Isolada e exótica, a Tasmânia é o lado surreal da Austrália
Visitar a Tasmânia é como entrar em uma história de um conto mágico e protagonizar algumas daquelas animações surrealistas do cineasta Tim Burton. Cachoeiras escondidas em matas fechadas, trilhas que levam a florestas úmidas com árvores retorcidas abraçadas por musgos, e animais não encontrados em nenhuma outra parte do planeta.
O destino é tão isolado e exclusivo que fica a apenas 2700 km da Antártica (aliás o que não faltam são números que justifiquem seu isolamento). Esse destino está a 240 km ao sul da Austrália, abriga centenas de picos montanhosos e 40% de seu território é formado por parques nacionais e reservas. Assim fica mais fácil entender por que o ar local é tido como um dos mais puros de todo o mundo.
Considerada o menor estado de toda a Austrália, a Tasmânia possui 300 km de norte a sul e 340 km de leste a oeste. As portas de entrada para esse território de apenas 500 mil habitantes a pouco menos de duas horas da agitada Sydney são Hobart, a capital da Tasmânia, e Launceston.
Seja qual for a rota, a viagem é marcada por diferenças climáticas extremas. A costa leste, cujos discretos índices pluviométricos não ultrapassam os 600 milímetros anuais, é marcada por praias de tons turquesa e areias brancas, às margens de terras mais planas. Do outro lado da ilha, uma região conhecida como 'oeste selvagem', as chuvas ditam o ritmo da visita com seus três mil milímetros de água por ano e são responsáveis pelos paralisantes cenários verdes e montanhosos do destino.
Tudo é tão surreal naquelas terras que bicho só falta falar. Vombates selvagens que deixam ser tocados em plena floresta da Cradle Mountain, curiosos possums que se agarram entre pilares das cabanas em busca de comida, e o tímido 'pademelon' (uma versão miniatura do famoso canguru) que, entre arbustos, observa visitantes antes de saltar pela mata fechada.
SERVIÇO
Informações turísticas www.discovertasmania.com |
Como chegar As principais porta de entrada à Tasmânia são Launceston e Hobart, cidades que recebem voos provenientes de Sydney e Melbourne operados por companhias como JetStar (www.jetstar.com), Qantas (www.qantas.com.au) e Virgin Australia (www.virginaustralia.com). Além da rota aérea, a ilha está conectada com a Austrália por navios que partem, diariamente, de Melbourne, em uma viagem de 12 horas de duração. Mais informações: www.spiritoftasmania.com.au |
Quem leva No Brasil, o circuito de até seis dias pela Tasmânia é comercializado pela Kangaroo Tours e possui saídas semanais voltadas, especialmente, para grupos de jovens com até 35 anos ou também para grupos com visitantes de todas as idades. A proposta de turismo para mochileiros e as hospedagens em áreas isoladas, como o acampamento em chalés localizados no interior do Cradle Mountain-Lake Saint Claire National Park, são os destaques desse roteiro (www.kangarootours.com.br). |
Porém o mais famoso dos animais locais é o demônio que ajudou a divulgar a ilha no resto do mundo: o agitado e invocado 'diabo da Tasmânia'. Esse pequeno marsupial de pelagem escura parecido a um pequeno urso é considerado o maior marsupial carnívoro e ganhou a atenção de cientistas quando 90% de sua população selvagem foi dizimada devido a um raro câncer facial genético que impossibilita a sua alimentação.
A região que mais atrai forasteiros é o Cradle Mountain-Lake Saint Claire National Park, uma área com quase 200 mil hectares declarada Patrimônio da Humanidade, no lado oeste da Tasmânia.
Não é de hoje que sua paisagem de picos nevados e lagos atrai visitantes estrangeiros. Em 1912, o austríaco Gustav Weindorfer, impressionado com a geografia intocada local, foi um dos primeiros a comprar terras do governo para erguer um chalé que, atualmente, funciona como um pequeno museu com réplicas do cotidiano de Weindorfer e quadros explicativos.
Na época, esse europeu descreveu as trilhas do futuro parque como 'temas de um livro que estimula pensamentos e imagens'. A caminhada por essa floresta que leva o nome do austríaco tem uma extensão de apenas 500 metros, mas é uma das trilhas mais marcantes de toda a viagem. De clima temperado frio e árvores milenares, o local é abrigo de espécies endêmicas como a 'fagus', uma árvore pequena considerada a única da Austrália a perder suas folhas no outono; e o 'king billy pine', pinheiro que pode alcançar 40 metros de altura e viver por mais de 1200 anos.
A trilha estreita cortada por troncos e galhos dispostos, cenograficamente, ao longo do caminho é o mais próximo ao que se poderia chamar de uma viagem alucinante ao interior da Austrália. E não seria estranho se por detrás daquelas árvores gigantes surgisse um daqueles personagens que costumam habitar florestas encantadas em terras desconhecidas.
Os vombates selvagens são alguns dos animais endêmicos que podem ser vistos durante caminhadas pelo Cradle Mountain-Lake Saint Claire, na Tasmânia
Outra trilha curta imperdível da região é a que circunda, em sentido horário, o Lago Dove. O circuito de seis quilômetros, conhecido como trilha Dove Lake, é realizado em até três horas de caminhada pela Balroom Forest e com vista panorâmica aos pés da montanha mais icônica do destino: a Cradle Mountain.
Localizado no sudoeste da ilha, o Franklin-Gordon Wild Rivers é outro parque nacional da programação dos visitantes. Essa área de mais de 400 mil hectares é conhecida pelas sessões de rafting no rio Franklin, considerado um dos últimos rios selvagens de toda a Austrália, ou pelas caminhadas com baixo grau de exigência até a Nelson Falls que, em período de cheia, costuma deixar visitantes sem fôlego.
Diante de todo esse cenário selvagem e convidativo, não seria de se estranhar que aquelas terras tenham servido de inspiração para alguma história de Tim Burton. Se não foi na Tasmânia, certamente, foi em algum lugar imaginado bem perto dali.
* O jornalista Eduardo Vessoni viajou à Tasmânia com o apoio da Kangaroo Tours (www.kangarootours.com.br) e da Travel Ace (www.travelace.com.br)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.