Empresário importa conceito de "hotel gay" e cria hospedagem aliada a sauna em SP
Um tipo diferente de hospedagem será inaugurado em São Paulo no fim de abril. Batizado como “hotel de solteiros”, o empreendimento só atenderá homens, terá um andar com características de sauna gay e diárias a partir de doze horas.
Douglas Drumond, proprietário do espaço no Largo do Arouche, região central de São Paulo, explica: “Não é um motel, que tem características específicas, como entrar com o carro. Tem uma conotação asiática, você aluga um lugar para dormir. É uma hotelaria mais barata para pessoas que querem ficar um período curto.”
Nos 113 quartos do chamado Chilli Pepper há somente uma cama e um televisor. São compartimentos de 1,6 x 2 metros, sem pia ou ducha. Os banheiros ficam numa área à parte, compartilhada com clientes que podem ir ao hotel apenas para usar a piscina e a sauna gay, equipada com cubículos escuros e que custará R$ 55. A hospedagem nos quartos, que dá direito a usar todo o complexo, deve sair por R$ 120.
Drumond foi proprietário da sauna 269, que recebia 16 mil homens por mês e fechou as portas em 2011, e de lá traz a experiência -- além de ser dono de motéis e de um hotel tradicional em Belo Horizonte. “Tenho uma pesquisa de demanda de pessoas que querem estar num convívio gay, hospedando-se por uma ou duas noites”, justifica.
Iniciativas parecidas ocorrem em outras metrópoles do mundo. Neste ano foi inaugurado em Nova York, com bastante repercussão, o Out NYC. O hotel voltado ao público gay tem suítes de luxo a partir de 250 dólares, mas também oferece quartos que acomodam até quatro solteiros de uma vez, com camas separadas por cortinas e diárias no valor de 99 dólares. No prédio do hotel foi construída uma casa noturna onde antes era um estacionamento -- a intenção é mesmo atrair pessoas para o convívio com os hóspedes.
A construção do Out NYC foi inspirada em outra rede de hotéis gays, a Axel, que opera em Barcelona, Buenos Aires e Berlim. Albert Olivé, diretor da cadeia criada em 2003, tem planos de construir no Brasil, mas apenas a longo prazo, devido às condições “complicadas” da Copa e das Olimpíadas.
Tenho uma pesquisa de demanda de pessoas que querem estar num convívio gay, hospedando-se por uma ou duas noites
Douglas Drumond, empresárioOs planos imediatos da rede estão concentrados em Madri, Amsterdã, Londres e Paris. Em média, a taxa de ocupação nas três cidades da rede Axel é superior a 90%, e o faturamento de 9,3 milhões de euros em 2011 foi 31,7% superior ao de 2010, informou a revista especializada "Hosteltur". Em suas unidades, a rede Axel realiza festas e congressos para o público LGBT, mas se declara “hetero friendly”, contando um hóspede heterossexual para cada dois homossexuais.
No Brasil, ainda não é possível saber se este conceito pode funcionar. No Ceará, o resort Absolut, inaugurado em 2002 como um hotel gay, fechou as portas. Já em Florianópolis, o resort Eco Village chega a abrigar a casa noturna gay The Week durante o Carnaval, mas não prossegue com a programação no resto do ano. Em São Paulo, o 155 Hotel, que chegou a patrocinar carros e veicular a marca na Parada Gay da cidade, desistiu da associação. A central de reservas informa que “não há mais essa orientação de ser um hotel gay, mas todos são bem recebidos, até porque a maioria das reservas são feitas por internet e não perguntam ao hóspede sua orientação sexual”.
Para o hoteleiro do Chilli Pepper, no entanto, a moda vai pegar. Ele estima que começará atendendo 19 mil hóspedes ao mês de início, e chegará a 40 mil hóspedes mensais em dezembro. Seu investimento no imóvel foi de R$ 5 milhões e as reformas consumirão R$ 3,5 mi até a abertura das portas.
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