Topo

Bariloche e região se preparam para se recuperarem dos prejuízos neste inverno

Débora Costa e Silva

Do UOL, em San Carlos de Bariloche *

22/05/2012 07h00

“Imagine uma chuva que, ao invés de gotas de água, fizesse cair do céu pedras quentes. Foi o que aconteceu aqui quando o vulcão Puyehue entrou em erupção”. É assim que o guia turístico Anthony Hawes descreve o dia 4 de junho de 2011 em Villa la Angostura, a 80 km de Bariloche, na Argentina, quando uma camada de cinzas cobriu a cidade.

Quase um ano depois, é perceptível que o incidente ficou no passado. Pelas ruas de Villa la Angostura e de Bariloche não se vê quase nenhum vestígio da chuva de cinzas. Com um olhar mais atento, é possível notar um pouco de areia acinzentada no acostamento das ruas da área rural de Angostura, mas que se confunde em meio à estrada de terra – nada que atrapalhe o passeio ou abale o visual da aconchegante vila turística.

Apesar de não ter causado mortes ou maiores danos estruturais, o fenômeno abalou bastante Bariloche e toda a região, principalmente no quesito financeiro (em 2011, o prejuízo foi de mais de 1,4 milhão de pesos, o que equivale a R$ 640 mil de acordo com o câmbio de 22/05/2012), já que vivem majoritariamente do turismo e não puderam receber visitantes em sua alta temporada por conta do fechamento do Aeroporto de Bariloche.

No entanto, o tamanho do prejuízo é proporcional ao da vontade de se reerguer. Para este inverno, são esperados cerca de 250 mil turistas em Bariloche (40 mil só do Brasil). As ações e os investimentos estão sendo feitos em conjunto pelo Ministério do Turismo da Argentina, Ministério do Turismo da Província de Rio Negro, a Aerolíneas Argentinas e a Emprotur (Ente Mixto de Promocion Turística).

Segundo o prefeito de São Carlos de Bariloche, Omar Goye, 100% da zona turística está limpa e recuperada. Esse feito não se deve somente ao governo, mas toda a população local, que se organizou em mutirões para limpar a cidade (em Villa la Angostura ocorreu o mesmo).

Entre as ações planejadas para impulsionar a recuperação do setor turístico, o ministro do Turismo de Rio Negro, Angel Bosch, anunciou o investimento de três milhões de pesos (cerca de R$ 1,3 milhão) em campanhas de marketing voltadas para a capacitação de agentes de viagens e promoções para o público final.

  • Débora Costa e Silva/UOL

    Visual de Cerro Bayo, em Villa la Angostura, em pleno outono (final de abril)

A companhia aérea Aerolíneas Argentinas também reserva novidades para esta temporada. Em julho e agosto, terão voos diretos do Brasil para Bariloche as quintas, sextas, sábados e domingos. Nas estações de esqui, tanto Cerro Catedral (Bariloche) quanto Cerro Bayo (Angostura) passam por reformas e reestruturações – esta última vai inaugurar um novo teleférico neste inverno.

Outro fator que tem colaborado para que esta temporada seja bem sucedida é o “efeito boca a boca”, que ganha força graças à internet. “As redes sociais têm sido grandes aliadas para propagar as boas notícias da cidade”, garante Leopoldo Tiberi, assessor de Comunicação do Emprotur. No Facebook, por exemplo, a página “Bariloche. Quiero estar ahí” conta com 60 mil fãs.

As estações de esqui também reservam novidades para esta temporada. Cerro Bayo, em Villa la Angostura, passa por reformas para ampliar a área esquiável, além da instalação da primeira gôndola, com capacidade para seis pessoas. Na estação Cerro Catedral, em Bariloche, os turistas também vão encontrar novos meios de elevação, serviços e áreas ampliadas.

Quanto à possibilidade de haver desastres nesta temporada, infelizmente não há garantias. O jeito é ficar de olho na previsão do tempo e na atividade do vulcão Puyehue (no site da NASA há notícias e imagens de satélite sobre o vulcão frequentemente ). Se existe algo que pode aliviar o temor de enfrentar problemas nas férias é que, segundo o ministro de Turismo de Rio Negro, todos estão mais preparados para lidar com uma situação de emergência. “Aprendemos muito com o que houve no ano passado. Não tínhamos um plano B, mas agora estamos organizados para, caso seja necessário, remanejar e transferir os voos para o aeroporto mais próximo”.

 

* A jornalista viajou a convite do Inprotur (Instituto Nacional de Promoção Turística), do Emprotur (Ente Misto de Promoção Turística de Bariloche) e da Aerolineas Argentinas