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Hotéis de Madri e Viena surpreendem com arte e sensações exóticas

Cris Gutkoski

Do UOL, em Madri e Viena

10/04/2012 07h10

Hotéis confortáveis oferecem vários tipos de estímulos: aos olhos, ao tato, ao paladar. A própria agitação da viagem, a lazer ou a trabalho, aguça os sentidos. Hotéis como o Mercure Santo Domingo, em Madri, e o Sofitel Stephansdom, em Viena, estão se esmerando em surpreender os hóspedes não apenas com a qualidade do relax mas com o seu avesso, com a excitação de experimentar uma arquitetura diferenciada, com obras de arte a cada instante e ainda sensações exóticas provenientes de cores, texturas, luzes e movimentos nos quartos.

A poucos passos da Gran Vía, na região central de Madri, o Mercure Santo Domingo foi ampliado recentemente e agora conta com um “cardápio” de 205 quartos, todos à la carte. O hóspede escolhe a decoração. E ela pode ser clean, moderna e funcional, pode sugerir uma volta no tempo, com móveis, pinturas e objetos de época, ou ainda a experiência dos quartos temáticos. Entre os temas estão o cinema, no quarto Avatar, a natureza, no Aquário, e referências da cultura espanhola como o pintor Salvador Dalí e o escritor Miguel de Cervantes.

No quarto Quixote, uma pintura que ocupa duas paredes faz o personagem trocar Rocinante por um cavalo marinho. No Aquário, em ampla suíte corner (de esquina), os elementos se multiplicam: pintados sobre fundo azul, peixes, golfinhos, tartaruga, leão-marinho e uma baleia encaram os hóspedes e parecem convidá-los a um mergulho nas profundezas. Um efeito especial acionado na tomada produz ondas luminosas nas paredes. Dependendo da quantidade de Verdejo (o aromático vinho branco espanhol) ingerida na última refeição, a sensação pode ser de flutuar dentro do quarto, com vista para a rua.

No sexto andar, a janela do quarto que homenageia Salvador Dalí com cores suaves em distorções radicais nas paredes desvenda outra imagem igualmente surreal: um jardim suspenso de 22 m de altura. O maior jardim vertical do mundo, com 844,05 metros quadrados, segundo o certificado emitido pelo Guiness World Records em 23 de novembro de 2011. O agrônomo espanhol responsável pelo projeto, Manuel Pasquim, utilizou andaimes com balcões suspensos que agregam diferentes volumes ao paredão verde no pátio do hotel. São cerca de 500 variedades de plantas e árvores irrigadas em caixotes de terra, entre elas dezenas de espécies de flores como margaridas, petúnias, cravos, hortênsias, tulipas, narcisos, lírios, begônias, dálias e violetas. A paisagem varia de acordo com as estações climáticas.

“Aqui se vai de surpresa em surpresa”, afirma o diretor comercial Augusto Alonso. Quem não enxerga o jardim vertical a partir do quarto pode vê-lo inteiro desde a cobertura do hotel, com piscina aberta nos meses de verão, ou percorrendo as escadas protegidas por vidros transparentes. Nas escadas, mais uma lembrança de Dalí, arte para tocar com os dedos, nas finas formas derretidas, douradas e prateadas, dos corrimões.

As surpresas se revelam também em detalhes como folhas de outono e pedrinhas no piso do banheiro de um dos quartos, acompanhadas de um trompe l'oeil na fotografia do canto da pia, um tipo de porta mágica que amplia o cubículo para um passeio pela floresta. As chances de se espantar acompanham o hóspede até o subsolo do hotel, no estacionamento e nas caves do século 16, transformadas em bar. No ano passado, o diretor geral Antonio Nuñez Tirado idealizou um concurso para artistas plásticos que preencheu com grafites os quatro andares do parking. O tema vencedor foi “Gorilas Urbanos”, em que os grandes primatas percorrem pontos de Madri (como uma estação de metrô no meio da selva) que podem pertencer ao começo ou ao fim dos tempos. Também aqui o visitante escolhe a interpretação.

Num prédio que séculos atrás pertenceu aos temidos tribunais da Inquisição espanhola, as salas subterrâneas de tijolos à vista serviram para abrigar mantimentos frescos, documentos  burocráticos ou até sessões de tortura. Em 2011, foi inaugurado ali o bar Cavas de Sandó, um lugar aconchegante, com música, que recebe turistas e moradores de Madri. O cardápio destaca genebras de várias partes do mundo e drinques como o Oscar Wilde, com maçã verde, menta, cardamono e genebra, e o Mojito de Flores, este levando rum, lima, menta, água de rosas e pétalas de rosas. Detalhe: eventualmente, o drinque de aroma impressionante será decorado com flores colhidas no maior jardim suspenso do mundo, no mesmo hotel.

Ao lado de uma estação de metrô, o Mercure Santo Domingo fica a apenas dez ou quinze minutos de caminhada da Puerta Del Sol, ponto de encontro e marco zero da cidade, e do bairro La Latina, ao sul, referência em bares de tapas e animada vida noturna, dois dos grandes atrativos da capital madrilenha, sede de acervos grandiosos como o Museu do Prado, o Centro de Arte Rainha Sofia e o Museu Thyssen – Bornemisza. Segundo o órgão Madrid Visitors & Convention Bureau , no ano passado a capital espanhola recebeu 160.819 turistas brasileiros, um número superior ao de visitantes argentinos e mexicanos em 2011 e 10% superior ao de brasileiros em 2010.

Todas as cores de Viena

Em Madri, o arquiteto francês Jean Nouvel foi responsável pela ampliação do Centro de Arte Rainha Sofia com três novos edifícios em aço e vidro, em preto e vermelho, que abrigam salas de exposições, bibliotecas, auditório e restaurantes. Em Viena, a obra-prima do vencedor do Pritzer em 2008 (equivalente ao prêmio Nobel da arquitetura) é um hotel de luxo, o Sofitel Stephansdom, com 182 quartos e suítes.

O primeiro grande impacto se dá nos quartos: são monocromáticos, com móveis, objetos, roupas de cama e de banho da mesma cor. No quarto branco, por exemplo, a sensação é de relaxamento imediato, em especial quando o hóspede chega exausto da viagem ou de caminhadas pelos jardins e ruas históricas da capital austríaca e se depara com travesseiros, edredons e sofás macios, tudo branco. São as cores que o hóspede traz, nas roupas, nas bagagens, que vão tornar a habitação individual e caótica. As próprias sacolas de compras subvertem, de um jeito divertido, a pureza imaculada das superfícies brancas.

As outras duas cores para os quartos são cinza e preto. As suítes negras, apenas sete, são amplas, mais caras e exclusivas. Os quartos nas categorias classic, superior e luxo, e as suítes, estas com sala de estar separada, têm entre 37 m² e 75 m². Pacotes especiais de três noites permitem experimentar uma cor diferente de quarto a cada dia. Nos corredores, no lobby, no spa e em outras áreas de convivência do hotel, o cinza, o negro e o vidro transparente se repetem, em formas geométricas, no diálogo do arquiteto com as pastilhas que cobrem o teto da Catedral de São Estevão, cartão-postal de Viena. A igreja de estilo gótico e altar barroco é homenageada no nome do hotel.

Mas o contraste com as cores sóbrias da fachada e dos interiores explode em três camadas horizontais, nos grandes painéis coloridos da artista suíça Pipilotti Rist. Com as luzes da noite, visto da rua ou de um mirante privilegiado como o bar e restaurante Le Loft, na cobertura, o Sofitel Stephansdom lembra uma gigantesca obra de arte interativa. Onde é possível entrar, sair, beber, comer, relaxar, dormir, nadar na piscina, conhecer gente, ver a cidade antiga a partir de confortos ultramodernos. Onde é possível, inclusive, compartilhar as sensações e a hospedagem com animais de estimação.

“Um hotel é sempre uma pequena aventura, então você aproveita e cria emoções”, disse Nouvel na época da inauguração. “A meta é tentar enriquecer a cidade, e numa cidade histórica como Viena, é preciso ser ambicioso para acrescentar alguma coisa”. Entre as obras destacadas do premiado arquiteto estão o Instituto do Mundo Árabe e a Fundação Cartier, em Paris, e a torre Agbar, em Barcelona.

Os não-hóspedes também são bem-vindos em hotéis como o Mercure Santo Domingo e o Sofitel Stephansdom. Bares, restaurantes, auditórios e spa são abertos ao público externo. Mediante reserva, quando o hotel não está lotado, o cinco estrelas de Viena oferece brunch a 29 euros (cerca de R$ 67). Inclui bebidas como champanhe, café, chá, chocolate quente e sucos, salmão, queijos, presuntos e embutidos, menu de pães, iogurte e granola, e ainda a vistosa coleção de doces vienenses. É servido na cobertura, no restaurante Le Loft, com vista panorâmica da cidade e a bênção do teto pintado por Pipilotti Rist, que faz lembrar uma catedral do século 21. Não é só uma memorável refeição matutina, é um presente para se dar a qualquer momento.

SERVIÇOS

Hotel Mercure Madrid Santo Domingo
San Bernardo 1, Madri
Tel: (34) 91 547 9800
www.hotelsantodomingo.es
Diárias a partir de 75 euros (R$ 172)

Portal de Turismo de Madri
www.esmadrid.com

Hotel Sofitel Vienna Stephansdom
Praterstrasse 1, Viena
Tel: (43) 1 906160
www.sofitel.com
Diárias a partir de 230 euros (R$ 526)

Portal de Turismo de Viena
www.wien.info

 

* A jornalista Cris Gutkoski viajou a convite do Hotel Mercure Madrid Santo Domingo e do Turismo de Viena