s (181 Port Road; 207-967-5544; pedrosmaine.com), que abriu no ano passado em uma velha construção de tábuas, oferece um ar praiano e pratos mexicanos. Quando o clima permite, sente-se no grande pátio ao ar livre e desfrute os tacos autênticos (dois por US$ 8) - leves e frescos, não repletos de queijo e feijões refritos - e margaritas que são preparadas com sucos espremidos na hora (a partir de US$ 7,50).

A atmosfera tranquila da cidade também tem atraído pessoas vindas de locais badalados, como Mike Farrell, o chef e proprietário do Old Vines Wine Bar and Restaurant (173 Port Road; 207-967-2310; oldvineswinebar.com). Farrell, que antes cozinhava em restaurantes célebres de Nova York como Eleven Madison Park e Five Points, trabalha aqui em uma cozinha aberta, preparando pratos caseiros a preços moderados para casar com uma grande variedade de vinhos por taça, a partir de US$ 3,50. Em uma visita recente, almôndegas de frango aveludadas (US$ 7) eram banhadas por um molho de tomate quente travoso, e uma costelinha braseada (US$ 10), com toicinho crocante, veio sobre uma macia fatia de polenta.

Até mesmo as pousadas ganharam frescor. Apesar da estrutura do Inn at English Meadows (141 Port Road; 800-272-0698; englishmeadowsinn.com; quartos a partir de US$ 229) datar de 1860, o interior é limpo e contemporâneo, sem um traço de chita e nenhuma cama com dossel a vista.

“Ela tinha muito papel de parede florido e cortinas pesadas”, disse Eric Brodar sobre o espaço antes do final de 2010, quando ele e sua esposa, nova-iorquinos de longa data, compraram a pousada e a reformaram. “Nós sentimos que os viajantes mais jovens, em especial, não gostavam de se hospedar no sótão da vovó.”

Ainda assim, a associação com a riqueza é difícil de afastar.

“As pessoas pensam que é uma cidade rica, talvez por termos um presidente aqui”, disse Pat Foley, um proprietário da Chase Hill Bakery (Cooper’s Corner; 207-967-2283; chasehillbakery.com), uma referência local que reabriu em 2010, após permanecer fechada por mais de uma década. “Mas nós somos na maioria pessoas trabalhadoras comuns, é sério.” (Tradução: George El Khouri Andolfato)